João Pessoa, 17 de abril de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Tinha uma postura de homem sério, jamais ensimesmado. Tinha um sorriso singular e não era dado a gargalhadas, e tinha aquela distinta imagem de que poderia amar por toda vida, a imagem de um homem bom.
Não falava de seu percurso e de si próprio, mas parecia bastante amável e se esperava viver décadas com o mesmo tom de uma educação que vi em poucas pessoas.
Acabou seu tempo sem ser replicado, seus gestos não combinavam com a velocidade do tempo, era um rapaz, um encantador rapaz e morreu rapaz – era o que sinalizava.
Como pode uma pessoa que Deus nos deu, sabia ler e a tendência de quem cresceria na profissão do pai Clementino, da irmã Ana Cláudia e das duas tias, Paula e Tima. Talvez tenha feito igual o médico das flores de Vinicius de Moares – não sei, mas o jardim da casa do bairro dos estados não parecia em prantos, naquele dia em que Léo se foi.
Eu não acho a morte muito natural, não acho mesmo, e para nos reduzir a tudo, a uma carta, um abraço frio na cerimônia do adeus, e mais que isso, não poder mais amar e abraçar aquela pessoa.
A morte para a pessoa, leva seus gestos, seu perfume, suas dores e as coisas boas da vida. Léo tendo desde muito cedo tratado de fomentar sua vida, o seu papel, esse canto e encanto tão fantástico que cada um tem no seu dom de existir.
As coisas boas e tristes vão ficando para trás e algo encarna em nós uma tristeza imensa, aquele retrato na parede, que sempre provoca uma saudade, uma ilusão à toa.
Fiquei olhando para a mãe de Leó, Nely, em permanência, de um modo implacável como se já tivesse chorando rios, porque ela sabe que tudo é rio.
Por outro lado, já nem somos todos iguais nesta noite, empenhados em deixar a vida nos levar.
Entre nós existe uma força, mesmo que tantas vezes exibida de uma falta de coragem.
Léo, 8 dias sem Léo
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB
QUALIDADE DE VIDA - 24/04/2025