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'transfobia'

Aluno trans é expulso de faculdade após criticar professora

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publicado em 14/10/2015 às 13h46
atualizado em 14/10/2015 às 10h47
Samuel Silva, de 22 anos, afirma ter sido vitima de transfobia na Faculdade Cásper Líbero

O estudante transexual Samuel Silva, 22 anos, foi expulso na última sexta-feira (9), da Faculdade Cásper Líbero, por supostamente agredir o coordenador do curso de Publicidade e Propaganda. A confusão começou após o jovem publicar no facebook uma crítica ao método utilizado pela professora Marina Magri em uma prova.

Durante a aplicação do exame de redação publicitária, a professora exibiu uma questão com áudio em inglês e sem legendas. Samuel conta que se sentiu prejudicado por não dominar o idioma. “O vídeo era uma propaganda conceitual sem legendas, totalmente em inglês, onde não aparecia sequer o produto. Eu não entendi nada e critiquei o fato dela esperar que todos os seus alunos soubessem inglês fluente”, contou. O estudante também afirma que a professora teve atitudes transfóbicas, que é a discriminação relativa às pessoas transexuais e transgêneros, quando, por exemplo, teve “dificuldade” em se referir a ele no masculino.

Após as críticas, a professora enviou um e-mail para toda a classe como resposta à publicação. “Tenho a dizer que, das quatro turmas de PP, Samuel Silva foi o único aluno universitário que não teve capacidade de assimilar o áudio com sonora em inglês, narrado lentamente, em linguagem cotidiana, de um filme. Foi o único aluno a se sentir colonizado por meio dessa solicitação. Foi o único aluno a não compreender o enunciado da questão que tratava de um comercial premiado, e era fundamentada por um texto base oferecido como consulta a todos”, dizia o e-mail.

O e-mail prossegue e a professora diz que “talvez lhe falte repertório, talvez lhe falte domínio de idiomas, talvez lhe falte o que fazer, mas o fato é que ele transformou suas peculiares características intelectuais em vitimização moral; e a prova, numa desproposital cobrança acadêmica, o que ela de fato não foi”.

Samuel relata que passou a receber mensagens de ódio e xingamentos de alguns colegas de classe após o e-mail da professora. “Falaram que se queria tanto ser homem, eu deveria ter atitude de homem”, contou.

Após o ocorrido, o estudante relata que no último dia 6 de outubro, o coordenador do curso, Walter Freoa, foi até a classe e chamou o representante da turma e mais dois alunos. “Fiquei desconfiado de que o assunto pudesse ser eu”, conta Samuel, que decidiu seguir o grupo. “Chegando na sala do Freoa [coordenador do curso], fiquei ouvindo e de fato estavam falando sobre mim. Entrei e disse que, se sou o assunto, também gostaria de participar da reunião”.

De acordo com o aluno, o coordenador não gostou da atitude e começou a tratar Samuel no feminino. “Falei que ele estava me desrespeitando, mas ele continuava me tratando no feminino”, relata.

Após a discussão, o coordenador afirmou ter sido agredido pelo estudante. “Ele saiu por um dos corredores com os três alunos. Eu saí pelo outro corredor. Só que no lugar onde os corredores se encontram, o Freoa, ao invés de seguir na direção dos elevadores, virou como se fosse dar a volta e retornar para a sala dele. Eu vinha correndo, dei um encontrão, e ele caiu”, conta Samuel. Depois do incidente, uma sindicância foi instaurada para investigar o caso.

Na última sexta-feira (9), o diretor da faculdade, Carlos Roberto da Costa, postou um comunicado em sua conta no Facebook dizendo que a instituição recebeu o aluno “de braços abertos desde o início de sua transferência, referendando seu pedido de uso do nome social”. O diretor também afirma que, nos últimos dias, o “aluno insulta a faculdade com ameaças e discurso de vingança… Por isso, a instituição comunica a transferência compulsória do aluno para uma instituição que o atenda”, explica.

Terra

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