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Antônio Colaço Martins Filho é chanceler do Centro Universitário Fametro – UNIFAMETRO (CE). Diretor Executivo de Ensino do Centro Universitário UNIESP (PB). Doutor em Ciências Jurídicas Gerais pela Universidade do Minho – UMINHO (Portugal), Mestre em Ciências Jurídico-Filosóficas pela Faculdade de Direito da Universidade do Porto (Portugal), Graduado em Direito pela Universidade Federal do Ceará. Autor das obras: “Da Comissão Nacional da Verdade: incidências epistemiológicas”; “Direitos Sociais: uma década de justiciabilidade no STF”. E-mail: [email protected]

Idealismo no Mundo Corporativo 

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publicado em 20/12/2021 às 07h17

No diálogo “O Político” (Platão),  (foto) o Estrangeiro dirige a Sócrates uma explicação acerca de um tempo anterior àquele no qual viviam o filósofo e os demais participantes do diálogo. No ciclo temporal em questão, cada parte do mundo estava distribuída entre os deuses. Os gênios divinos satisfaziam todas as necessidades de suas ovelhas.

Nesse ciclo, continua o Estrangeiro, não havia guerra, nem desentendimentos. Era o próprio Deus que pastoreava os homens, que recebiam os frutos da terra sem ter que cultivá-la.

Mitos acerca de um período paradisíaco estão presentes em várias culturas e atravessam os tempos. Atualmente, a tentativa de estabelecimento, no plano terrestre, de uma utopia baseada na razão ainda exerce influência significativa no pensamento de várias correntes políticas.

A singela condessa Maria Nikolaevna Bolkonskaya, personagem da obra Guerra e Paz, de Liev Tolstói, vive um momento em que o conforto material e a constituição de uma família parecem não lhe bastar. À condessa, parecia que havia outra felicidade além daquela que esperimentava no plano terreno.

No plano dos relacionamentos, o idealismo pode levar ao aprimoramento das próprias atitudes em relação ao consorte, como no caso da condessa. Esse não é, contudo, o único desfecho possível.  Os relacionamentos longevos são, invariavelmente, pontuados por mágoa e rancor. Nesse contexto, não são poucos aqueles que abandonam os esforços no aprimoramento do relacionamento atual para apostar em um novo parceiro idealizado.

No contexto corporativo, o idealismo também age de várias formas. Por um lado, impele o líder a melhorar constantemente os processos e a própria atuação, de forma paulatina e com respeito à cultura institucional. O líder, entretanto, pode ser levado pelo rompante idealista revolucionário. Neste caso, o gestor tende a desprezar os processos e costumes organizacionais em prol de uma visão de futuro tão gloriosa quanto incerta.

Líderes bem-sucedidos, a meu ver, serão aqueles que souberem conduzir as transformações organizacionais necessárias, com respeito às pessoas, à cultura organizacional e sem adotar teorias de gabinete como dogmas infalíveis.

Em síntese, os mitos, as utopias e o idealismo grassam por várias culturas e estão presentes até hoje no nosso cotidiano. Embora a visão de mundo idealista possa fomentar a constante melhora do ser humano, é necessário resistir aos arroubos revolucionários, inclusive, no plano organizacional.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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