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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Lavando os pratos e a alma

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publicado em 18/07/2023 às 07h00
atualizado em 18/07/2023 às 04h48

Liguei para o presidente da Unimed, Gaulter Ramalho e ouvi um barulhinho de água e talheres – perguntei se ele estava lavando a louça. “Sim,  Kubi, é uma terapia”.

Estou de férias, mas trabalhando. Meu Deus, as coisas sempre voltam, desde então. E como estou lendo muito, aprendo mais.  Esquece. Lavar pratos é uma cena necessária universal

Nesse rigor jornalístico, do discurso cotidiano, havendo ou não tenacidade, aqui estou eu lavando novamente pilhas de louças. Eu nunca entendi por que uma casa com três pessoas, pai,  filho e a dona da casa, tivesse tanta louça para lavar. Se eu chegar na cozinha tem uma pilha, minutos depois, outra e outra. E lavar os talheres? Nem me fale. Lavar e enxugar.

Meu filho tem uma teoria que é tiro e queda: deixar a louça no escorredor, que ela seca por si mesma. Não funciona, a voz da razão sempre vem: “dá para você secar a louça?”

Não tem terapia nisso, doutor Gaulter,  é pegar  ou largar, digo lavar e não comentar as patroas, principalmente as “ativistas”, que elas começam a fuzilar com seus discursos de retagurda. E com razão.

Nas férias,  nem canto  mais a canção do Roberto,  “quando as crianças saírem de férias, talvez a gente possa se amar, um pouco mais”.

Determinadas panelas precisam ser areadas, recuperar o brilho perdido, para no outro dia fazer tudo de novo. Não estou aqui a lamentar, não, estou  cara a cara com a pia lavando os pratos e a alma.  Data vênia.

Lavar os pratos é uma coisa, lavar a louça é outra bem diferente, uma coisa aí se encarrega de desmembrar. Nunca termina, mas convenhamos as mulheres trabalham muito e não aguentam fazer tudo sozinhas, né? Eu sei. Sou testemunha.

O marido em casa tem que ser o super homem para restituir a glória, como canta Gilberto Gil, “por causa da mulher”. Então, viva as mulheres!

Quando o tínhamos secretária… mas é muito caro pagar os direitos que elas merecem. Depois do E-social e tal, chegamos a um acordo que era melhor uma diarista. Mas não pode vir três vezes na semana. É, eu sei.

E tem a louça da madrugada, mas ai é tema de uma tese de mestrado.

Então, para não piorar as coisas, eu lavo a louça, lavo os pratos e sigo o roteiro da autoficção: tudo é mentira, mas tudo é verdade.

Kapetadas

1 – ​ Paul que nasce torto nunca se endireita. Fofoqueiros também, que não conseguem nem bocejar. #matraca

2 – No Além, o maior sucesso nas vendas é a TV de ectoplasma.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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