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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Invisível como Ozu

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publicado em 25/02/2024 às 08h07
atualizado em 25/02/2024 às 05h19

Quem é Ozu? Fui defenestrado do Pilates, dei pernadas ¾, porque achei caro o aumento. Claro, o feijão não tem mais gosto de festa. Dona Ancora, avisou de lá: “K, são ciclos que se fecham”. Por ter aprendido me relacionar assim com carinho, sempre fico azougado para que os laços não se rompam. Fazer o quê, um periforme?

Voltava da caminhada e encontrei Pedrita, pilateira da moléstia e aluna do tal Pilates que quis me jogar na Rua Amargura, mas eu sou da Rua dos Amores. Contei o descaso a Pedrina, ela vai me defender no Tribunal da Genealogia Fantástica. Na verdade, quem muito quer, nada zen. Eu, pelo menos não perdi nada, nem o amor exagerado que eu sentia por Dona Coringa, a moça da sala de estar.

Como bem disse São Paulo, as coisas visíveis são efêmeras, já as invisíveis são eternas, mas São Paulo é como o mundo todo, né? Só perdi o romance aberto com uma manequim da Loja Primavera, mas achei um Pilates mais barato, coladinho na minha rua. Como diz Gilberto Gil, se eu quisesse, eu entraria sem você me ver.

Atenção a vossa visibilidade. Tenha muito cuidado porque a vida é tolerável até o sinal abrir, menos a confusão mental, porque a vida tem a mania de trair a gente.

De um lado, luzes, do outro, um breve apagão. Não custa nada usar a lanterna do celular no ato simulacro visível, na hora de não ser incrível. Pilates na estrada, Pilatos lavando as mãos com creolina. Já se foi o velho itinerário.

É preciso seguir as sacadas de Horácio, para perceber o que nós, enquanto alunos, astutos, somos e sumimos. Por exemplo: em andamento, é mais seguro se afastar daquele outdoor do que ficar no zig-zag da Marcionila sem a Conceição do Cauby.

Sim, o coração é  muscular nunca uma catedral – se lembre de olhar pelo espelho da direita, para não virar à esquerda. Mantenha a espinha dorsal, coluna reta, num lugar subitamente disponível, jamais indesejável. Ou seja, se você gosta de mim, não mate o último desejo, mas isso não tem muito o que dizer, entenda que muitas pessoas mudam ou ficam mudas – elas são assim – loucas por dinheiro.

Tipo assim: você vê cara vê coroa, não no sentido latão literal do reinado da atividade criada pelo alemão Joseph Pilates, (foto) mas a postura midiática não perdoa o passatempo de pessoas grosseiras. Toma! Vai que é tua, dona Pedrina, faz gol que a debandada, digo a boiada de Goiás, vem aí. Ou para ser mais exato, portas se abrem na luz neon de Ozu.

Se há um acesso ao tapume, onde está o bebedouro (?) “imagerie”, tentem pelo menos se ocupar no lugar para garantir que se veja melhor ao entrar, mas se puder seja uma pessoa invisível, que é melhor. Faça como o Ozu.

Se estão a fazer razia na vida, ela só vos vê quando tiver o focinho do outro atravessado a vossa frente. Cuidado com os caminhões, os espinhos e espinhas no rosto do gozo na mão.

Enfim, onde estávamos? Pensem na rota do vai e não volta feito empadinha nos volantes da boca livre, mas a vida empanca, né Florbela Espanca?

A idiotice de defenestrar é inferior e por causa disto, da falta de delicadeza quando está ao nível de se jogar pela janela e perto dela, seja clássico, e mostre que você não foi defenestrado, você passou um pito no poplíteo.

Kapetadas

1 – A Terceira Guerra será uma disputa entre países para saber qual é o mais pacifista.

2 – Se há, parafraseando Wim Wenders em “Tokyo-Ga”, algum tesouro sagrado neste mundo, são os filmes de Yasujiro Ozu.

3 – A modéstia foi uma das primeiras fake news.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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