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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Terça-feira gorda

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publicado em 21/02/2023 às 09h21
atualizado em 21/02/2023 às 06h29

Fui ler Rainer Maria Rilke, como a recordar alguma coisa. Lembrei: era uma terça-feira gorda. Aliás, nunca entendi o porquê de uma terça-feira gorda se todas são obsessas ou fazem dietas. Sei lá. Mais desestimulante do que festa de carnaval no condomínio.

Sempre achei engraçada a expressão “terça-feira gorda de carnaval”, que meu pai dizia quando se referia ao dia de hoje.

Fui caminhar na praia. Um Pierrô acenou. E já veio dançando pra mim, aí eu vi que não era um rapaz, era uma Colombina. A primeira pessoa que me falou de Rainer Maria Rilke foi o escritor Ascendino Leite (1915/2010)

Lembrei que Hildeberto Barbosa criou a personagem Lousânio Verdésio  que esculhamba com ele. Achei interessante. Botou quente. Mas o Arlequim deu no pé.

Do nada, lembrei de uma terça-feira gorda, que o escritor Ascendino Leite veio em minha casa, eu morava só e de repente apareceu Jovenilda Gonzaga a quem apresentei a Ascendino como Junior G, – naquele tempo (anos 80) ela gostava de ser chamada de Junior, além das belas camisas de linho.

A conversa fluía sobre a antologia do esquecimento. A festa acabou e ficou explicito que estávamos conversando como Bons Companheiros de Martin Scorsese – eu, Ascendino e Junior G.

– Seu táxi chegou, escritor, disse Junior G.

Com toda paciência do mundo Ascendino se levantou (nem queria ir), pois se encantara com a beleza de Jovenilda.

Já na calçada, e o mundo girando na bolha, quando o autor de “A Viúva Branca”, olhou bem nos meus olhos e disse: “Junior G, né, me engana que eu gosto”

Voltamos os trabalhos, bebíamos Ballantines e a terça-feira gorda não acabava. Delírios não são bobagens, nada demais para quem entende ou não entende nada. Ou, só entende quem namora.

Voltei a ler Rainer – “As suas palavras cruzam-se, sem que saibam umas das outras. Sobre eles, um rumor como o de uma floresta. E estão próximos uns dos outros, como jamais”

Kapetadas

1 – Acabou o “toma lá, dá cá”. Agora é “dá cá, toma lá”.

2 – Por que o ditado é mudar da água pro vinho e não do vinho pra água?  Pense nisso.

3 – Som na caixa – “A namorada tem namorada”,  Carlinhos Brown

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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