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Prefeitura de SP dá prazo para engenheiro explicar desabamento

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publicado em 23/04/2016 às 11h47

Prefeitura de São Paulo deu até segunda-feira (25) para o engenheiro responsável pela construção de um estande de vendas de um prédio de luxo explicar o desabamento, ocorrido na sexta-feira (22), e justificar suas ações. O estande, localizado na Vila Olímpia, Zona Sul da capital, abrigava um apartamento decorado que estava exposto para visitação para vendas.

O acidente ocorreu por volta das 9h, e deixou um morto e cinco pessoas feridas. As buscas do Corpo de Bombeiros pelas vítimas sob os escombros duraram mais de três horas.

Segundo a Secretaria de Coordenação de Subprefeituras, “o engenheiro responsável pela obra da ICR Construção Racionais, que construiu o estande de vendas do empreendimento da Cyrela no Itaim Bibi, na zona oeste da capital, tem até segunda-feira (25) para comprovar que seguiu as recomendações do alvará de autorização expedido pela Subprefeitura Pinheiros”.

A pasta informou ainda que o engenheiro que projetou o estande “terá de justificar o ocorrido, suas razões e procedimentos, além de se submeter ao confronto de informações levantadas pela polícia técnica do governo estadual e pela Defesa Civil do município”.

No local onde houve o acidente será construído um prédio de alto luxo que terá unidades de 275 m² a 592 m², com valor médio de R$ 6,9 milhões a R$ 10 milhões. A Cyrela, responsável pela obra, disse que o estande de vendas foi desativado na última quarta-feira e que as obras do prédio não começaram.

A obra do estante está interditada, informou a prefeitura. Já o empreendimento residencial da Cyrela possui alvará de execução emitido em outubro de 2015, que permite a construção da edificação, conforme a secretaria de Coordenação de Suprefeituras.

A assessoria de imprensa da Cyrela e da ICR informaram que irão entregar a documentação à prefeitura dentro dos processos legais e que irão cumprir todas as exigências, mas que as demais informações sobre o estande não serão passadas à imprensa.

Na sexta-feira, ambas as empresas lamentaram o ocorrido e informaram que estavam apoiando as autoridades nas investigações.

O local do acidente passou por perícia do Instituto de Criminalística e, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, os trabalhos dos peritos já foram encerrados e o terreno, liberado aos donos. A obra no estande, segundo a prefeitura, porém, está interditada.

O acidente
Segundo o capitão Carlos Duvernay, dos Bombeiros, e Milton Roberto Persoli, coordenador da Defesa Civil, as cinco vítimas tiveram ferimentos leves. Todos eram operários e foram levados ao Prontos-Socorros da Lapa e Vergueiro.

O operário Antonio Soares Nascimento, nascido em 1977, morreu no desabamento, segundo a Defesa Civil. O corpo dele já foi liberado pelo Instituto Médico Legal (IML) da capital e retirado pela família na tarde de sexta-feira.

Ainda de acordo com o capitão Duvernay, a obra do estande tinha paredes de gesso e estrutura metálica leve, o que indica ser uma “obra provisória”.

A Defesa Civil ainda não sabe informar as causas do acidente e diz que, a príncipio, a obra era regular. “Não temos ideia do que provocou este colapso nesta estrutura, estamos aguardando os responsáveis da empresa que estava executando a reforma. O estande estava passando por uma reforma, então estamos esperando os encarregados, os engenheiros com as autorizações e os alvarás do projeto para que a gente possa ter uma ideia de uma possível causa”, disse Persoli.

Vizinha ouviu barulho
Uma vizinha da obra se assustou com o barulho. “Eu estava na cozinha, ouvi um barulhão, parecia um caminhão cheio de tralha, até achei que tinha sido um acidente [de trânsito]. Fui olhar para ver o que era e começou barulho de viatura”, conta a jornalista Suelen Rodrigues, de 33 anos, uma moradora de um prédio vizinho ao local do desabamento.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil de São Paulo, Antônio de Sousa Ramalho, disse que esse tipo de acidente “não pode ocorrer”.

Bombeiros trabalham para resgatar vítimas nos escombros do desabamento (Foto: Reprodução TV Globo)

“A responsabilidade é da Cyrela, mesmo se contratou outra empresa para a obra. Não pode simplesmente contratar e não fiscalizar. Nós já acionamos o Ministério do Trabalho, na segunda-feira vem um auditor visitar o local e nós vamos acompanhar”, disse. “Recebi a denúncia de trabalhadores de que os funcionários da obra não tinham carteira assinada, eram informais. Vamos investigar se é isso mesmo, essa prática é comum nesse tipo de obra.”

A Cyrela informou, por meio de nota, que o estande estava desativado e que presta solidariedade às vítimas.

“A Cyrela e a ICR Construção Racionais lamentam profundamente o ocorrido na data de hoje, esclarecendo que o estande de vendas estava desativado desde a última quarta-feira. As empresas informam que estão prestando toda assistência às vítimas e suas famílias,  bem como estão auxiliando as autoridades na investigação dos fatos”, diz a nota.

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