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CPI: senadores pressionam Pazuello sobre crise sanitária por falta de oxigênio

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publicado em 19/05/2021 às 10h10
atualizado em 19/05/2021 às 10h09
Foto: Agência Senado

Em depoimento à CPI da Covid, nesta quarta-feira (19), o ex-ministro Eduardo Pazuello, afirmou que a Pfizer foi respondida sobre a oferta de vacinas contra o novo coronavírus com “intensos e diretos pedidos de negociação”. “A resposta a Pfizer é uma negociação que começa com a proposta e termina com a assinatura (do contrato). A resposta sempre foi: ‘Sim, queremos comprar!'”. O general chefiou o Ministério da Saúde entre maio de 2020 e março de 2021, e foi citado por várias testemunhas na CPI.

A resposta vai de encontro ao depoimento de Carlos Murillo, ex-presidente da Pfizer no Brasil, que garantiu não ter recebido respostas do governo brasileiro. Houve bate-boca entre o ex-ministro, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), e o relator Renan Calheiros (MDB/AL) sobre o tom das respostas de Pazuello ao ser questionado sobre a liderança nessas negociações. “O ministro jamais deveria receber uma empresa, não pode fechar negociações com empresas, vossa excelência deveria saber disso”, disse o ex-ministro, sendo repreendido em seguida pelo presidente. O general afirmou ainda que o presidente foi informado por ele mesmo sobre o processo de negociação com a Pfizer.

Em relação à quantidade de vacinas oferecidas pela Pfizer, o ex-ministro corrigiu uma informação que havia dado ao Senado no mês de fevereiro sobre as doses. “Quando estava falando ao Senado pode ser passado a impressão que eram só seis milhões, e não eram. Pode ter havido equívoco ou estar descontextualizado. A primeira proposta era 70 milhões, com 18 milhões no primeiro semestre, sendo 1,5 milhão em dezembro”. A CPI, então, pediu os documentos que comprovam as negociações com a empresa.

O ex-ministro negou interferência externa na condução do Ministério da Saúde. “Seria um absurdo o presidente não ouvir opiniões para criar a própria posição como presidente da República, mas daí a fazer qualquer orientação contrária ao Ministério da Saúde, nunca houve”, disse. Ao ser questionado pelo relator se havia discordância entre as ações da Pasta e o presidente da República, o ex-ministro afirmou que suas “ações como ministro nunca foram contrapostas pelo presidente”. “Em nenhum momento o presidente me desautorizou ou me orientou a fazer qualquer coisa diferente do que eu estava fazendo”.

Em relação às vacinas do Butantan, a CoronaVac, o ex-ministro disse não ter recebido ordem sobre a negativa de compra de doses por parte do presidente, apesar de manifestações contrárias do gestor em suas redes sociais. “Uma postagem na internet não é uma ordem. Uma ordem formal é verbal ou por escrito”, alegou.

Recomendação da cloroquina

Sobre a recomendação do uso da cloroquina, o ex-ministro afirmou que o medicamento já era usado no país a assumir o cargo. “Quando começou a pandemia no Brasil, em março de 2020, o Ministério da Saúde emitiu nota técnica para o uso na forma grave em doses altas”, disse. Pazuello afirmou que fez uma nota técnica autorizando o uso, exceto na fase final do tratamento que seria comprovado que não era bom. “Nunca apoie o uso de medicamentos sem prescrição médica, agora, o medicamento precisa estar disponível”. O ex-ministro também negou a aplicação da tese de imunização de rebanho e de ter participado de conversas sobre a aplicação dessa possibilidade pelo Governo Federal.

Pazuello afirmou que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre autonomia de ações dos Estados e Municípios frente à pandemia impôs limitações ao Ministério da Saúde na execução de medidas e ações planejadas para combater a disseminação da Covid-19. O ex-ministro afirmou que “a estratégia de testagem foi um dos pilares do combate à pandemia” e que apoiou os estados e municípios na compra de respiradores. “Fomos pessoalmente à maioria dos estados da federação e lá nos dirigimos ao povo e destacamos as ações preventivas”.

O ex-ministro obteve no STF o direito de ficar calado para não se autoincriminar. Mas é obrigado a falar a verdade sobre terceiros, inclusive sobre o presidente Jair Bolsonaro. Pazuello ainda deve ser questionado sobre indícios de fraude em contrato para reforma da sede do Ministério da Saúde. Antes das perguntas, o ex-ministro disse que, bem antes da pandemia, o Brasil já sofria com dois outros vírus: o da corrupção e da impunidade, “que ainda estão bastante presentes e que sugam recursos da população”.

Na abertura do depoimento, Eduardo Pazuello citou “quatro ondas da Covid”, sendo que a quarta onda seriam as “automutilações e suicídios”. O Ex-ministro falou sobre programa de saúde mental criado para prevenir suicídios.

MaisPB

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