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Kubitschek Pinheiro
Ivete Sangalo é mulata e é a tal. Ela entra no samba de qualquer maneira ´ivetando´ ela pode tudo porque ela já nasceu no samba. Mais uma vez o MaisPB participou da coletiva nacional ´Ivete Clareou´, projeto de arromba onde a artista vai mergulhar, já mergulhou, no universo do samba. Os eventos serão ao livre. A coletiva aconteceu online durante um evento em São Paulo nessa terça-feira (17), com seu mais novo lançamento: a turnê inédita “99 apresenta: Ivete Clareou” para celebrar o samba!
É isso. Veveta está no comando para releituras de clássicos e canções autorais. Oficialmente o projeto inclui um EP e uma turnê dedicada ao gênero. A proposta é uma homenagem a Clara Nunes, inspiração da artista e referência histórica da música brasileira. Ivete é foda…
O projeto nasceu há pouco mais de um ano, de forma natural como gosta a Ivete, como a própria fez questão de destacar. “Foi muito genuíno. Uma experiência gostosa, sem pirotecnia, sem explosões… é para ser vivido, sentido”, afirmou durante coletiva de imprensa.
A estreia está marcada para o dia 25 de outubro, em São Paulo, e passará ainda por Belo Horizonte (1º de novembro), Rio de Janeiro (22 de novembro), Salvador (30 de novembro) e Porto Alegre (13 de dezembro).
Por enquanto, são cinco apresentações, mas Ivete não vai deixar por menos e claro, clareando tudo ao deixar em aberto a possibilidade de ampliar a turnê em 2026, dependendo da recepção do público e da logística dos shows já realizados. E deverá chegar ao Recife e João Pessoa. “O ano que vem veremos”
O palco será uma atmosfera leve, com Ivetona sambando, sambando, sambando, bem diferente dos espetáculos com efeitos que marcam a trajetória da cantora. “É ao ar livre, com aquela energia de roda de samba”, explicou.
Ivete já vai longe, mas parece que está sempre começando. Ela revelou que o projeto ganhará um registro audiovisual, que será gravado em agosto, em um formato mais intimista, e contará com participações especiais. A lista de convidados, segundo ela, ainda está sendo definida, tanto para o álbum quanto para a turnê.
Em dado momento Ivete disse que gostaria de ir de back aos shows: “vou de back, recebo o pessoal e faço o show”
Para quem não sabe a relação de Ivete com o samba vem de longe, do berço, da família muito antes da carreira profissional. A primeira música que aprendeu na vida foi “Conto de Areia”, de Clara Nunes, quando tinha apenas quatro anos.
MaisPB – Conta aí pra gente, Ivete?
Ivete Sangalo Na minha casa, música era tudo. A gente ouvia tanto que esquecia da televisão. O samba foi a primeira coisa que cantei. Isso tem uma simbologia muito forte para mim, uma memória afetiva com meu pai, minha mãe e meus irmãos.
Repertório
Sobre o repertório, Ivete preferiu não anunciar se o disco terá músicas inéditas, regravações ou uma mistura dos dois. Ela garantiu que o foco está na essência do samba, que ela descreveu como “maternal” e acolhedor.
Venda de ingressos
Os ingressos para os shows de “Ivete Clareou” começam a ser vendidos no dia 8 de julho, no site da Ingresse.
MaisPB – Ivete dá um spoiler?
Ivete Sangalo – Eu não posso dar spoiler e de uma coisa que vai ser o próprio encontro. A gente vai começar o projeto a partir de outubro. É um protocolo para que a equipe pudesse se organizar. Vamos fazer uma coisa de cada vez.
MaisPB – O que vem por vir, Ivete?
Ivete Sangalo – A maturidade tomou conta da gente como um todo. O samba faz parte da minha vida desde criança, é a grandeza desse projeto. O samba está na minha memória afetiva. Vamos levar para o público o que a gente tem de melhor. O Clareou é isso.
MaisPB – A música é tudo na vida, né Ivete?
Ivete Sangalo – “Na minha casa, tinha essa coisa da música, não como algo profissional, mas como parte da vida. A música tira a gente do buraco.
MaisPB – Ivete você já contou que a primeira canção de samba que cantou foi de Clara Nunes, ´Conto de Areia´ – como os clássicos de Clara Nunes influenciaram sua formação musical?
Ivete Sangalo – Na verdade, isso não foi uma coisa inconsciente, na minha casa, a música era o grande barato; a TV perdia fácil para a música, que era nossa prioridade. Meu pai fazia questão de nos apresentar todos segmentos da música – o samba canção, a bossa, chorinho, minha mãe idem, boleros, serestas. Eu sou a caçula de seis irmãos e sofri uma influência muito grande do samba através de meus irmãos. Eu tenho uma memória arretada, meu pai disse que aos 4 anos cantava ´Conto de Areia. Todinha, eu tive e tenho uma conexão com ela (Clara Nunes)
MaisPB – Os shows terão convidados do samba, pessoas além de você cantando?
Ivete Sangalo – Eu decidi recentemente fazer o registro do audiovisual. Eu não queria apenas gravar um EP com músicas inéditas, queria fazer um registro da minha relação com o segmento, O projeto samba audiovisual será feito em em agosto e dentro desse projeto quero ter nomes – eu só tenho muitos amigos na música, e no samba nem se fala. A ideia de levar convidados nessa turnê é bem-vinda.
MaisPB – Como uma cantora de axé vai trazer a essência para o Clareou?
Ivete Sangalo – A cantora de axé que sou e tenho o maior orgulho, Ave Maria, só Deus sabe a paixão eu tenho por isso, ela foi construída dentro da democracia da minha casa e a música da Bahia e democracia – no carnaval da Bahia se escuta de tudo um pouco e essa misturas são muito reveladoras e surpreendentes. Eu devo muito isso a esse ambiente fértil que foi a minha casa, onde se ouvia de tudo e com muito respeito. Meus irmãos gostavam de Gil e Caetano, outros de Xangai, Geraldo Azevedo, Kid Abelha e eu fui pegando um pouquinho de cada um. No palco eu sou um pouco de cada coisa. Não existe uma coisa só, não somos uma coisa só, nós somos muitos que seja assim com a música também.
Mais PB – A gente vê sua relação forte com a percussão, seu filho toca também. Seu pai comprava instrumentos de percussão, é verdade?
Ivete Sangalo – Isso é totalmente verdade, inclusive essa de Marcelo trocar, era um desejo meu, e ele toca muito, é um músico excepcional, toca desde pequeno. Eu sempre falava para Daniel (marido) que nós tínhamos em casa todos os instrumentos e hoje temos um estúdio, porque meu pai acreditava que a gente tendo contato com no instrumento estabelecia uma relação. A música tira a gente do buraco, faz com que a gente tenha coração, se transforme. Não há nada mais pedagógico para a saúde mental do que a música. Eu cresci aprendendo a tocar instrumentos de percussão, para acompanhar meu pai no violão, ele começa a tocar e entrega o pandeiro pra gente. Isso aconteceu com meu filho e com minhas filhas, elas cantam elas tocam, mas o Marcelo já nasceu já na onda –
Ao final da coletiva, Ivete esteve no palco acompanhada da banda para dar uma amostra do que vem por aí. Ela soltou a voz em clássicos como “Clareou (Deus é Maior)”, eternizada por Xande de Pilares, “Conto de Areia”, de Clara Nunes, e “O Show Tem Que Continuar”, do grupo Fundo de Quintal, música na qual fez questão de homenagear o legado de Bira, um dos fundadores do grupo é referência no samba.
MaiPB
SÃO JOÃO NA 'HORA H' - 20/06/2025