Por uma dessas maravilhosas coincidências da vida, reencontrei no supermercado aqui em João Pessoa um maitre que conheci ainda garçom no Rio de Janeiro. Sempre alegre e falante, imediatamente reencetamos (eu estava doido para usar essa palavra) as lembranças de uma época maravilhosa. Principalmente dos restaurantes Antiquarius e Satyricon, onde ele trabalhou. A operação lava-jato pegou o Antiquarius no contra pé e ele fechou em 2018. A “tchurma” mudou-se então de mala e cuia para o Satyricon, onde meu amigo era maitre.

“- Dr. Marcos, de repente chegaram políticos, bicheiros, empresários, jogadores de futebol e muito mais gente. Lembro que Dr. Paulo Neimeyer Filho e o Boni, da Globo, preferiam mesas ao fundo do salão, mais discretas. Dona Fernanda Montenegro sempre chegava para o almoço de domingo depois das quatro da tarde, quando o movimento estava diminuindo. O Eike Batista passou a frequentar mais o restaurante à medida que suas broncas na justiça diminuíam. Gostava de dar lições de empreendedorismo aos garçons. Um desses “alunos” me disse que se você juntar toda a riqueza do mundo e dividir entre todo mundo, o bilionário vai ficar com um milhão e o pobre também, porém o pobre sempre vai ser pobre, porque o bilionário vai investir a grana, enquanto o pobre vai torrar até o ultimo tostão. Patrão, já vi por lá a Madonna e o Sting, que gostaram do pargo no sal grosso. Giselle Bündchem adorava o carpaccio, mas o rei da simpatia sempre foi Tony Ramos. Esqueci de lhe contar dos políticos. Quem ia muito lá era o ex-Governador Sergio Cabral, que passava tardes inteiras conversando com amigos numa mesa bem discreta, tomando garrafas do vinho português Pêra-Manca. Por falar no ex-Governador, quem também frequentava o Satyricon era o empresário dos ônibus Jacob Barata, que ia com seu filho, preso por pagar propinas ao Sergio Cabral, mas solto três vezes por decisão do Ministro Gilmar. Da nova geração de políticos já estiveram por lá os Ministros Rui Costa e Camilo Santana. O mais frequente, entretanto, é o seu amigo Eduardo Paes, nosso Prefeito. Não vou contar da turma dos bicheiros porque tenho medo (risos) mas uma cena me lembrou muito das suas histórias. Um desses cafonas quis impressionar a jovem namorada e pediu um caranguejo king crab, daqueles enormes que custam 2.500 reais e vem do Alasca. Ia tudo bem, até ele pedir… (deu uma gargalhada), acredite, Doutor, um vinho na-ci-o-nal.”.

Assim são meus amigos. Fazem-me rir e continuar feliz.

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