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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Jornalista tem limite?

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publicado em 09/07/2023 às 09h03
atualizado em 09/07/2023 às 12h39

Lendo o romance “Das Coisas Definitivas” do escritor paulista Carlos Eduardo de Magalhães (foto), com selo da editora Record, é uma obra complexa e ao mesmo tempo, sem limites como deve ser um romance.

Fantástico o diálogo da personagem Natasha, rebatendo uma cobrança de Zé, ao se dirigir para Jéssica, impondo limites: “Ô, Jéssica, não insiste, às vezes você não tem limite”. “Não, Zé, aí eu estou com ela, jornalista não deve ter limite mesmo, se tiver está na profissão errada”.

Isso de Natasha dizer, jornalista não deve ter limite, bateu com os meus 45 anos de jornalismo. Sim, comecei a escrever em 1977, na coluna do leitor do Jornal O Norte. Não creio que vem daí minha profissão, de bem antes, quando era um garoto no sertão descrevia para meu pai cenas que eu via nas ruas. Escrever é uma arte ilimitada.

Não me espanta a lembrança dessa cena um tanto alastrada, no romance de Magalhães, mas estou nela e sei que jornalismo é levar a verdade para o leitor. Nas crônicas a licença poética ou delirante (pelo menos o meu delírio) não tem limite.

Já fiz diversas reportagens e ainda faço, trago a notícia nos meus olhos e acho que jornalista é jornalista, vive o batente, mesmo nos dias de hoje, com a morte dos impressos e graças a uma boa sacada do nosso A União, que chega bem cedinho em minha casa.

Lembro de barreiras montadas pelo exército de antigos empresários da comunicação, de que tal pessoa, tal segmento ou instituição, não poderia sair no seu jornal, como se estivéssemos num ônibus em guerra e todos os passageiros descessem, abrissem bagagens, mostrassem documentos etc.

Tudo tem limite, né? Manda quem pode, obedece quem tem cuca e batuca. Fui acolhido por profissionais inesquecíveis, de Walter Galvão a Walter Santos, de Giovanni Meireles, Lena Guimarães e o magnifico Frutuoso Chaves, por quem tenho muito respeito, que me ensinou a escrever notas curtas.

Também o saudoso Wellington Pereira, que ao me ver com textos nas mãos – com títulos “Florestas Inteiras Transformadas em Toalhas de Papel” começou a publicar minha arte no caderno Gente & Lazer do jornal O Norte, que saía aos domingos. Pulei do espaço do leitor, para ser formador de Opinião.

Jornalista tem limite, amiga Angelica Lúcio? Não sei, acho que além da preservação da fonte, devemos não esconder ou omitir nada do leitor, doa em que doer, porque é para o leitor que escrevemos. Cresci, sou um profissional da notícia, mas não sou notícia. Apesar de que hoje todo mundo é jornalista, de cozinheiro a arquiteto – nesse caso tem limite, né André Cananeia?

Todas as poucas palavras que eu então sabia e acho o idioma uma fonte fantástica, tais palavras minhas, provem das leituras, das bibliotecas, do dia a dia escambau.

A ambiência que temos com os fatos e aí o jornalismo é punk mesmo, mata na primeira esquina a fantasia originária que tanto nos conduzia quando éramos focas.

Jornalismo não é heroico, é a janela que abrimos pela jornada empreendida. Se isso tem limite, eu desconheço. O que não se pode é fazer reportagem com mordaça, nem com exageros, sequer adjetivos, mas verbo tem que ter, que dá ação ao texto. No mais, é a desordem apressada dos blogueiros.

Leiam o romance “Das Coisas Definitivas”, de Carlos Eduardo Magalhães – é um texto que mexe com a gente, desde as eternas e cruéis ditaduras. Não é de hoje que o “Tuite” estipulou 140 caracteres, mas os recados estão dados.

Kapetadas

1 – Se acaso me quiseres sou dessas mulheres que só escuto Caetano (Diva Medeiros)

2 “Se você quer saber o que Deus pensa sobre o dinheiro, basta olhar para as pessoas a quem ele o deu.” (Dorothy Parker, 1893-1967, escritora, humorista e crítica americana.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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