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Entrevista

Jovem médico paraibano Gustavo Coutinho, traz novidades sobre Apneia do Sono e fala da Epilepsia nos tempos de hoje

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publicado em 18/05/2022 às 09h43

Kubitschek Pinheiro MaisPB

Médico formado na UFPB, o jovem paraibano Gustavo Leal Coutinho, filho do emnpresário Abelardo e Isolda Coutinho, (que há mais de 40 anos trabalham com gastronomia Blu´nelle em nosso Estado) já está de volta a João Pessoa depois longa temporada de estudos em São Paulo.

Em 2016, ele iniciou a residência médica em Neurologia em São Paulo, na Universidade Estadual Paulista/UNESP. Concluída a residência de Neurologia, fez subespecialidade em Neurofisiologia Clínica, com foco em epilepsia e eletroencefalografia, na USP campus de Ribeirão Preto. Seguiu por lá na USP/RP por mais dois anos no Fellowship de Medicina do Sono. “Após 6 anos de especialização no Estado de São Paulo, retornei para João Pessoa”, disse


Atualmente, ele integra a clínica Singular, que tem uma proposta de uma abordagem multidisciplinar para os pacientes neurológicos. A equipe conta com neurologistas de subespecialidades distintas, geriatras, psiquiatras e toda uma equipe multidisciplinar focada no cuidado do paciente neurológico.

Nessa investidura, seu enfoque é para as doenças do sono, onde além de consultas, realizo exame de polissonografia domiciliar para diagnósticos principalmente dos distúrbios respiratórios do sono, entre os quais a Apneia do Sono que é a mais comum.

Gustavo atende também na Clínica de Otorrino, na unidade do Altiplano, que conta com um novo centro de especialidades médicas. Nesse serviço o enfoque dos atendimentos é em casos de neurologia em geral, “a exemplo de dores de cabeça, epilepsia insônia, problemas de memória, doenças neurodegenerativas, entre outras”.

O MaisPB conversou com Gustavo Coutinho que conta das novidades de sua especialidade, dessa questão do que tanto preocupa as pessoas com Apneia do Sono, tão comum entre milhares de brasileiros. Também vamos entender mais sobre Epilepsia nos tempos de hoje e

MaisPB – Há seis anos você deu início a um trabalho importante em sua vida profissional, a residência médica em Neurologia na Universidade Estadual Paulista. Vamos começar pelos resultados?

Gustavo CoutinhoA residência médica é um marco na caminhada profissional de um médico. É uma fase de intenso aprendizado, focado na prática médica. No caso da Neurologia, temos ambientes de aprendizado diversos, dependendo do tipo de doença e perfil clínico do paciente. Aprendemos a manejar desde pacientes críticos que necessitam de cuidados imediatos, como os que sofrem de doenças cerebrovasculares, até pacientes com doenças crônicas de manejo ambulatorial, como os que sofrem com dores de cabeça, distúrbios de movimento, doenças do sono, entre outros problemas.

MaisPB – Qual a importância desse tema Neurologia tão discutido nos dias atuais?

Gustavo Coutinho Costumo dizer que a Neurologia está presente em tudo e a todo momento em nossas vidas. Pois ela determina desde nossas tomadas de decisões até o controle de nossos movimentos. Com o envelhecimento populacional, diversas doenças crônicas vem ganhando ainda mais importância nas discussões de saúde pública. As doenças cerebrovasculares, particularmente o Acidente Vascular Cerebral – AVC, estão entra as maiores causas de mortalidade em nossa população. Uma atenção especial ainda para as doenças neurodegenerativas, a exemplo das demências como na Doença de Alzheimer, que vem aumentando sua prevalência com o envelhecimento populacional e que tem um impacto enorme, não apenas na vida do paciente como na de toda a família. A cada dia, temos mais tratamentos e com melhores resultados para diversas doenças neurológicas, o que vem transformando o dia a dia do neurologista, do pronto-socorro ao consultório.

MaisPB – Nesse tempo você fez subespecialidade em Neurofisiologia Clínica, focada em epilepsia e eletroencefalografia, na Universidade de São Paulo/USP. Vamos falar sobre essa escolha?

Gustavo Coutinho- Com novas opções terapêuticas surgindo, um diagnóstico preciso se faz cada vez mais necessário. No caso das epilepsias, a eletroencefalografia tem um papel fundamental e foi nesse sentido que optei por esse caminho. No caso do eletroencefalograma, seu papel vai além, com grande importância em outros cenários, como o da Unidade de Terapia Intensiva. Paciente em UTIs muitas vezes têm estados de nível de consciências alteradas que necessitam de uma melhor elucidação e o eletroencefalograma entra nesse contexto, auxiliando a conduta tanto do Neurologista, quanto do Médico Intensivista. Além de nos guiar quanto ao prognóstico funcional de diversos insultos cerebrais, como no caso da parada cardiorrespiratória.

MaisPB – Você acha que ainda existe preconceito sobre a doença Epilepsia nos tempos de hoje?

Gustavo Coutinho Com certeza ainda existe e como todo preconceito, nasce da desinformação. Contudo, esse cenário vem mudando gradativamente com iniciativas de educação continuada em saúde, promovida por entidades médicas e de forma mais atual, até mesmo pelas mídias sociais, em que pacientes que sofrem com o problema compartilham suas experiências e mostram como um paciente com epilepsia bem controlado leva uma vida sem muitas mudanças do habitual, apenas seguindo certos cuidados em seu estilo de vida e mantendo uma boa adesão ao tratamento. A maioria dos pacientes que sofrem com epilepsia tem um bom controle das crises apenas com uma medicação e que dependendo do tempo de controle das crises, existem vários casos que é possível a retirada da medicação.

MaisPBCom o tempo você seguio aprimorando seus conhecimentos  desta vez  por mais dois anos no Fellowship de Medicina do Sono. Pode nos contar como isso funciona?

Gustavo Coutinho O Fellowship é um modelo de ensino muito similar ao da Residência Médica, muito focado na prática médica, porém geralmente em áreas de atuação, como a Medicina do Sono.

MaisPB – Aliás, muita gente tem problemas de sono, não dormem e outros só dormem com medicamentos. Quais as consequências?

Gustavo Coutinho – Os problemas do sono afetam não apenas o nosso dia a dia, como podem levar a consequências sérias a longo prazo, como o aumento do risco de doenças cardiovasculares. Vivemos em uma sociedade que negligência o sono, que não entende que o sono é parte vital para uma vida equilibrada e com bons resultados. O sono é um estado de intensa atividade cerebral, que vai influenciar desde a fixação de nossas memórias, até a regulação de nossas emoções.

As queixas mais comuns na Medicina do Sono são a sonolência excessiva diurna e a dificuldade para dormir. Cada uma dessas queixas tem seu desenrolar diagnóstico, contudo um fato muito importante que elas têm em comum é o grande impacto na vida de quem sofre com problemas do sono. Influenciam desde nossa vida pessoal até a profissional.

MaisPB – Agora você está de volta a João Pessoa, já atuando em sua área na Clínica Singular. Qual é sua atuação?

Gustavo Coutinho – A Clínica Singular tem uma proposta de uma abordagem multidisciplinar em Neurologia que eu acho muito interessante e faz a diferença na vida dos pacientes. A clínica conta com neurologistas de diferentes áreas de atuação, entre outras especialidades médicas e extensa equipe multiprofissional. Nesse cenário, meu foco é na Medicina do Sono, com o objetivo de atender essa demanda não só por busca espontânea, como auxiliar meus colegas na condução de casos com interface com o sono. Muitas doenças neurológicas têm manifestações ou comorbidades relacionadas ao sono e esse olhar multidisciplinar faz muita diferença.

MaisPB – Você vem  realizando exames de polissonografia domiciliar para diagnósticos principalmente dos distúrbios respiratórios do sono. Fala aí?

Gustavo CoutinhoUm estudo realizado no Brasil estimou em quase 30% a prevalência de Apneia do Sono na população adulta da cidade de São Paulo. Vamos olhar bem para esse dado, quase um terço da população adulta da maior cidade do nosso país tem problemas respiratórios do sono que tem repercussões clínicas importantes.

Existem sinais clínicos e fatores de risco que nos fazem suspeitar que o paciente pode ter Apneia Obstrutivo do Sono, a exemplo do ronco, despertares noturnos, sonolência durante o dia e obesidade. Contudo, mesmo com uma forte suspeita clínica, atualmente, para fazer o diagnóstico de Apneia do Sono e iniciar o tratamento é necessário realizar o exame de polissonografia. O exame de polissonografia domiciliar já é uma realidade devido a grande prevalência dessa doença e o pequeno número de laboratórios de sono para realização do exame assistido. Na pandemia, esse papel ganhou ainda mais força, devido a preocupação quanto a segurança na realização do exame.

MaisPB – Também está atuando também na Clínica de Otorrino do Altiplano. Qual é sua rotina nesse espaço?

Gustavo Coutinho – Na Clínica de Otorrino estamos iniciando um trabalho muito interessante no centro de especialidades médicas que vem sendo estruturado pelo grupo. Nesse centro, nossos atendimentos são focados nas demais áreas da Neurologia geral, como dores de cabeça, epilepsias, quadros neurodegenerativos, entre outros. Com essa proposta de várias especialidades médicas em um mesmo espaço, facilita a condução de casos mais complexos que necessitam de, por exemplo, um seguimento cardiológico em conjunto, como pacientes com sequela de um AVC prévio que foi resultado de alguma cardiopatia.

MaisPB – O que diria para os novos estudantes de medicina, que pretendem se tornarem novos neurologistas? 

Gustavo Coutinho – Eu diria que a Neurologia é uma especialidade fascinante, com diversas áreas de atuação. Uma especialidade que exige do médico um raciocínio diagnóstico acurado, ao mesmo tempo que obriga o neurologista a saber avaliar o contexto em que o paciente está inserido e as implicações do tratamento e cuidados instituídos acarretarão na vida do paciente e de seus familiares.

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