João Pessoa, 30 de maio de 2015 | --ºC / --ºC Dólar - Euro

ÚltimaHora
ESCÂNDALOS

CBF: anunciantes podem rever patrocínios com a instituição

Comentários: 0
publicado em 30/05/2015 às 09h49
atualizado em 30/05/2015 às 09h14

O escândalo de corrupção na Fifa não atingiu apenas a entidade e suas associações filiadas. Os patrocinadores da Fifa também reagiram e pressionaram a instituição, preocupados em não relacionar suas imagens ao esquema de ilegalidades. No Brasil não foi diferente. Patrocinadores da Copa do Brasil — torneio utilizado por membros da CBF para recebimento de propinas — estão acompanhando “de perto” as investigações. Algumas empresas aguardam o desfecho do caso para “tomar medidas futuras” com relação aos patrocínios.

As investigações do FBI (Polícia Federal norte-americana), da Promotoria de Nova York e do Departamento de Justiça dos Estados Unidos levaram à cadeia oito dirigentes da Fifa, na quarta-feira (27), por fraude, suborno e lavagem de dinheiro — há outros seis réus formalmente acusados que não foram presos e mais 25 “co-conspiradores” cujas identidades não foram reveladas.

Eles teriam aproveitado suas posições de destaque, por meio de recebimento de propinas, para fechar acordos com empresas de marketing esportivo e garantir a essas companhias o monopólio na exploração de torneios de futebol. Esses dirigentes teriam recebido cerca de US$ 150 milhões em duas décadas.

Há duas suspeitas de corrupção envolvendo o Brasil: uma referente ao acordo de US$ 160 milhões firmado em 1996 entre CBF e Nike, e outra referente a acordos de patrocínio e de transmissão da Copa do Brasil.

Em ambos os casos, a propina teria sido paga pelo grupo Traffic (maior empresa de marketing esportivo da América Latina) a dirigentes da CBF. O dono da Traffic, o empresário José Hawilla, é inclusive réu confesso do processo nos EUA — ele fechou um acordo para colaborar com as investigações e terá que devolver um total de US$ 151 milhões (R$ 480 milhões).

O patrocínio e a comercialização da transmissão de torneios de futebol é um negócio bilionário e principal fonte de rendimento das associações de futebol.

Segundo o relatório do Departamento de Justiça dos EUA, “a Fifa financia suas atividades principalmente ao comercializar os direitos de mídia e de patrocínio das Copas do Mundo”.

A Fifa registrou US$ 4,18 bilhões em receitas entre 2007 e 2010, sendo 83% (US$ 3,48 bilhões) correspondente à venda dos direitos de transmissão e de patrocínio da Copa do Mundo de 2010, realizado na África do Sul.

No período seguinte (2011-2014), as receitas foram de US$ 5,71 bilhões, sendo US$ 4 bilhões (70%) referentes às vendas dos direitos de transmissão e cotas de patrocínio da Copa 2014.

Os valores envolvendo a Copa do Brasil são bem mais modestos, mas levam ao desembolso de dezenas de milhões de reais anualmente por empresas brasileiras.

A maior patrocinadora do torneio hoje é a BRF (Brasil Foods), dona das marcas Sadia e Perdigão. A companhia desembolsou a maior fatia em patrocínios para levar os “naming rights” dos anos de 2013, 2014 e 2015. No primeiro ano do acordo, o nome do torneio foi “Copa Perdigão do Brasil”, passando a se chamar “Copa Sadia do Brasil” nas duas edições recentes.

Em uma publicação interna da BRF, a marca destaca o patrocínio por se tratar da “competição mais democrática do país nessa modalidade”, envolvendo “times de todas as séries e todos os estados”.

De acordo com o presidente da Abraesporte (Academia Brasileira de Marketing Esportivo), José Estevão Cocco, ao fazer esse tipo de patrocínio, as empresas buscam as qualidades positivas do esporte, como a visibilidade, o espírito de garra, a competição e a coletividade. Mas há também o “risco de arcar com as notícias negativas”.

— Há muitos exemplos disso, principalmente nos esportes individuais. Quando um atleta se envolve com drogas ou doping, as empresas se apressam para retirar os patrocínios. Num escândalo dessa magnitude [como o da Fifa], com a prisão dos principais dirigentes, isso se agrava.

Em nota oficial sobre o aporte na Copa do Brasil, a BRF disse que “o contrato firmado pela Sadia (BRF) segue rigorosamente a lei e a empresa aguarda o resultado das investigações”.

R7

Leia Também