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"My Life"

Roberta Miranda planeja homenagem a Marília

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publicado em 09/11/2021 às 12h12
atualizado em 09/11/2021 às 09h13
Foto: Divulgação

A cantora paraibana Roberta Miranda chegou a ser hospitalizada quando soube da morte da cantora Marília Mendonça, na última sexta-feira (5). Amigas, ambas também eram fãs do trabalho uma da outra. Em entrevista ao O Globo, a artista falou dessa relação e afirmou que seu mais novo show “My Life” vai incluir uma homenagem a Marília. “Não tem como desvincular o show dela, tudo está atrelado. Mudei meu avatar no Instagram em sinal de respeito a ela. Mas ainda não sei como vai ser a homenagem”, disse.

Pioneira no sertanejo feminino, Roberta enxergou na amiga uma continuidade do trabalho na música sertaneja, ainda que com uma nova roupagem. “Eu já tinha ladrilhado para as meninas de agora passarem. Através das canções, Marília dizia: ‘Cara, eu te amo, mas tudo bem, não quer, bola pra frente. Vou para o meu bar, ficar com meus colegas, minhas amigas, vou para a balada e vam’bora’. Era um jeito incisivo de mostrar como se faz. Existe uma diferença. Posso até ter feito a sofrência, mas a minha era mais comedida”, ressalta.

Abalada com a perda, a cantora disse que teve um “choque” ao saber da notícia mas que está melhor. “Estava no carro, com meu filho, cachorro e uma amiga. Olhei o celular e entrei em choque. Foi difícil me tirar do carro. Estávamos numa via, todo mundo buzinando. Só lembro de dizer ‘estou mal’. Tive um pico de pressão”.

Bem antes da tragédia, que interrompeu a trajetória artística de Marília Mendonça, aos 26 anos, a paraibana conta que a primeira vez que se viram “foi lindo”. “Nunca tínhamos nos encontrado. Eu só a via falar de mim na internet, que eu era inspiração, ídola dela. Quando vi aquela coisinha, nos abraçamos e choramos muito. Era como se fosse uma sementinha minha, uma filha. Era esse legado que eu queria também. E ela assimilou isso de uma forma linda. Hoje, quem deixa esse legado para o empoderamento feminino é ela. Depois do show, ela me contou que tinha fumado dois maços de cigarro e bebido um litro de uísque de tão nervosa que estava com nosso encontro. Eu tinha muito amor por ela”.

Roberta contou que, ao longo dos 35 anos de carreira, enfrentou muito machismo, passou por situações terríveis de boicotes e constrangimentos, mas que não baixou a cabeça. Ela também vê similaridade com a trajetória de Marília Mendonça. “Cantei por um prato de comida até chegar a compositora de sucesso e rainha da música sertaneja consagrada pelo povo. Tudo foi difícil. Foram anos tentando pagar o aluguel com gorjetas, porque o que eu ganhava no Beco (bar que era reduto da bossa nova)… Marília também cantou por comida. Temos trajetórias parecidas. Ela contou que, um dia, precisava pagar o aluguel e cantou cinco vezes para o mesmo cara. Eu nunca mais na minha vida canto ‘Ronda’, porque um cara me fez cantar essa música das 21h às 5h da manhã para me dar uma caixinha e eu pagar o aluguel. Peguei trauma”.

Sobre a música de Marília Mendonça que mais a emociona, Roberta Miranda lembra duas canções. “’A flor e o beija-flor’ e aquela que diz ‘não finja que não estou falando com você’ (‘De quem é a culpa’). É o tipo de canção que bate diretamente em mim. Embora tenha um palavreado diferenciado, a melodia me pega, me emociona”, salienta.

Nos últimos anos, a artista passou a usar ativamente as redes sociais e se aproximou do público jovem. Roberta, contudo, é discreta sobre a vida particular e diz que tem autoestima elevada. “Sou bem resolvida. Uma pessoa que passa o que passei e chega onde chega… Gera uma autoestima exacerbada quando você diz “não” para o mundo que quer que você se foda, entende? Um sentimento de ‘vou conseguir e pronto’. Tive problemas quando passei muito do peso no início da carreira. Quando ia fazer ‘Faustão’, entrava de dieta para perder dois, três quilos em 15 dias. Mas, aí, liguei o botão do foda-se, não estou mais nem aí”.

MaisPB com O Globo

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