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Ana Karla Lucena  é bacharela em Direito pela Universidade Estadual da Paraíba. Servidora Pública no Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba. Mãe. Mulher. Observadora da vida.

Minha mãe e seu legado de amor

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publicado em 09/05/2022 às 07h00
atualizado em 09/05/2022 às 02h47

Sempre notei uma semelhança física incrível entre neto e avó. Além do amor visivelmente gigante entre os dois.

“Fofó”, como ele a chamava, se foi.

Seu coraçãozinho de criança entendeu tudo, sofreu, mas seguiu em frente, cicatrizou.

Ontem, ao voltarmos do almoço de domingo na casa de “fofô”, paramos o carro no semáforo. Como sempre acontece, alguém me perguntou se eu não teria algumas moedas para ajudar a comprar alguma coisa. Como a maioria de nós faz, eu respondi que, no momento, não seria possível ajudar, estava sem “dinheiro trocado”.

De repente, Lucas, sentado no banco de trás, abriu a janela do carro e entregou ao homem uma cédula de dois reais que tinha ganhado do pai para comprar balinhas na escola no dia seguinte. Naquele momento, fechei a janela que ele tinha aberto e disse: foi muito bonito Lucas, mamãe se orgulha de você, mas, não faça mais isso sem a autorização de mamãe.

E perguntei: você tem mais dinheiro em casa? Ele disse: não mamãe. Só tinha esse.

Confesso que fiquei emocionada. Abri minha carteira e dei-lhe dois reais. O dinheiro que, com todo desprendimento, ele tinha dado à pessoa que estava pedindo no semáforo.

Imediatamente, lembrei-me dela. Foi como se a visse naquele momento. Não foi uma coisa ensinada por ela, foi um legado que ela deixou com seu exemplo. Pessoa simples, vinda do sertão, infância, adolescência, vida sofrida, que não deixou nenhuma nota de amargor.

Me emocionei sim. Me emocionei e me orgulhei. Por dois motivos: pelo coração lindo que o netinho tem, tão amável, tão sensível… mas, me emocionei também porque eu a enxerguei nele. Enxerguei a mulher que nunca pensava nela mesma. Que doava tudo ou mais do que tinha a todos à sua volta.  Ninguém que a procurava saia com as mãos vazia ou com a alma vazia.

Alguém que tinha a maternidade como vocação. Não só por aqueles que carregavam seu sangue, sua genética. Mas por todos os que se aproximavam e usufruiam disso.

Sim, ela tinha o dom, a graça e vocação de amar, de proteger e cuidar. E, não temo em dizer… poderia ser a mãe de toda a humanidade, porque em seu coração gigantesco, havia espaço para todos.

Neto e avó se parecem mais do que eu imaginava! Seu legado ficará, minha mãe, e eu nunca deixarei que se apague do coraçãozinho do seu neto a chama do amor que você acendeu. Você continua aqui, sendo a mãe de todos nós.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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