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NESTA QUARTA-FEIRA

Turquia acusa UE de reagir equivocadamente à tentativa de golpe

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publicado em 10/08/2016 às 13h27
A street vendor sells Turkish national flags at Eminonu district in Istanbul, Turkey, July 18, 2016. REUTERS/Alkis Konstantinidis

A Turquia disse nesta quarta-feira que a União Europeia foi alimentada por um sentimento antiturco e por uma hostilidade a seu presidente, Tayyip Erdogan, e que está cometendo erros graves em reação a um golpe de Estado fracassado que está custando a confiança dos turcos comuns.

Erdogan e muitos turcos vêm se inflamando com o que veem como uma preocupação indevida da Europa com a repressão que se seguiu à tentativa de golpe do dia 15 de julho e ao mesmo tempo uma indiferença aos acontecimentos sangrentos em si mesmos, nos quais mais de 240 pessoas foram mortas.

“Infelizmente a UE está cometendo alguns erros sérios. Eles não passaram no teste após a tentativa de golpe… seu problema é um sentimento anti-Turquia e anti-Erdogan”, afirmou o ministro das Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu, à agência estatal de notícias Anadolu.

“Trabalhamos muito duro para (obter a filiação à) UE nestes últimos 15 anos. Jamais imploramos, mas trabalhamos muito duro… agora duas de cada três pessoas estão dizendo que deveríamos interromper as conversações com a UE.”

Mais de 60 mil integrantes das Forças Armadas, do Judiciário, do funcionalismo público e da educação foram detidos, suspensos ou postos sob investigação desde o golpe fracassado, no qual soldados rebelados usaram tanques e aviões de guerra para tentar tomar o poder.

Alguns dos aliados europeus de Ancara temem que Erdogan, já visto como um líder autoritário, esteja usando a tentativa de golpe como uma desculpa para aumentar seus poderes. As autoridades turcas rejeitam tais afirmações, dizendo que os expurgos são justificados pela gravidade da ameaça representada pelo golpe fracassado.

O chanceler da Áustria, Christian Kern, disse que a Europa precisa repensar a possível filiação da Turquia à UE.

“Estou interessado em uma discussão fundamental”, ele disse nesta quarta-feira em uma entrevista à emissora ORF.

“Essa discussão fundamental é: será que podemos aceitar alguém dentro da UE que não adere aos padrões democráticos, que tem dificuldade com os direitos humanos e que ignora necessidades humanitárias e necessidades que dizem respeito ao Estado de Direito?”.

A Turquia iniciou as conversas sobre sua inclusão no bloco em 2005 mas fez poucos progressos, apesar de um rompante inicial de reformas. Muitos Estados da UE não estão ansiosos para ver um país grande e majoritariamente muçulmano como a Turquia no bloco, e temem que Ancara tenha dado marcha a ré nos últimos anos no tocante a liberdades básicas.

Reuters

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