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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Lealdade

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publicado em 02/04/2023 às 09h02
atualizado em 02/04/2023 às 06h03

A brincar, costumava dizer meu pai, “quem é leal aí, levante a mão”. Cena muda. Poderia, sobranceria, ou até o sinal de um alinhamento. Mas não, lealdade é lei da natureza, ela pulsa.

É apenas sua forma de desmitificar algumas cenas feitas, enraizadas na sociedade dos séculos passados, fruto da estupidez, mal criação e das idealizações frustradas.

O cara não é leal e posa de outra coisa, que a gente chamava de cara de pau. Mas o que é um cara de pau? Duas caras? Lealdade nunca foi, nem é, nem será uma apredizagem. Ou é, ou não é. E não adianta botar banca.

A pessoa já nasce leal, é como o cárater. Tem coisa mais desagradável de um mau-carater? Não tem leadade? A rua está cheia.

Desse bando, andando um no rastro do outro, como muitas vezes é pintado, ser leal é outro caminho, sem pisotear ninguém. Desde os tempos de criança é frequente, falar-se da lealdade entre os homens, mesmo que a palavra venha fazer parte do vocabulário de muitos, anos depois, muitos anos.

Foi o desembargador Antonio Elias de Queiroga, a segunda pessoa a me falar de lealdade: “Kubi, a maior virtude é ser leal”. O primeiro foi meu pai, Vicente Pinheiro.

O mundo e suas tribos, sobrepunham-se um manto diáfano, só que de mentiras e passatempos, filminho animado arrazoado pelas atitudes das mundividências que se cruzam, se alastram e caem em cheio nas reputações.

É muito difícil encontrar com a lealdade do outro lado calçada. Existe alguém mais leal que outro? Não, não existe isso, nem é o espelho quem diz, é a consciência. É muito difícil encontrar a lealdade nas patotas arbitrárias, além da negação dos perrengues. Grande parte dos cidadãos não são leais e não precisamos enumerar caras e cargos.

É precisamente essa realidade multifacetada, menos linear, do que se possa supor, não é como olhar a fotografia na parede. Sempre com a falsidade por trás do rosto. Não, não é assim.

No conjunto, essas coisas esbarram num antídoto contra o mau viver pelo vacilo seguido do abandono, ou, noutro registro, pela enfadonha metamorfose que vai lavrando uma cena e outra.

Não custa nada ser leal, nada, nada, nada. E assim caminha a honestidade. Uma prática ancestral, modos de vida, territórios demarcados, feito casa que tem gatos e cães.

Esta não é uma questão maior ou menor. Como o comportamento ou a história, a lealdade é um poderoso marcador identitário, um signo incomum. E não há vidas para sempre, mas é melhor zelar pelo nome, sim, seu nome.

Somos o registro de uma sociedade que muda e imperra, sacaneia e blefa, mas haverá sinais, signos, avisos, orientações, para além do pouco tempo e muito espaço compreender ou digerir quem somos e para onde estamos indo.

Eis algumas das muitas imagens – a evidenciar a falsa dicotomia. Um filosofo português já dizia, continuar a insistir na dualidade entre ser leal e ser desleal, é como olhar para a sociedade com lentes desfocadas.

Até na mitologia a gente encontra sinais da lealdade, entre os deuses mais lindos. Como assim? Coisa do imaginário, as chagas expostas e os destroços desse vai não vai. É mentira, Afrodite?

Não sou professor, nem estou aqui para ensinar nada, apenas escrevo e tenho que dar conta de estar tocando pra frente, assuntos relacionados com o GH.

Saudades de Wills, (foto) que era totalmente Leal.

Kapetadas

1 – A verdade é que não é fácil lidar com gente. Olha o exemplo do monge: quanto mais evoluído, mais isolado ele vive

2 – Se fazer crônicas fosse escrever como se fala, só os mudos não seriam cronistas.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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