João Pessoa, 14 de julho de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Cicatriz? É, mas já foi ferida…
Já me rasgaram a alma em silêncio,
como quem desfaz um laço sem pressa.
Doeu, viu?
Mas não fiz barulho.
Engoli o grito solto com gosto de ferro e lágrima,
porque aprendi cedo que nem sempre vale a pena espernear, que a ferida sara.
Fiquei ali, inteira por fora,
despedaçada por dentro. Na minha.
E mesmo assim, sorri. Sou forte.
É que a gente aprende a disfarçar os cortes
como quem cobre a ferida com renda.
Fica bonito, mas ainda arde, mas passa.
Já me reconstruí com pedaços que ninguém quis.
Colei os cacos com fé e poesia,
mesmo sabendo que algumas rachaduras
sempre vão ranger quando a alma for pisada de novo.
Já fui flor, já fui espinho, já fui Sol e Lua.
Não sou da maldade, mas sei me defender.
Porque quem sangra demais
acaba aprendendo a espetar de volta.
A sangria passa.
Não me venha com promessas sem sustento,
com mãos leves demais pra tocar minhas dores.
Eu sou cicatriz viva —
memória do que doeu e não matou.
Tenho orgulho de mim mesma, dos caminhos que me atravessaram,
mesmo os que me deixaram torta,
mesmo os que doeram fundo, mas a gente precisa ir ao fundo e de lá, sairmos na velocidade da luz.
Eu sou Antônia
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB
OPINIÃO - 10/07/2025