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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

deixe de invenção

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publicado em 12/12/2023 às 07h00
atualizado em 12/12/2023 às 04h37

faz horas que estou tentando escrever o texto de hoje. tentei até desenhá-lo numa folha qualquer, algo como desvirginar a geografia de um compasso, dois pra lá, dois pra cá.

inútil, é isso que acho dos meus textos, inúteis, enquanto lá fora tudo é disfarce, sem uma rotação exata. deixe de invenção, Sr. K –  parece que estou ouvindo minha mãe dizer: “deixe de cavilação” eu sigo os passos da astúcia.

tenho vivido dias de silêncio, mas sei que se aborrecer é coisa ruim. se fôssemos localizar a raiva no corpo, não tenho certeza se ela estaria exatamente no espaço entre os dentes e o céu da boca, como o olhar de animal selvagem. somos todos animais.

talvez por guardar tanta linguagem, tenho evitado soltar as palavras em desvario. o silêncio é bom pra conter qualquer sensação de raiva ou rancor. não tenho mais isso – já passou do emaranhado.

as jaulas existem pra que a gente se lembre dos limites. as jaulas resistem pra que não soltemos as feras feridas o tempo todo. o meu limite começa exatamente onde termina o texto, que estou tentando escrever.

por aqui já deu pra ver que não escrevemos nossos nomes no coração da árvore. de tanto seguir circos em círculos os ciclos, me esqueci do tema.

que loucura, eu sempre tô enchendo as telas brancas do computador sentimental de bobagens. liguei para Carpinejar, o diretor do Procon do Amor, mas não tenho conseguido sair do sempre circunscrito.

não deixe para amnhã a ideia de não ou talvez, porque o talvez atrapalha.

estou em cima da cristaleira, mas na moldura não sou eu. às vezes, quando o calor aumenta e a cama fica molhada, penso nos desenhos eróticos que eu fazia e botava na boca do cachorro, que ia levar para o destinatário – era o desenho de um pênis e duas bolinhas.

estou dando voltas nas voltas que o mundo dá e ainda não consegui entender onde comeou e onde tudo terminou.

É foda, viu!

Kapetadas

1 – confiança é como empresa no Brasil, quando quebra, estilhaça.

2 – não quero desanimar ninguém, mas 2024 tá tão arrombado que até fevereiro terá 5 semanas.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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