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Antônio Colaço Martins Filho é chanceler do Centro Universitário Fametro – UNIFAMETRO (CE). Diretor Executivo de Ensino do Centro Universitário UNIESP (PB). Doutor em Ciências Jurídicas Gerais pela Universidade do Minho – UMINHO (Portugal), Mestre em Ciências Jurídico-Filosóficas pela Faculdade de Direito da Universidade do Porto (Portugal), Graduado em Direito pela Universidade Federal do Ceará. Autor das obras: “Da Comissão Nacional da Verdade: incidências epistemiológicas”; “Direitos Sociais: uma década de justiciabilidade no STF”. E-mail: [email protected]

Civilidade no Mundo do Trabalho

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publicado em 15/11/2021 às 10h36

A civilidade pode ser definida como o conjunto de regras que prescrevem condutas de respeito, gentileza e consideração. Como todo conjunto de regras, a civilidade impõe limites ao agir.

É natural que o indivíduo de poucas luzes e trejeitos rudimentares ou, simplesmente, incivilizado, expresse – por palavras e gestos – tudo aquilo que lhe atravessa o pensamento, ainda que isso seja ofensivo, imoral, deselegante ou descortês. Ao ceder aos primeiros impulsos, essas pessoas deixam uma marca muito negativa nos seus familiares, cônjuges e colegas de trabalho.

Daquele que age com civilidade, por sua vez, espera-se que não se deixe levar pelas paixões e impulsos da alma, a ponto de ofender outro ser humano. O cultivo da civilidade, não por acaso, é fundamental para a preservação das relações humanas em geral.

No caso particular das relações de trabalho, a civilidade não é apenas uma recomendação, mas uma necessidade de conter os arroubos emocionais em prol da preservação de um ambiente profissional sadio.

As pesquisadoras Christine Porath e Christine Pearson, no artigo “O preço da incivilidade: a falta de respeito prejudica o moral – e o resultado”*, abordam alguns efeitos da grosseria no mundo corporativo. Entre aqueles colaboradores que se consideram alvos da incivilidade, 48% reduziram o empenho no trabalho, 47% reduziram o tempo despendido no trabalho e 78% disseram que seu comprometimento com a organização diminuiu. Em outro experimento, participantes tratados de maneira rude foram 30% menos criativos do que outros.

Em que pesem os resultados acima, as pesquisadoras relatam que apenas 11% das empresas que entrevistaram levam a civilidade em consideração no processo seletivo. Destas, algumas o fazem apenas de maneira superficial.

Assim, a título de recomendações, as autoras enfatizam a necessidade de considerar esse traço comportamental na seleção e na avaliação de colaboradores. Também é recomendável a promoção de oficinas ou de cursos acerca do tema.

Ao líder, recomenda-se que peça, a colegas e a pessoas que deixaram a empresa há mais de seis meses, que avaliem o seu comportamento, no que tange especificamente à forma de se relacionar com seus pares e comandados. Alguns comportamentos, como consultar WhatsApp e e-mails no momento em que atende um funcionário, também devem ser deliberadamente combatidos.

Em jeito de síntese, a inobservância das regras de civilidade, para além das repercussões emocionais, trazem prejuízos financeiros às empresas. Para evitar os efeitos nefastos de uma cultura organizacional manchada por grosserias, os líderes precisam avaliar esse aspecto comportamental e ser modelos do padrão de urbanidade que a empresa deseja cultivar.

*10 must reads on emotional inteligence, Harvard Business Review.

Foto – GettyImages

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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