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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Amanhã é o dia dos pais

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publicado em 13/08/2022 às 07h00
atualizado em 12/08/2022 às 18h37

Eu queria escrever sobre meu pai, sobre o pai dos meus amigos. Meu pai me ensinou muita coisa.

A gente passa a vida toda cultivando amizades e elas vão morrendo, igual morrer de verdade. Meu pai era um bom amigo.

Por mais que a gente tenha para oferecer, a vida modifica as relações. A gente, pelo menos eu, enxergo no amigo um irmão, quase um amor, mas o amor se acaba. Quem amou sabe.

A laranja apodrece, tudo apodrece, mas um pouco de afeto adoça até a água do tanque, onde lavamos nossas roupas e tantas coisas que a indiferença resolve.

Eu sou completamente alheio a maldades, mas não sou do tipo que tira a roupa do corpo para dar a ninguém, porque eu já me sinto nu diante da vida.

Eu tinha um amigo, que me falou há alguns meses, que essa é nossa última década e isso dele dizer última, mexeu com a extensão da despedida, até que o tempo me mostrou que somos páginas viradas, juntos ou separados. Esse amigo morreu.

A cidade vai ficando deserta, mas eu gosto mesmo é das calçadas, como sou tomado pela beleza das canções. Meu pai adorava sentar na calçada para ver o movimento e esperar por quem gostava de conversar com ele.

Conversar com um amigo não é só uma alegria, é a impressão que passamos, seja pelo viva voz, seja pelo compromisso da solidariedade.

Meu pai não era só um homem, para que eu me espelhasse e não esquecesse sua imagem, meu pai era um pouco mais longe daqui. Tomar café com ele, era mais gostoso. Ele não se iludia com ninguém, não que ele tivesse um rei na barriga, mas sabia que é do ser humano detonar e maltratar.

Eu tinha um amigo que nunca foi pai.

Eu fico besta diante das atrocidades, daquilo que minha mãe dizia, “de onde menos se espera…” Minha mãe estava errada: a gente sabe quando está sendo usado ou coisa parecida.

Meu pai, meu pai, meu pai.

Kapetadas

1 –  Sou a favor do “responde quem quer no WhatsApp”. Isso dará liberdade de fazer o mesmo quando ela precisar.

2 – Não importa se a questão é complicada: “sei lá” é uma resposta das mais convincentes.

3 – Som na caixa: “Eu não sou boa influência pra você”, Seu Pereira e Coletivo 401.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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