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Sob comoção e aplausos, Marília Pêra é sepultada no RJ

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publicado em 05/12/2015 às 17h43
atualizado em 05/12/2015 às 14h52

Sob aplausos dos cerca de 300 presentes, o corpo de Marília Pêra foi enterrado no fim da tarde deste sábado. A atriz morreu por volta das 6h da manhã em sua casa, na Zona Sul do Rio, vítima de câncer. Nomes como Nelson Motta, ex-marido da atriz, Maria Padilha, Maitê Proença e Arlete Salles acompanharam o enterro. A família pediu privacidade.

O corpo de Marília Pêra chegou por volta das 14h30m deste sábado ao Teatro do Leblon, dando início ao velório, realizado na sala que leva o nome da atriz. Desde as 13h, horário marcado inicialmente, colegas do teatro e da televisão, amigos e parentes passaram pelo local. Sandra Pêra, irmã da atriz, disse que Marília representava o seu amor: “Vai ser muito difícil viver sem ela”, resumiu.

O elenco da série “Pé na cova”, último trabalho de Marília na TV, também marcou presença. Já debilitada, a atriz passou um ano afastada do seriado de Miguel Falabella, mas voltou a gravar este ano, deixando prontas a quarta e a quinta temporadas. Colega de Marília em cena, Luma Costa classificou a atriz como “uma grande inspiração para jovens atores” como ela. Já Falabella, que estava em São Paulo e chegou ao Rio para o velório, se emocionou.

— Tive a oportunidade de ver as maiores atrizes do mundo e ela estava no Top 5. Tive a honra e o prazer de contracenar com ela e, mais do que isso, de aprender — disse ele, lembrando do trabalho mais recente da amiga — Eu tinha uma relação muito amorosa com ela, mas não conversávamos sobre a doença, eu preferia fazer planos para ela, estava planejando uma série. Pelo menos até o fim da temporada de “Pé na cova” podemos acompanhar o talento raro dessa grande mulher.

Quem também se emocionou muito foi Edwin Luisi, companheiro de Marília no teatro. O ator contracenou com ela em “Bodas de sangue”, de Garcia Lorca, em 1973. Muito abalado, Luisi inicialmente se recusou a falar, mas deu seu depoimento:

— A Marília sempre perseguia todas as nuances que um ator pode dar. Ela foi embora muito cedo, como Elis. Com toda aquela excelência, a Marília tinha muito ainda a nos encantar. Marília era a maior atriz brasileira.

Para Cássia Kis Magro, os brasileiros precisam agradecer à mulher que ensinou a muitos o que é ser atriz. Cláudia Jimenez, que se recupera de um problema no coração, deu declaração semelhante. “Vamos aplaudi-la”, concluiu.

O caráter eclético de Marília Pêra que, além de atriz, foi bailarina, cantora e uma referência em musicais, foi ressaltado por nomes como Stênio Garcia, para quem Marília tinha o “melhor agudo” que ele já ouviu, e Herson Capri. Par romântico da atriz em “Cobras e lagartos”, Capri disse que a amiga deixou “um exemplo”:

— Ela transitava em todos os gêneros e fazia tudo muito bem, a comédia, o drama. Ela era muito talentosa, muito criativa, mas, além disso batalhadora. Repassava sempre os textos, revisava, trabalhando com muito cuidado cada papel, era carinhosa com o que ia entregar para o público.

Já Lília Cabral lembrou de Marília como sinônimo de “aulas intensas de atuação”:

— Assisti a Marília muitas vezes, no início sobretudo, e às vezes na mesma peça. Foi um susto para o Brasil acordar com esta notícia porque certamente mexeu com muita gente. Não sei de ninguém que não conhece Marília Pêra. O mundo gira, mas tem pessoas que são únicas.

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Escritores e apresentadores também deixaram seus relatos sobre a atriz. Enquanto Nélida Piñon relacionou a morte de Marília com o atual cenário do país (“num momento de falência da pátria, uma pessoa como a Marília ergue o nosso espírito”), Regina Casé citou as qualidades da amiga.

— Era uma atriz tão incrível que qualquer um que a viu na TV ou no cinema, mesmo sem nunca a ter conhecido, aprendeu com ela. Eu tive o privilégio de ter convivido muito com ela. Estar com a Marília fez com que eu quisesse ser atriz por ela ser uma pessoa tão bacana. Estive muito próxima dela quando ela me escolheu para substituí-la na peça “Doce Deleite”, em 1982 — contou a apresentadora.

Por volta das 15h50m, os fãs puderam entrar no velório após um princípio de tumulto. As cerca de 40 pessoas que aguardavam na porta do teatro reclamaram que queriam se despedir da atriz.

O Globo

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