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É formado em Direito pela UFPB e exerce funções dedicadas à Cultura desde o ano de 1999. Trabalhou com teatro e produção nas diversas áreas da Cultura, tendo realizado trabalhos importantes com nomes bastante conhecidos, tais como, Dercy Golcalves, Maria Bethania, Bibi Ferreira, Gal Costa, Elisa Lucinda, Nelson Sargento, Beth Carvalho, Beth Goulart, Alcione, Maria Gadu, Marina Lima, Angela Maria, Michel Bercovitch, Domingos de Oliveira e Dzi Croquettes. Dedica-se ao projeto “100 Crônicas” tendo publicado 100 Crônicas de Pandemia, em 2020, e lancará em breve seu mais recente título: 100 Crônicas da Segunda Onda.

Viva o Cordão Encarnado

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publicado em 02/10/2022 às 10h43

Acordei em plena madrugada. Desde a onda daquele vulcão que as cidades estão amanhecendo com o céu vermelho brilhante. Contei o fato para alguns colegas e disse que hoje colocaria uma regata vermelha em prol da visão linda que tive. Meus amigos disseram que eu não saísse de casa de vermelho hoje, pois era muito perigoso, porque criaram esse dia oficial da manada, um novo feriado nacional, um movimento que começou por Mato Grosso e hoje já invadiu até a Amazônia. Contei o fato pra minha mãe, mulher criada em fazenda, que logo lembrou das carreiras que já levava das vacas criadas nas terras do meu avô. Todos alertaram que hoje os fazendeiros soltam os gados, abrem as porteiras “prumodas” reses darem um passeio maior já que andaram muito tempo confinadas. Andam raivosos, portanto, qualquer cor, versão encarnado, gera revolta nos bovinos. Já que deixaram a boiada passar, melhor não atiçar, né? Meu tio dizia que gado enfezado é pior que anta embuchada! Saí de casa de branco em favor da paz e harmonia, voltei pra casa abri um vinho tinto, mas o calor estava de matar, preparei uma caipirosca de morango com acerola, ficou ótima! Nada melhor que uma refrescada nas altas temperaturas, sim? Preparei uma massa com muito molho de tomate orgânico. Tirei um cochilo saudável e fui colher algumas beldades no roseiral aqui de casa para visitar um grande amigo que se encontra enfermo e que me prometera um jantar. Ele ama rosas… Saí de fininho, ele mora aqui perto e assim que o porteiro me liberou já senti aquele cheiro de frutos do mar… ele foi logo falando que sentiu o cheiro de rosas vermelhas assim que abriu o elevador! 

Ele cozinha muito, pediu licença para dar o gran finale no risoto, isto é, regar com manteiga e um bom queijo ralado por cima de tudo até derreter por completo. 

Ele tem uma famosa radiola, daquelas que são um móvel gigante, funciona que é uma beleza. 

Fui mexer nos discos, nas bolachas, um verdadeiro tesouro!

Vamos de Chico? Lógico!    Assim que me acomodo na sua mesa ele me serve um delicioso risoto. Era um risoto de lula flambada ao Campari. Me rendi aos sabores e à sensação de liberdade que pairava nesse dia. Chico Buarque entoando que amanhã será outro dia, e naquela noite, naquele instante mágico, ouvimos fogos, corremos e nos debruçamos à varanda. Realizamos que o gado não estava mais pastando pela vizinhança. Paciência e disciplina fazem o homem! Lá do alto vimos um povo em festa, a rua começava a borbulhar de gente de vermelho, muitas bandeiras, já que colocaram todo o boi pra dormir. Aquilo significava tanta coisa, parecia que comemoravam o fim da pandemia, o fim do medo, a volta da esperança em cada gesto e em cada olhar avermelhado e lacrimejante. Gente de sorriso estampado no rosto como se a gente pudesse voltar a ter uma mente equilibrada, por fim, significava a volta de muito amor guardado no peito que, por quatro anos, demorou a eclodir!

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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