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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Xamã, me chama, me chama

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publicado em 31/10/2023 às 07h00
atualizado em 31/10/2023 às 07h07

Estou longe e perto. Não se perca de mim.

Às vezes vagalume, mas só na hora que apago a luz. Me chama pra dar uma e adora o bis. Sabe quem me salva? O Heráclito, que botou na minha cabeça, que o bom é esperar o inesperado, muito embora seja dele a assertiva: “a única coisa que não muda é que tudo muda.” Então, pé da tabuada. Feliz 2024

Temos a filosofia pré-socrática, mas aí eu passo a bola para o finado Gilson Gondim, um dos maiores filósofos que a Paraíba já teve, e não reconheceu. Eu vi Kafka confessando.

Eu escrevi um romance durante a pandemia e dei o nome de “Pancadas no Morto”, mas ficará inédito, aqui jazz no meu HD. Coragem? Tenho, mas não é um livro bom, sequer oportuno. Esquece.

Como está no título, xamã, me chama, me chama, Caymmi…  – que transava com sereias, nos esparsos marítimos de sua obra, embora os paradigmas são bem diferentes da multiplicação dos pães ou da invenção maldita da música sertaneja, que deixa qualquer cantor, mas qualquer mesmo, milionário. Esquece. A palavra é esparsos mesmo, e não espaço.

Não feche as janelas do quarto, somos nós mesmos os fantasmas. Se é possível, então, estabelecer coisas semânticas e estilísticas com transas adiantadas, Caetano Veloso, é o gênio do show Transa, 50 anos depois, que vimos primeiro, do que os terceiros. Vem novidade por aí, esperem.

Não estamos mais no Livro de Ouro, ilustrado em pleno território capitalista, da escrita mendigada, com toda a conflitualidade e horizontes, até inerentes  num regresso  tardio. Quem canta não espanta os males, certamente estimula o trânsito em julgado.

Faz todo o sentido o esplêndido disco “Transa”, como a canção nos indica cartografias, mas ainda estamos cercados de tanto negócio e negociantes, que pode ser tudo: Triste Bahia, Triste Paraíba, pequenina como se eu fosse o saudoso poeta e chegasse até onde o Rio é mais baiano.  Sacou?

Sonhei com o General Osório, magro, pálido, pele e osso simplesmente (…)  no tabuleiro de uma falsa baiana (…)

Uma grelha verbal é limitada, uma barreira ou um filtro de palavras entre o sujeito e o ser, o resto é curtição, muita curtição, como dizia a atriz Selma Tuarge, que hoje mora na Ilha de Itamaracá, mas é inimiga de Lia.

 A minha linguagem é só um meio, um jeito de ser – não para esnobar os bons textos convencionais – do que para definir. A linguagem do K irrompe e distingue o que não é para não definir, sequer contrariar.

Estamos, pois, resolvidos nas confusas premissas que nos permitem entender o que é bom e o que se repete. Para cada conversa comprida, o remédio para os indesejáveis é o cabo de vassoura atrás da porta e, jamais, jamais, mandar o pavão sair do telhado, porque menino, pau cresce e se  manda.

O que mais rola por aí o é um tal de “bandavoou”, aquela expressão demodê,  mas o o terror das letras sempre foi Kafka e sua metamorfose.

Kapetadas

1 – Pessoas semianalfabetas com alto poder aquisitivo, o verdadeiro mal-estar na civilização.

2 – O mundo ainda não é dos cachorros, mas está cada vez mais mundo cão.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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