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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

O cio no vento

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publicado em 22/04/2023 às 07h00
atualizado em 22/04/2023 às 05h00

84 anos. 40 anos depois, revi “E O Vento Levou”, de Victor Fleming. Na verdade, eu nunca esqueci a cena final, em que Scarlett (Vivien Leigh), sobe os degraus da casa, cobertos por um tapete vermelho e deixa para pensar na amanhã seguinte. Realmente, mañana sera otro dia.

Do lado de cá, o futuro continua imensurável. E não vai ter lugar pra todos que estão aqui agora. Como bem disse Clara Velloso, colunista do MaisPB, todo mundo vai sofrer, com ou sem Platão (?)

Coloquei o filme no velho aparelho de DVD e fiquei em silêncio, queria ver como no cinema, sem me levantar da cadeira. Fui procurar Scarlett pensando em Ana Cândida. Logo veio Ashley Wilkes (Leslie Howard, que morreu aos 50 anos), a mais desprezível das personagens do filme. Quem já viu o filme sabe porquê, quem nunca viu, tome Spoiler.

A protagonista Scarlett O’Hara (insuperável e bela) passa o filme inteiro perdida de amores por Ashey Wilkes, que encoraja, de forma subtil o amor de Scarlett de tal forma que ela se ilude, até descobrir que Ashley vai casar com uma prima, a boazinha Melanie. A boazinha é o máximo.

Scarlett enlouquece, casa com outros homens, mas sempre confronta Ashley com as cinzas do seu amor. Ele diz a ela: “oh, gosto tanto de ti, oh, lembro-me de ti quando eras menina, cheia de pretendentes, e tenho tantas saudades, oh, és tão maravilhosa”. Tudo mentira.

Isso dele dizer que é ela maravilhosa, bonita, é peculiar dos homens – uma forma de espalhar a abstração no espaço ilusório do cio do vento.

Scarlett só pensa em Ashley, se ele gosta tanto dela, como ela dele. O último marido de Scarlett, um depreciativo chamado Rhett Butler, (Clark Gable) a ama perdidamente. Tudo em …E O Vento Levou é superlativo.

O trágico é que só depois Scarlett  percebe  que perdeu a vida em busca de um amor que nunca existiu. Tem outro filme que diz que o amor é mais frio que a morte. Acontece de tudo o tempo todo, menos o amor.

A oportunidade passou. O vento só não levou o cio.

Onde é que eu quero chegar com esta história toda? Sei lá. Eu sempre esbarro nos Ashley Wilkes e Scarlett O’Hara, ela platônica e ele, um otário.

Eu fico por aqui, sou um velho latino-americano. Bons tempos das tempestades em copo d´água. Agora são tsunamis.

Kapetadas

1 – Confusões no Procon do Amor e nas redes trazem à tona o fim do casamento da cantora Preta Gil com Rodrigo Godoy. E dai?

2 – Gente só pra lembrar uma coisa aqui: empatia não é amor, nem, se colocar no lugar do outro, empatia e entender que o outro é o outro.

3 – Se a linguagem das bulas fosse compreensível, ninguém tomava remédio.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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