João Pessoa, 25 de julho de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Não sou sempre flor. Nem quero ser.
Porque ser flor o tempo inteiro cansa — e, às vezes, machuca.
Machuca a mim, que me vejo obrigada a sorrir mesmo murchando por dentro,
e machuca aos outros, que se acostumam com a doçura, sem notar o esforço que ela exige.
Há dias em que sou pétala. Me abro. Me deixo tocar pelo vento, pelo carinho, pela presença.
Mas há outros em que sou espinho. Me fecho. Me guardo. Me protejo.
E é nesse momento que muitos se assustam.
Como assim? Ela mudou?
Não, não mudei. Só mostrei outra parte de mim.
O problema não está em ter espinhos — está em quem acha que pode me segurar com força demais, como quem segura algo que já possui.
Não sou posse.
Não sou troféu.
Nem promessa de primavera constante.
Espinho, em mim, é defesa.
É sinal de que algo foi tocado com descuido.
De que alguém quis colher sem perguntar.
De que confundiu delicadeza com submissão.
Só espeto os dedos de quem acha que me tem nas mãos.
Porque o amor não se impõe.
O afeto não se exige.
E o respeito… ah, o respeito é o solo fértil onde posso florescer inteira — pétala e espinho.
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB
BOLETIM DA REDAÇÃO - 22/07/2025