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alerta ministério público

Prefeito que decreta emergência e contrata shows milionários pode sofrer penalidade

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publicado em 24/05/2023 ás 19h08
atualizado em 25/05/2023 ás 06h58
Wesley Safadão e Luan Santana vão se apresentar em festas públicas em cidades com decreto de situação de emergência

A contratação de artistas com valores exorbitantes durante validade de decretos que estabeleçam situação de emergência em municípios devido à estiagem pode resultar em penalidades aos gestores. O alertada foi dado pelo procurador-geral do Ministério Público de Contas na Paraíba, Bradson Camelo.

Em entrevista ao programa Hora H, na Rede Mais Rádio, Camelo lembrou que não há irregularidades em prefeituras contratarem shows, mas a sinalização de situação de calamidade hídrica por parte das prefeituras e a contratação de vários concertos em junho são contradições.

“Não tem sentindo na ordem jurídica, você permitir um gasto suntuoso, fora do propósito normal para situação de calamidade”, disse o procurador. “A questão é: se em situação de calamidade o município faz uma contratação excepcional para um show, que fuja da atividade ordinária do município, é possível que essa contratação seja irregular. Deve ser analisado caso a caso”, pontuou.

Como revelou uma reportagem do Portal MaisPB nesta quarta-feira (24), apesar de apenas 11% dos reservatórios de água na Paraíba, monitorados pela Agência Executivo de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa-PB), estarem em nível “crítico”, 140 municípios solicitaram ao Governo do Estado o reconhecimento de situação de emergência. As solicitações foram aceitas, estando em vigor por 180 dias.

Mesmo assim, as gestões gastam valores milionários para festas, como em Pombal, no Sertão, onde Wesley Safadão foi contratado para fazer um show de 80 minutos com um valor de R$ 600 mil. Ou em Santa Luzia, onde Luan Santana cobrou R$ 500 mil.

+Estiagem: prefeituras alegam situação crítica, mas torram R$ 6 milhões com shows

A recomendação do procurador Bradson é um olhar crítico da sociedade perante às prioridades da prefeitura que declarou estado de emergência hídrica. O foco é fazer com que os gestores direcionem os recursos para conter a situação crítica ao invés de contratar shows de artistas bem pagos. O MPC também pode fiscalizar e punir gastos desnecessários nessas cidades.
“O Tribunal pode emitir alertas caso haja essa sinalização e, em caso de contratação, pode ter efeitos mais severos, reprovação das contas, impedimento que seja realizado o pagamento”, disse Bradson. “Pode chegar, inclusive, a rejeição das contas do gestor e eventualmente encaminhar isso também para o Ministério Público estadual, para analisar eventual ação de improbidade”, frisou.
Leonardo Abrantes – MaisPB