João Pessoa, 02 de setembro de 2015 | --ºC / --ºC Dólar - Euro

ÚltimaHora
em baixa

Produção industrial recua 1,5% no mês de julho, aponta levantamento do IBGE

Comentários: 0
publicado em 02/09/2015 às 10h30
atualizado em 02/09/2015 às 07h32

A produção industrial encolheu 1,5% em julho frente a junho, informou o IBGE nesta quarta-feira. O resultado fica muito acima do previsto por analistas, cujas projeções variavam entre 0,1% e 0,2%. Foi a maior retração para meses de julho desde 2013, quando o setor caiu 3,6%. Considerando qualquer mês, foi o pior desempenho desde dezembro de 2014 (-1,8%).

Em relação ao mesmo mês de 2014, o setor caiu 8,9%, a décima sétima taxa negativa seguida na comparação com julho do ano passado, o que representa desempenho negativo há quase um ano e meio. No ano até julho, a queda é de 6,6%. Já no acumulado de 12 meses, a indústria tem retração de 5,3%.

— O total da indústria está 14,1% abaixo do ponto mais elevado, alcançado em junho de 2013. Em termos de patamar de produção, é como se estivéssemos em maio de 2009 — afirma André Luiz Macedo, gerente da coordenação da indústria do IBGE.

Com relação ao mês anterior, é a segunda variação negativa consecutiva, acumulando recuo de 2,4% nesse período. Em junho, a produção industrial havia caído 0,9% (revisão do -0,3% inicialmente divulgado), após leve recuperação em maio, com alta de 0,4% frente a abril (revisada do 0,6% anteriormente divulgado). Na ocasião, analistas destacaram, no entanto, que o número positivo não alterava o cenário de recessão pelo qual passa o setor.

— Mantemos um comportamento negativo, não só na margem, mas já há algum tempo. Nos últimos 11 meses, há uma frequência maior de resultados negativos: oito negativos e três positivos. De setembro para cá, há uma perda acumulada de 8,5%. De tal forma que o saldo negativo é importante. Já não é tão somente os meses de junho e julho que dão a característica de perda do setor industrial. A gente vê essa desaceleração do ritmo industrial há algum tempo — observa Macedo.

Três entre as quatro categorias analisadas no setor industrial apresentaram resultado negativo frente a junho deste ano. A redução mais acentuada foi 3,4% dos bens de consumo semi e não duráveis, que engloba alimentos e vestuários, eliminando a expansão de 3,1% acumulada em maio e junho.

— O comportamento de queda e o espalhamento de resultados negativos entre os setores que explicam desde o nível baixo de confiança do empresário e do consumidor, que afeta os investimentos, o consumo doméstico lento por causa do aumento da taxa do desemprego, renda menor e aumento do nível de preços, o que afeta claramente o consumo das famílias. Além, é claro, do crédito mais caro, mais restrito e mais seletivo na concessão traz um fator adicional para justificar esse menor ritmo da produção industrial — avalia Macedo.

A produção de bens de capital e de bens intermediários caiu 1,9% e 2,1%, respectivamente, o que representa para ambos o sexto mês seguido de queda e acúmulo de perda de 17,7% e 4,4%.

SÓ SETOR DE BENS DE CONSUMO DURÁVEIS CRESCE

A única categoria que obteve resultado positivo foi a de bens de consumo duráveis (9,6%), após acumular perda de 25,2% entre outubro de 2014 e junho de 2015.

— Bens de consumo durável teve junho marcado por férias coletivas, demissões, paralisações, não só de automóveis, mas também eletrodomésticos. Ficou bem caracterizado um junho de intensidade bem menor. Há uma volta natural no mês de julho. Esse 9,6% não elimina a perda do mês anterior (-10% em junho) como também não tira parte da queda acumulada há nove meses (-25,2%).

Entre os 24 ramos pesquisados, 14 registraram variação negativa frente a junho. A principal retração foi de produtos alimentícios (-6,2%) ante crescimento de 4,3% em junho. A produção de bebidas (-6,2%), de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,7%) e a indústria extrativa (-1,5%) também colaboraram para o resultado negativo.

Além deles, o setor de produtos de madeira (-7,6%), de borracha e plástico (-2,2%) e produtos diversos (-5,5%) também registraram taxas negativas expressivas.

Nos dez ramos que cresceram no mês de referência, o melhor desempenho foi registrado por máquinas e equipamentos — um indicador do nível de investimento no país —, com alta de 6,5%, após cinco meses seguidos de taxas negativas que representam perdas de 11,9% no período.

Outros impactos positivos foram registrados no setor de veículos automotores (1,4%), que cresce após acumular queda de 24,4% entre outubro de 2014 e junho de 2015, e equipamentos de informática e produtos eletrônicos (3,2%), o primeiro resultado positivo desde janeiro deste ano, o que representa perda acumulada de 28,2%.

PRODUÇÃO DE ALIMENTOS RECUA

Já a queda de 8,9% frente a julho do ano passado representa o resultado negativo em 23 dos 26 ramos e em 72 dos 79 grupos analisados. Com isso, 69,9% dos 805 produtos pesquisados tiveram retração.

Apesar da expansão na comparação mensal, os veículos automores recuaram 19,1%, a maior queda nessa relação. Isso foi reflexo da redução da produção de caminhões, caminhão-trator para reboques e semirreboques, veículos para transporte de mercadorias, automóveis e autopeças.

Os produtos alimentícios (-7,2%) também tiveram perda expressiva nessa base de comparação, com redução da produção de açúcar cristal, refinado de cana, sucos concentrados de laranja, carnes de boi congeladas, frescas ou refrigeradas, bombons e chocolates, biscoitos e leite em pó.

Equipamentos de informática e produtos eletrônicos (-34,8%) também tiveram peso na taxa negativa com relação a julho de 2014, bem como produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-6,2%), máquinas e equipamentos (-15,1%), produtos de metal (-13%), máquinas, aparelhos e mateirais elétricos (-15,7%), produtos químicos (-6,4%).

DESEMPENHO RUIM NO PIB TRIMESTRAL

O resultado ruim para a indústria já tem sido observado em outras pesquisas do IBGE. Na última sexta-feira, o instituto anunciou a retração de 1,9% do PIB no segundo trimestre de 2015. Segundo os dados, a indústria contraiu 4,3% em relação ao primeiro trimestre, a pior desde o primeiro trimestre de 2009, quando encolheu 5,9%.

O número foi influenciado fortemente pelas quedas de 8,4% do segmento da construção civil e 3,7% da indústria de transformação. A atividade de eletricidade e gás, água e limpeza urbana caiu 1,5%. Apenas a indústria extrativa teve desempenho positivo, com alta de 0,3% no período.

Na comparação com o segundo trimestre de 2014, o setor industrial registrou variação negativa de 5,2%. Nesta relação, a indústria da transformação e a construção civil responderam por quedas de 8,3% e 8,2%, respectivamente. Já a produção de energia e distribuição de eletricidade, gás e água caiu: 4,7%, recuo puxado pelo redução do consumo de energia, tanto residencial como não-residencial, e o uso mais intensivo das usinas termelétricas, cujo preço mais alto impacta negativamente no PIB.

G1

Leia Também