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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Golda é fixe

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publicado em 05/09/2023 às 07h00
atualizado em 05/09/2023 às 06h01

 Fui sozinho ao cinema, acho que a última vez foi há 40 anos, no Hotel Tambaú, para assistir “Acossado” de Godard. Naquela noite, encontrei Pedro Santos e ficamos amigos até sua morte. Pedro não era um santo e o K era só um pinheiral.

 O filme “Golda – A Mulher de Uma Nação” de Guy Nattiv, é um espaço histórico e político da Guerra do Yom Kippur, em 1973, sob a perspectiva de Golda Meir, a primeira e única mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra de Israel. O filme não é cruel, apesar dos bombardeios e mortes.

Golda é um filme carregado de decisões, talvez por isso, um filme lindíssimo e geracional. Visualmente Golda Meir é dura na queda, mesmo tendo que enfrentar o poder dos homens.

Luz e sombra no movimento da personagem Golda que no alto do seu prédio, olha Tel Aviv de cima, com seu companheiro de solidão, o cigarro: ela acende um no outro, a piola.

 Não é uma Golda recriada, gerindo imagens, é um filme que precisa ser visto no cinema, para se ter a dimensão da força de uma mulher, que não envelhece no poder, mas o poder é, de fato, um paradoxo, um gabinete maldito, que todos querem e desejam.

Tem gente que quer qualquer poder, mas qualquer mesmo, para aflorar,  mostrar a natureza, o que não é o caso de Golda, de quem jamais esqueceremos.

Não é um filme-biografia, jamais. A vida de Golda passa longe do tubo de imagens –  mais do que isso: uma história de sangue, uma guerra formada por um triângulo com toda a crueza da vida, um resultado (ou uma explicação, talvez)  de como devemos nos comportar numa guerra, porque toda guerra é a mesma guerra.

A cisão entre a mulher e o poder, até nas coisas mais banais, de forma completamente vicejada. Suas frases intermináveis, de que toda carreira política se acaba em fracassos, de que devemos botar medo nos inimigos e que os russos só promovem desgraças. Putin que o diga. 

Todas às vezes que ela acende um cigarro, a fumaça se mistura com as imagens fumacentas dos bombardeios.

   A cena em que que ela lava o rosto, da mesma forma que fazíamos no sertão para nos acordar, já vale o filme. Nunca podemos ficar dispersos. Nunca.

    O mundo é mau.

     Gostei muitíssimo de Golda, do modo que este filme me atraiu evidentemente. Foi lançado num dia e no outro eu estava lá, muito embora acompanhado de seis pessoas. Cinema é uma diversão que não some, apesar dos aplicativos.

   Outra mulher nunca será Golda.

  É impressionante como a atriz Helen Mirren (“A Rainha”) vencedora do Oscar, se parece tanto com Golda Meir.

  A diplomata Golda Meir mostra liderança durante a Guerra do Yom Kipur entre Israel e uma coalizão de países árabes.  Naquele ano, o Egito e a Síria lançaram um ataque surpresa contra Israel, durante o feriado judaico de Yom Kippur, ameaçando dominar o país. Israel lançou uma contraofensiva massiva antes que um cessar-fogo fosse estabelecido.

  Golda Meir morreu em 1978, aos 80 anos, mas seu nome não morre.

  Golda é fixe, é foda!

Kapetadas

1 – A vida passa cada vez mais rápido, o que explica tantos ultrapassados ao redor.

2 – O inferno é como uma celebridade da internet, todo dia ganha milhões de seguidores.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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