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Opinião: Imprensa vs boleiros: quem ganha esse jogo?

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publicado em 28/12/2015 às 16h27
atualizado em 28/12/2015 às 13h36

Para o agora ex goleiro Rogério Ceni, não existe adversário mais difícil de ser batido do que a imprensa. A declaração foi dada durante um programa de entrevistas do canal ESPN, dias antes do seu jogo de despedida do futebol. E o discurso do goleiro chega a ser convincente. “Hoje existem centenas de sites, blogs – gente que nunca pisou num treinamento do time, mas se acha capaz de julgar um atleta apenas pelo resultado de uma partida”, disparou.

De fato Rogério tem razão, e aqui faço uma comparação entre os dois mundos – imprensa e jogador de futebol – para ajudar a compreender o desabafo do ídolo são-paulino. Imaginem a publicação de uma matéria jornalistica. Ela pode ser boa ou ruim. Bem ou mal escrita. Ter dados e informações relevantes ou apenas superficiais. Assim como um goleiro de futebol, o que não pode é ter erros, caso contrário…

Bem, estão feitas as devidas comparações, deixando de fora desse jogo, claro, os maus profissionais – tanto os da bola quanto os das redações, que não têm comprometimento com a ética. Agora pensem outra situação: o que está por trás das duas funções é justamente o que Rogério questiona. O resultado final de uma partida ou de uma matéria pode não ser aquilo que esperam torcedores e leitores, mas o que não se deve julgar é o empenho que cada profissional empreendeu na busca pelo melhor.

O treinamento ou o vestiário de uma equipe é local sagrado para jogadores, e onde profissionais da imprensa deveriam se debruçar melhor para tentar compreender que tipos de circunstâncias podem levar o atleta a realizar uma boa ou má partida. Mas esse aspecto quase nunca é levado em consideração, e a imprensa, sempre com a palavra final, acaba levando a melhor nessa disputa.

E o que impressiona é a velocidade com que os tais analistas de plantão apontam novos conceitos sobre o futebol. O craque de hoje é o bola murcha de amanhã. O treinador campeão recebe status de moderno com seus esquemas táticos elevados ao quadrado. Já aquele técnico de tantas glórias num passado recente, se não ganha nos dias atuais, precisa se reciclar ou não serve mais.

Em recente entrevista a uma emissora de rádio de Campina Grande, o técnico do Treze, Marcelo Vilar, também demonstrou insatisfação em relação a forma como a imprensa esportiva costuma reportar as coisas do futebol: “Se ganho um título, não me acho tão bom quanto costumam dizer. Já quando perco, não sou burro como acham ou desaprendi tudo sobre futebol de uma hora pra outra”, desabafou.

Se o futebol mudou, a forma de enxerga-lo também mudou. Se nos gramados não desfilam mais craques como Romário, Zico e Falcão, nas redações também fazem falta o olhar aguçado de um Armando Nogueira, João Saldanha e tantos outros.

Por Max Oliveira

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