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Graduada em direito e pós graduada em direito criminal e família, membro da academia de letras e artes de Goiás, tenho uma paixão pela escrita Acredito no poder das palavras para transformar realidades e conectar pessoas

Na velocidade da luz

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publicado em 14/07/2025 ás 07h00
atualizado em 14/07/2025 ás 08h14

Cicatriz? É, mas já foi ferida…

Já me rasgaram a alma em silêncio,
como quem desfaz um laço sem pressa.
Doeu, viu?
Mas não fiz barulho.
Engoli o grito solto com gosto de ferro e lágrima,
porque aprendi cedo que nem sempre vale a pena espernear, que a ferida sara.

Fiquei ali, inteira por fora,
despedaçada por dentro. Na minha.
E mesmo assim, sorri. Sou forte.
É que a gente aprende a disfarçar os cortes
como quem cobre a ferida com renda.
Fica bonito, mas ainda arde, mas passa.

Já me reconstruí com pedaços que ninguém quis.
Colei os cacos com fé e poesia,
mesmo sabendo que algumas rachaduras
sempre vão ranger quando a alma for pisada de novo.

Já fui flor, já fui espinho, já fui Sol e Lua.
Não sou da maldade, mas sei me defender.
Porque quem sangra demais
acaba aprendendo a espetar de volta.

A sangria passa.

Não me venha com promessas sem sustento,
com mãos leves demais pra tocar minhas dores.
Eu sou cicatriz viva —
memória do que doeu e não matou.

Tenho orgulho de mim mesma, dos caminhos que me atravessaram,
mesmo os que me deixaram torta,
mesmo os que doeram fundo, mas a gente precisa  ir ao fundo e de lá, sairmos na velocidade da luz.

Eu sou Antônia

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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