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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

“Aquele disco é de Gal”

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publicado em 12/11/2022 às 07h00
atualizado em 12/11/2022 às 06h10

(Para os Caelovres) 

  Uma vez, conversando com Caetano Veloso (e eu não gostaria de começar um texto assim, sequer falar ou escrever, divulgar alguma coisa que conversei com Caetano), lembro que disse a ele: é tão bonito o disco Recanto, bem que você poderia gravar um dia, colocar sua voz naquelas canções que você fez para Gal gravar. Ele respondeu: “Não Kubi, aquele disco é de Gal”.

   Fiquei triste ao vê-lo chorando nas redes sociais, falando através da canção, “Minha voz, Minha vida” meu segredo e minha revelação, aquela coisa de trazer a vida na voz. Bussola e desorientação. Aqui jamais caberia o GPS. Escutem essa gravação até o fim: quando Gal acaba a canção, diz: “ficou bonito, né”

   Caetano era louco por Gal. Eu a achava tão bonita, quando eu era menino sonhava em vê-la de perto e ela já uma moçona.

    Gal já foi, quem a viu, adorou, quem não viu, só no amém.

Lendo Camões em “Sôbolos rios” achei que esse trecho diz um pouco do que somos. “Tanto pode o benefício da Graça, que dá saúde, que ordena que a vida mude; e o que tomei por vício me faz grau para a virtude; E faz que este natural amor, que tanto se preza, suba da sombra ao Real, da particular beleza para a Beleza geral.”.

Tudo é rio, já disse a escritora mineira, Carla Madeira. Tudo é Rio, digo eu sobre o Rio de Janeiro, a melhor cidade da América do Sul, onde Gal viveu quase que sua vida toda.

Dentro de nós há uma Gal, pelo menos em mim, que adoro dançar e achar que posso fazer chover. O nosso estado sentimental é isso, gostar demais do que é bom. Estaremos bem.

   Contentes, sofreremos, nessa fúria da perda – ao meio-dia, calor que ensaia nos matar, dada essa previsão de sentimentos por Gal. O tempo mais quente desde que anunciaram a morte dela.

Avançamos temerosos e confiantes, tão incerta estava Gal, na manhã da última quarta-feira, como a que prediz o tempo.

Gal era um júbilo, cobre e subitamente sumiu.

Tristeza insuportável, mas ela também sabia iluminar.

  PS: Acho que ainda vou escrever mais uns textos sobre Gal. Peço desculpas desde já, ao leitor.

Kapetadas

1 – Não gostar de mim não faz de você uma boa pessoa, mas já atesta um certo bom gosto

2 – Vida é um caminho sem volta.

3 – Som na caixa: “’Tô te cuidando de longe/’Tô te amando no meu canto”, Marília Mendonça

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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