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Magistrado, colaborador do Diário de Pernambuco, leitor semiótico, vivendo num mundo de discos, livros e livre pensar. E-mail: [email protected]

Não adianta tanta pressa

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publicado em 04/11/2021 às 08h45

Chega-se a uma certa faixa etária que a vida nos ensina que não adianta correr; que o dito popular “quem tem pressa come cru” é a inconteste verdade. E isso pode ser aplicado a todos os nossos afazeres do dia a dia. Da atividade intelectual ao relacionamento amoroso.

Por que as pessoas  têm tanta pressa? O trabalho executado às pressas tem grande possibilidade de sair mal feito. O sexo feito ligeiro pode agradar ao apressado e frustrar a parceira; aquele que imprime alta velocidade no seu veículo, pode ganhar alguns minutos ao final da viagem, mas corre grande risco de causar acidente e chegar mais cedo no campo santo. Embora diga-se que a vida passa rápido, para vivê-la com intensidade é preciso calma e contemplação.

O escritor que recebe uma encomenda para escrever um romance num determinado prazo, certamente não produzirá uma obra-prima. Arte nunca combinou com pressa. Mas essa cultura da rapidez também se faz presente nos relacionamentos sociais. Ninguém mais telefona para um amigo para desejar-lhe bom dia, pois receia que a conversa se alongue e não se pode perder tempo. Envia-se uma mensagem através de WhatsApp a um grupo de pessoas e de pronto todos estão cumprimentados. Muita gente corre ao teatro, fura a fila para acomodar-se primeiro, mesmo que o ingresso lhe garanta cadeira numerada. Chega cedo, e o show não começa na hora marcada.

Os religiosos vaticinam que a gente só morre quando Deus quer. A prevalecer essa máxima, conclui-se que nascemos com prazo de validade. Nosso dia chegará, apressadamente ou não, afinal como diz o adagio, dessa vida ninguém sairá vivo.

O que é feito às pressas, no mais das vezes tem que ser refeito, e aí vale lembrar o escritor londrino G. K. Chesterton, que disse: “Uma das grandes desvantagens da pressa é o tempo que ela nos faz perder”. Portanto, “devagar com o andor que o santo é de barro”.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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