Ao MaisPB, Tony Bellotto celebra 40 anos dos Titãs e relembra grandes sucessos

Kubitschek Pinheiro MaisPB

Fotos – Tony Santos

40 anos. A banda Titãs tem muita história para “cantar” – uma a história bem contada que vem da estrada, com um álbum novo “Olho Furta Cor”de inéditas, que já está nas plataformas digitais. “Caos” foi o primeiro single de autoria de Rita Lee, Roberto de Carvalho e Beto Lee, composta especialmente para os Titãs, com produção musical de Sérgio Fouad e Rick Bonadio.

Inspirada pelo clima político e social do Brasil nos últimos anos, “Caos” traz um olhar apurado e crítico misturado com a sonoridade clássica da banda.  Com 14 faixas, o disco traz canções como “Apocalipse Só”, “Raul”, “Um Mundo” e “Papai e Mamãe” assinadas por Tony Bellotto, Branco Mello e Sérgio Brito,  além de uma canção composta pelo baterista que compõe os Titãs, Mário Fabre.

“Olho Furta Cor”, o título foi tirado da letra de uma música do disco, que traz um poema do Haroldo de Campos. O show de lançamento foi no Tokio Marine Hall em São Paulo.

Quem conhece os Titãs, canta com eles, dança, faz a festa acontecer – isso desde a década de 1980, que a banda nunca deixou de levar críticas sociais e políticas em suas canções. E 40 anos depois, Tony Bellotto, Branco Mello e Sérgio Britto estão mais atentos do que nunca.

A faixa “Caos” ganhou um clipe dirigido pelo cineasta Otávio Juliano, colaborador de longa data da banda e já está disponível online. O vídeo apresenta a banda interpretando a canção em um estúdio com elementos visuais que remetem à era digital, com imagens distorcidas e marcantes em segundo plano. Feito em preto e branco, o videoclipe utiliza breves toques de cor para destacar os rapazes da banda e acrescentar dinamismo às imagens.

“O refrão “Hay gobierno soy contra”! slogan anarquista na música funciona como um alerta para que a sociedade como um todo se mantenha sempre vigilante em relação àqueles que estão no poder”, lembra Bellotto.

Em ano de eleição, claro que a banda quis trazer muito contexto político nas letras e uma busca por mudança no cenário.

Tony Bellotto conversou com o MaisPB sobre o disco, a banda e anunciou que em breve estará lançando um romance, que foi escrito durante a pandemia.  Confira nossa entrevista.

MaisPB – Vocês estão comemorando 40 anos de carreira lançando um álbum de inéditas e não um álbum comemorativo. Vamos começar por aqui?

Tony Bellotto – A gente vinha pensando o que fazer pra comemorar os 40 anos, até tínhamos uma ideia de tentar fazer um show comemorativo, mas quando foi chegando, vimos que todas as bandas que começaram com a gente estavam fazendo 40 anos. E virou quase que um lugar-comum. Capital 40 anos, Paralamas 40 anos. A gente até participou de alguns festivais em várias capitais que reuniram muitas bandas da nossa geração, e resolvemos comemorar os 40 anos de um jeito diferente, lançando um disco de inéditas, pra dizer assim: A gente tá fazendo 40 anos, mas trazendo trabalho novo, olhando pra frente, pensando no presente e no futuro. Acho o Titãs  muito marcado pela inventividade, pela maneira que surpreende sempre de coisa a coisa, de disco a disco.

MaisPB –  “Caos”, o primeiro single lançado é uma letra nova de Rita Lee e Roberto de Carvalho? A composição é forte e reflete todo esse tempo em que estamos vivendo, não é?

Tony Bellotto – Sim, a letra é muito boa, que comprova o talento e qualidade do trabalho de Rita Lee, Roberto de Carvalho e o filho Beto Lee, um rock simples, direto, dizendo o que tem de ser dito, de uma forma que todo mundo entende. Estamos vivendo esse momento de efervescência política e essa música reflete bem, de que precisamos tomar consciência, votar com consciência neste domingo e preservar nossa democracia.

MaisPB –   O refrão “O refrão “Hay gobierno soy contra”! já serve de alerta?

Tony Bellotto – Esse refrão é legal, “Hay gobierno soy contra”, é um lema anarquista já muito antigo, mas muito oportuno – mas o que essa frase quer dizer, é que temos e é preciso ter uma postura de desconfiança e vigília com qualquer governo que seja, porque as pessoas que estão no poder, tem uma tendência natural a se apegar a ele e as pessoas devem exercer o poder para servir ao povo –  é assim que funciona a democracia. Então, essa coisa de “Hay gobierno soy contra”,  é com qualquer governo que estiver lá, mas precisamos estar atento, numa vigilância constante.

MaisPB – O clipe da canção “Caos” tem direção de Otávio Juliano e Luciana, em preto e branco. Conta aí pra gente dessa alegria, desse jogo de imagens?

Tony Bellotto – Otávio e a Luciana que dirigiram juntos o clipe são muito talentosos, já fizeram várias coisas com a gente. Todo o trabalho da Ópera Rock Dois, Flores Amarelas, cenários de shows, clipes. Esse clipe de Caos reflete a qualidade do trabalho deles. É um clipe bem rock and roll, e eles mostram isso vigoroso, de tal maneira que nos remetem à era de ouro dos clipes, no final dos anos 80, início dos anos 90, mas tem também uma marca contemporânea.

 MaisPB – Tudo muito simples…

Tony Bellotto –  Exato, o bacana é que é muito simples, o que estamos vendo nas imagens é uma banda tocando em preto e branco, com alguns toques de cores que aparecem, com uma direção muito ágil. As imagens vão se sucedendo, numa dinâmica que acompanha tudo.

MaisPB- É um disco com outras parcerias.  Não é um disco com músicas novas da banda de outros artistas?

Tonny Bellotto – É um trabalho basicamente com músicas nossas, temos uma parceria com João Ricardo (dos Secos & Molhados), com Branco Mello, tem as canções de um poema de Haroldo de Campos, grande poeta concreto, paulistano, que o Brito musicou e desse poema a gente fez duas canções muito interessantes, que tem a cidade de São Paulo como tema. Branco tem outra parceria com o filho dele, Bento Mello e Hugo Possolo, que é diretor de teatro, que trabalhou com a gente na Ópera Rock e outras coisas nossas. Como disse antes, a gente está começando esses 40 anos reafirmando a nossa inventividade e o nosso prazer de fazer coisas novas e tentar superar e surpreender o público com material novo.

MaisPB – Como tem sido a retomada dos trabalhos nesse resto de pandemia?

Tonny Bellotto – A gente vem acompanhando essa retomada com muita alegria, a pandemia está praticamente debelada, graças a ciência e tomada de consciência das pessoas. Agora, já podemos fazer shows, as pessoas estavam com vontade de participar, ficar junto, pular e dançar. Temos participado de muitos festivais – e é esse o momento, até por conta da  política que o rock está muito em voga. Estamos num momento muito bom, mais rock no Brasil, pra nós. Graças a Deus a pandemia está no final, contra algumas orientações estapafúrdias desse atual governo

MaisPB – Como anda a produção literária de Tony Bellotto?

Tony Bellotto – A minha produção literária anda um pouco em segundo plano: estou muito focado no disco, mas andei escrevendo. Tem um romance pronto que eu fiz durante a pandemia e já enviei para a editora. Em breve, vai aparecer uma novidade literária. O grande remédio da gente é fazer coisas novas, criar livros, discos, incentivar a arte e a cultura, que é isso que vai derrubar esse governo, com tendência e fretes autoritários e antidemocráticos. A democracia  garante a liberdade de expressão, a liberdade num sentido mais amplo e é nisso que a gente acredita.

 Assista aqui o videoclipe de Caos

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