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João Azevêdo pede afastamento de Moro

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publicado em 01/07/2019 às 11h07
atualizado em 01/07/2019 às 12h27

Os governadores do Nordeste, entre eles o da Paraíba, João Azevêdo (PSB), divulgaram uma carta nesse domingo (30), em que pedem uma rígida investigação do conteúdo vazado em conversas entre os procuradores da Operação Lava Jato e o então juiz Sergio Moro – hoje ministro da Segurança Pública e Justiça -, comprometendo a imparcialidade do processo que condenou o ex-presidente Lula (PT).

“As conversas anormais configuram um flagrante desrespeito às leis, como se os fins justificassem os meio”, escreveram.

Em um trecho da missiva, os governadores pedem o afastamento de Sergio Moro e de procurador Deltan Dallagnol dos seus respectivos cargos.

“É preciso também avaliar o afastamento dos envolvidos. Defendemos, ainda, a revisão ou anulação de todo e qualquer julgamento realizado fora da legalidade”, escreveram.

Os governadores também cobram a conclusão da votação do projeto de lei sobre abuso da autoridade, aprovado na semana passada pelo Senado Federal. O texto está agora na Câmara dos Deputados.

Leia a íntegra da carta:

ABUSOS DEVEM SER INVESTIGADOS

As seguidas revelações de conversas e acordos informais entre membros do Judiciário e do Ministério Público, em Curitiba, divulgadas pelo The Intercept.com e outros veículos de comunicação, são de muita gravidade. As conversas anormais configuram um flagrante desrespeito às leis, como se os fins justificassem os meios.

Não se trata de pequenos erros; são vidas de seres humanos e suas histórias que se revelam alteradas em julgamentos fora das regras constitucionais, legais e éticas. Todos sabem que um juiz deve ser imparcial e por isso não pode se juntar com uma das partes para prejudicar a outra parte. Acreditamos que a defesa da real imparcialidade dos juízes é um tema de alto interesse inclusive para eles próprios. Assim, manifestamos nossa confiança de que a imensa maioria dos magistrados e membros do Ministério Público que, com seriedade e respeito à lei fazem o verdadeiro combate à corrupção e outros crimes, podem apoiar as necessárias investigações nesse caso.

Agora, um dos trechos das conversas divulgadas destacam o Procurador Deltan Dallagnol sugerindo busca e apreensão na residência do hoje Senador pela Bahia, Jaques Wagner. E a justificativa do coordenador da Lava Jato? “Questão simbólica”, ou seja, ao lixo o direito. É mais uma revelação de extrema gravidade.

É inadmissível uma atuação que se denuncia ilegal entre membros do Ministério Público e do Judiciário, combinando previamente passos de uma importante investigação, com o intuito de perseguir e prender pessoas. Em discurso recente, na Cúpula Pan-Americana de Juízes, o Papa Francisco já demonstrou a sua preocupação com atos abusivos e de perseguição por meio de processos judiciais sem base legítima. Reivindicamos a pronta e ágil apuração de tudo, com independência e transparência. É preciso também avaliar o afastamento dos envolvidos. Defendemos, ainda, a revisão ou anulação de todo e qualquer julgamento realizado fora da legalidade.

Outrossim, sublinhamos a relevância de o Congresso Nacional concluir a votação do Projeto de Lei sobre Abuso de Autoridade. Apoiamos firmemente o combate à corrupção, porém consideramos que também é uma forma de corrupção conduzir processos jurídicos desrespeitando deliberadamente a lei.

Governadores do Nordeste do Brasil

MaisPB

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