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Aos 42, Letícia Spiller posa nua e diz: ‘Muitas vezes não me senti bonita’

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publicado em 09/04/2016 às 08h47

Em “Sobre a Nudez”, poema de fins dos anos 60, o português Jorge de Sena pergunta: “Por que há então quem tema tanto a nudez dos outros? Será que teme, menos que o feio de muitos, a beleza de alguns, ou o fascínio das esplêndidas partes de uns raros?”. A beleza de Letícia Spiller, de fato, é dessas que fazem todos, homens e mulheres, tremerem nas bases. Pode bem despertar admiração, inveja, cobiça e, quem sabe, como diz o poeta, um tanto de medo nos incautos. O corpo perfeito foi esculpido em anos de atividade física praticada com disciplina. A aparência descansada é o resultado de uma busca constante por serenidade e de uns poucos procedimentos estéticos, que ela assume sem pudor. É dessa mesma forma que a atriz encara a nudez. Além da capa desta edição, Letícia mostra o corpo em “Dorotéia”, de Nelson Rodrigues, que teve a temporada no Teatro Tom Jobim prorrogada até 1º de maio. Nas páginas do ELA e no palco, o importante é que tudo aconteça naturalmente.

— Acho que a minha decisão de posar nua tem muito a ver com a Dorotéia. Na peça, a cena de nudez faz parte de um contexto triste e doloroso, é algo que acontece naturalmente, eu me sinto à vontade. O ensaio reflete esse momento. Tenho 42 anos, iniciei há pouco tempo mais um ciclo de sete anos na minha vida. É a hora de me livrar de certas coisas — explica a atriz, que, sim, acredita que há mais coisas entre o céu e a terra… vocês sabem.

leticia spiler

EXERCÍCIOS DE DESAPEGO

É no mínimo interessante imaginar do que essa mulher estonteante e bem-sucedida quer se livrar, mesmo sabendo que todos nós lidamos com os nossos próprios demônios. De novo, Letícia recorre à Dorotéia:

— Ela é linda, mas se desapega da vida que leva e da própria beleza em busca de redenção pela morte do filho. De qualquer maneira, a ideia de beleza é engraçada, não acha? Muitas vezes eu não me senti bonita — diz Letícia, buscando a modéstia de quem envelhece aos olhos do público desde os anos 80, quando era a paquita mais famosa do “Xou da Xuxa”. — Mas eu também tento praticar esse desapego porque o tempo está passando e não é fácil se despedir da juventude, encarar a realidade, entender que existe beleza na velhice. Aproveito enquanto ela está aqui, mas sei que não é só uma questão estética. O prazer nos deixa mais bonitos. Fazer o que se gosta, tomar um banho de cachoeira, ficar energizada.

E é justamente nesse exercício do desapego que ela busca alternativas à rotina de malhação pesada com dieta rigorosa, a combinação favorita de tanta gente em busca de um corpo bonito.

— Tenho feito pilates com fisioterapeutas em um estúdio na Barra. Para mim, é mais eficaz do que a musculação. Também pratico os ritos tibetanos, que são cinco posturas da hatha ioga que se repetem. Gosto de começar o dia com eles, acho que fazem o metabolismo girar — diz ela, que desde muito jovem tem a dança como atividade física predileta. — Hoje, eu danço quando dá tempo. Tenho um professor francês que eu adoro. Não tenho feito clássico, mas vou voltar. E quero muito aprender flamenco. tenho fascínio pela dança espanhola. Gosto dessa sensualidade terra, sabe? Do ritmo, da força dramática…

Mas há uma outra atividade física que ela pratica e que não pede disciplina ou compromisso. Letícia gosta de girar.

— Quando eu fiz a peça “O falcão e o imperador”, baseada na obra do poeta persa Rumi, estudei os movimentos que os sufis fazem. Daí em diante, não parei mais de girar. É ótimo, parece que a gente sai do corpo — conta ela, sem disfarçar o entusiasmo.

Letícia Spiller girando como um daqueles derviches turcos… Tudo acontece naturalmente.

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G1

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