João Pessoa, 18 de junho de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Depois de cinco dias de tensão em Israel, o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), relatou, na tarde desta quarta-feira (18), durante coletiva de imprensa, o “drama” que viveu no Oriente Médio. Lucena havia ido ao território israelense para discutir e acompanhar medidas de segurança implantadas que poderiam ser replicadas na capital paraibana.
Na entrevista coletiva, o prefeito explicou que houve dúvidas de como seria a volta, mas que a comitiva acabou deliberando pela escolha de sair pela Jordânia. Por muitos momentos, o gestor chorou e agradeceu à família e amigos pela ajuda.
“Nós estávamos para tomar uma decisão. Qual dos caminhos iríamos, pela Jordânia ou pelo Egito? O Egito todo mundo dizia que era mais perigoso por conta do deserto, com questões de roubo e assaltos. Um amigo em comum que era amigo do Rei da Jordânia, ofereceu a saída pela Jordânia com apoio do Rei. Então, o Frei Josué [religioso de João Pessoa] me liga no momento que estávamos para decidir. Ele disse, olhe, você está tomando a decisão mais certa, a mais segura. Pode vir que Deus e Maria já tomou vocês para essa caminhada”, relatou o prefeito, indo às lágrimas durante a entrevista.
“Eu não esperava ter na minha vida essa experiência de ter superado, de ter escapado de uma guerra. Eu, que já escapei de tantas coisas, jamais imaginaria que diria que sou um sobrevivente de uma guerra”.
O gestor afirmou ter vivido muitos momentos de “tensão, dificuldade e ansiedade” enquanto estava em Tel Aviv. Em determinados momentos, era preciso a ajuda mútua dos brasileiros para que ninguém ficasse sem cobertura durante os ataques promovidos pelo Irã.
Muitas vezes quando a gente se deitava, que tentava ir dormir, era acionado o deslocamento mais uma vez para o bunker. Foi um momento de muita ansiedade, somando à expectativa de que não está descartada ainda a ampliação desse conflito… quando a gente estava lá, a gente não dormia. Porque quando a gente ia começar a dormir, tínhamos que formar duplas. Porque se houvesse um chamamento, um poderia estar cochilando, então um acordava o outro e chamava para ir para o bunker. Então quer dizer, a insegurança, uma pressão muito grande de não passar para os familiares realmente o que estávamos vivendo. Embora a gente dissesse uma coisa, procurando passar mais tranquilidade, vinham as notícias né… Todo momento era momento de tensão”, desabafou.
Cícero detalhou que havia ido a Israel convidado pelo país, com todas as despesas pagas pelo governo israelense. Na entrevista, ele citou a “solidariedade” do empresário Roberto Santiago, proprietário dos shoppings Manaíra e Mangabeira, para garantir o retorno ao território brasileiro. Lucena
“Na volta, cada prefeito pagou as suas despesas, como hotel e alimentação. A questão do transporte, foi um gesto de solidariedade e humanitária de um empresário, que não tem nenhum vínculo com a prefeitura, mas como ser humano, me ajudou e ajudou aos demais prefeitos, que nem da Paraíba são”, citou.
Crise com o Itamaraty
No início da semana, o Ministério das Relações Exteriores havia publicado uma nota onde dizia que o prefeito Cícero Lucena e dos demais integrantes da comitiva brasileira que foi a Israel “ignorou” alerta de viajar ao Oriente Médio. Hoje, o gestor pessoense reforçou a crítica à postura do governo brasileiro.
“Me estranha como uma autoridade internacional não ter conhecimento das autoridades brasileiras. Qualquer país tem essa informação. Acho que antes de estar arrumando desculpa para suas culpas, deveria ter tido gesto de solidariedade. A embaixada do Brasil em Israel nos ajudou, na Jordânia também. Estranhamos profundamente [a posição do Itamaraty]. Pareceu mais uma nota se justificar. Se não fossem os processos das embaixadas, tínhamos ficado sem ninguém”, reagiu.
Acompanhe a coletiva na íntegra
MaisPB
HORA H, POP FM - 18/06/2025