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Luiza Brunet foi rápida ao tratar de agressões, dizem especialistas

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publicado em 09/07/2016 às 09h51
atualizado em 09/07/2016 às 07h15

A atriz e ex-modelo Luiza Brunet, 54, tornou pública dias atrás a agressão que diz ter sofrido no final de maio do ex-companheiro, o empresário Lírio Albino Parisotto, 62. Ele nega as acusações e afirma ter sido agredido por ela em 2015.

Em nota, Luiza disse ter sentido vergonha e medo de denunciar. Mas, para profissionais que atuam no enfrentamento à violência doméstica, o tempo que a atriz levou para prestar queixa formal ao Ministério Público, de um mês, foi extremamente curto.

“Não noticiar no mesmo dia é um fato absolutamente comum. É muito difícil para uma mulher vítima de violência romper o silêncio”, disse à Folha a promotora Valéria Scarance.

Para ela, autora de um livro sobre a Lei Maria da Penha, medo e vergonha são as palavras mais usadas pelas vítimas. “Medo de uma represália, de uma nova violência, de uma alteração na sua própria vida e vergonha porque nem mesmo ela consegue compreender por que está nesse contexto”, afirma.

Segundo levantamento das denúncias feitas pela central 180 em 2014, 37% das queixas são de mulheres que estavam em relacionamento acima de dez anos de duração. Isso, para a promotora, mostra que mulheres toleram agressões por muito tempo até decidirem interromper o ciclo de violência. Só 11% das denúncias ao 180 se referem a relacionamento de até um ano.

O agressor pode pegar até três anos de cadeia, pena que pode aumentar dependendo da gravidade da lesão. A vítima tem até oito anos para fazer a denúncia, que é o tempo da prescrição do crime.

Para Marisa Sanematsu, diretora de conteúdo do Instituto Patrícia Galvão, o argumento dos agressores de que foi a vítima quem começou a briga também inibe as mulheres para denunciá-los.

“Por causa desse julgamento de que ela começou e que o homem só se defendeu, a própria vítima deixa de denunciar, porque reconhece que também bateu”, afirma.

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