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História, trajetória e política: uma conversa com José Nêumanne Pinto

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publicado em 12/09/2021 às 14h41
atualizado em 12/09/2021 às 14h39

O Portal MaisPB publica neste domingo uma entrevista com o jornalista José Nêumanne Pinto. Na entrevista, concedida ao jornalista Heron Cid, ele contou memórias da infância e detalhes do seu ingresso no jornalismo. Ele se descreve como um democrata radical que não aceita nada que não seja a democracia e ainda faz uma avaliação do atual cenário político no país.

Assista:

MaisPB – Sobre sua origem, você ficou até os dez anos em Uiraúna?

Nêumanne – Sim. Eu nasci no sítio do meu avô materno, Chico Ferreira,  pai da minha mãe e sogro do meu pai, pois eram primos. O meu pai já morreu, mas era primo da minha mãe.  Meus avós eram irmãos.  O meu avô paterno, João Pinto, era irmão de minha avó materna, Joaquina Moreira Pinto. Meio irmão. Eles eram filhos do coronel Alexandre Pinto e de mulheres diferentes. Meu avô, João Pinto, da primeira mulher e a minha avó, casada com um Potiguar. Alí é tudo muito misturado Rio Grande do Norte e Paraíba. O meu avô paterno paraibano e a minha avó parterna de Luiz Gomes, no Rio Grande do Norte. O meu avô materno, potiguar, e minha avó materna paraibana. O meu pai paraibano e minha mãe nasceu em uma casa que fica na divisa da Paraíba com Rio Grande do Norte, o quarto era no Rio Grande do Norte. Então eu sou meio Potiguar, meio paraibano.

MaisPB – Aos dez anos de vida deu para ficar alguma memória afetiva dessa sua Uiraúna?

Nêumanne – Eu tenho memórias muito vivas. Eu tinha dois amigos de infância muito chegados: meu primo Eudésio, filho do meu tio Vicente e minha tia Nô, bem mais velho que eu, mas que morava  na casa dos meus pais em Uiraúna porque os pais deles morreram e eles eram criados por uma tia avó nossa, Tia Ana, na Fazenda Rio do Peixe, onde eu nasci, que era a fazenda do coronel Alexandre Pinto. O Eudésio ficava na minha casa e eu tinha outro irmão um ano mais novo que eu, Zé Newton, era outro amigo de infância. Hoje o Newton está entre nós, mas o Eudésio eu perdi para a Covid-19. Morava em Fortaleza, torcedor do Ceará, meu companheiro, e me lembro muito das minhas aventuras com Eudésio. Nós normalmente passávamos férias no Rio do Peixe que fica a nove quilômetros de Uiraúna. É um rio sem peixe porque não tem água. Eu tenho um queridíssimo primo,  Tiago, neto do tio Valdemar que me mandou foto do Rio do Peixe com água. Eu me lembro de ir pegar água na lata, nas cacimbas da areia seca do rio com um jumento, as vazes, com barris. Eu tenho uma lembrança muito afetiva dessas cacimbas e lembro também dos açudes. Mas tem um detalhe na minha vida: eu com setenta anos não sei nadar apesar de ter um barreiro na casa da minha avó e um açudinho da casa de minha bisavó. E tinha açude das areias. E hoje tem o açude nas Capivaras, que era outra propriedade do meu bisavô, que tem o nome dele, Alexandre Moreira Pinto. Eu tenho lembranças dessas peixadas, dos meus colegas de turma, dos meus professores. O meu professor de inglês de francês era o dentista Raimundo Barbosa. Ah! Me lembro também os conflitos esportivos. Meu pai era Flamengo e viajava para o Rio de Janeiro e, em uma dessas viagens, assistiu o jogo em que o Flamengo foi tricampeão em 1953, 1954 e 1955, ganhando do América.  Ele levou um quadro eu um dia eu até brinquei com o Zagallo (ex-jogador e ex-técnico da Seleção Brasileira)  em um dia que ele esteve na redação do Estadão, que ele era herói de uma grande alegria e um grande trauma de minha infância. Então ele disse: conte primeiro a alegria. Eu disse pra ele o time que tinha no quadro que meu pai pôs na parede. Chamorro, Tomires e Pavão, Jamir, Dequinha e Jordan, Joel, Moacir, Evaristo, Dida e Zagallo. Ele disse: e o trauma?  Eu disse:  o trauma foi 3 a 0 para o Botafogo na final de 1962 com aquela linha infernal: Garrincha, Didi, Quarentinha, Amarildo e Zagallo. Contei essa história toda para dizer que Raimundo Barbosa era o nosso rival, torcedor do Vasco, e meu pai era dono das camisas de um time que era o Flamengo de Uiraúna.

MaisPB – Você migrou para Campina Grande e estudou em um seminário. A atmosfera de Uiraúna de alguma forma influenciou nesse intercâmbio para o seminário?

Nêumanne – Eu visitava muito a casa do vigário de Uiraúna, o monsenhor Antônio Anacleto, que era da cidade. Eu frenquentava lá porque tinha livros. Eu tinha muita paixão pela leitura, inclusive a história do meu nome tem haver com isso. Não tinha uma biblioteca em Uiraúna. Tinha uma estante na casa paroquial. Eu visitava a casa do padre, ajudava na missa e tinha livros que eu pegava para ler. E a minha mãe descobriu o meu nome lendo a história de um beato que ficou santo recentemente. Ele foi cardeal, depois católico inglês chamado John Henry Newman que era um grande orador. Talvez o maior orador sacro da virada do século XIX para o século XX. Quando eu nasci, ela resolveu homenagear John  Henry Newman e botou o meu nome de José Newman Pinto. O meu pai foi ao cartório registrar e no meio do caminho não se lembrou direito como era o meu nome e depois ele e o dono do cartório inventaram esse nome absurdo meu. Eu tenho cinco irmãos porque um morreu, o José Eudes. Mas tenho o José Newton, José Anailton, o José Noaldo, Nicéia e José de Anchieta Pinto Filho que é colega nosso, jornalista, no caso dele, mas especificamente, radialista.

MaisPB – Desse erro de grafia acabaram criando uma nova família, a família Nêumanne?

Nêumanne  – Olha o que aconteceu. Eu me casei recentemente com a Maria Isabel Pimentel de Castro, neta de Ageu de Castro, e Isabel resolveu ter um filho comigo. Ele tem dois anos e seis meses e se chama Arthur. O nome foi escolhido pela minha sogra a Maria Bethania, mas terminou coincidindo como uma homenagem ao meu poeta favorito, Arthur Rimbaud, poeta francês, e ao meu ídolo Arthur Antunes Coimbra, o Zico. Um dia desses eu entrevistei o Gerson de Oliveira Nunes para o meu ‘Dois Dedos de Prosa’, que é uma série que eu tenho em meu canal do You Tube, e eu contei para ele que o primeiro ídolo do meu pai era o Dida, que foi o grande ídolo do Flamengo, era alagoano, e o meu era o Gerson ‘Canhotinha de ouro’. Você me perguntou de memória afetiva, eu me lembro de duas coisas: uma do meu pai e uma da minha mãe. O meu pai era dono da bola, jogava mal, era um ponta esquerda grosso. Eu ia com meu pai para os jogos e minha função era correr atrás da bola no mata-pasto, mas nunca joguei bola na vida. Meu pai adorava jogar, eu sou louco por futebol, mas nunca joguei bola, sempre fui muito grosso. A outra história maravilhosa, que é a história definitiva da minha vida. Minha mãe é professora. Ela se formou na escola normal em Cajazeiras. Pegava o trem no Rio do Peixe e ia para Cajazeiras e lá se hospedava na casa de compadres do meu avô. Eram Joca Claudino e Dona Francisquinha, os pais de João Claudino, dos Armazéns Paraíba. Neudson, Nair, Noaldo, e Nicéia são nomes que a minha mãe colocou nos filhos pela influência da grande amiga dela que era Nicéia Claudino. Minha mãe gostava muito, ela ainda é viva e tem 91 anos e tem Alzeimer, mas tinha de cor todo o navio negreiro do Castro Alves. Uiraúna não tinha luz e na minha infância, antes de ir ao seminário, a luz era feita por um conjunto de diesel que era tocada por um maquinista chamado Cabrinha. Ele ligava a luz as seis e apagava as nove. E nós ficávamos no escuro, um calor danado e minha mãe dizendo os poemas maravilhosos de castro Alves. Ela gostava muito de Jansen Filho, aqueles poemas de Gonçalves Dias e foi assim que eu travei conhecimento com a poesia e a literatura.

MaisPB – Sua  mãe foi a sua maior influenciadora para o que você se tornou?

Nêumanne – A minha mãe, além de ter me dado a vida ela também me deu a minha profissão, a minha vocação, a minha paixão pelas letras. A poesia é uma coisa muito sedutora porque tem ritmo. Eu tentei ser padre, mas não deu certo. Tentei também ser músico, mas tenho um ouvido para a música péssimo. Então, não consegui tocar nenhum instrumento. O meu pai não era nenhum ás, mas era o segundo trompete. A Banda Jesus Maria José de Uiraúna só perdeu para ‘Sá Zefinha’, uma banda de Campina Grande, nos concursos de bandas na Paraíba. Era uma banda muito boa. Eu tenho lembranças também antes de ir para o seminário. Eu tenho uma paixão muito grande por Campina Grande. Essa paixão nasceu muito antes de eu ter dez anos. Meu pai tinha um motorista que dirigia o caminhão dele chamado Zé Campina. Quando eu ia passar férias em Campina Grande, o Zé Campina me levava no caminhão na estrada de barro e levava dois dias para chegar de Uiraúna a Campina Grande, 360 quilômetros. Não ia por Santa Luzia, mas por Café do Vento, que não me lembro se chama agora Santiago. Nós dormíamos em Café do Vento. Eu me lembro que a gente saía de Campina Grande indo para Sousa, onde pegávamos o ônibus de Sousa para Uiraúna e almoçávamos em Patos. Quando chegava no asfalto, próximo aos Guedes, na Praça do Meio do Mundo,  o Zé Campina dizia: Olha o negrão. O negrão era o asfalto. Eu tenho a memória muito afetiva por Campina Grande, lá tinha uma família de Uiraúna de músicos e afaiates. Na minha adolescência em Campina Grande, o magazine mais bacana do comércio de Campina Grande era do Cesar, Cesar Magazine. Cesar era dessa família, a família Gomes da Silveira. O Cesar foi pra Recife, pro Norte, mas depois  voltou para Campina e morreu. Recentemente morreu Expedito. Expedido tinha uma relação muito próxima dele porque eu passava férias na casa dele, primeiro na Irineu Jofily, descendo um pouco do Babilônia, e depois uma casa dele que, hoje se não me engano, é o restaurante do Eduardo do La Suisse. A casa era alí e  eu tenho lembranças das minhas férias em Campina Grande. Eu tenho um livro de poesias chamado Barcelona ou Borborema, minhas paixões por Barcelona e por Campina Grande. Eu tenho uma paixão absurda por Campina Grande, Açúde Velho, aquelas coisas todas. E sou Raposeiro, sou Campinenses. O  primeiro jogo de futebol que eu vi na minha vida, o Campinense ganhou do Treze por 2 a 1 e foi, se eu não me engano,  tetracampeão paraibano, uma coisa assim. O meu pai me levou para o estádio Plínio Lemos lá em Santo Antônio e nós vimos esse jogo. Meu irmão Noaldo, que já morou até na Colômbia, acompanhava os jogos do Campinense pelo computador até na Colômbia.

MaisPB – Falando em Campina Grande, a cidade praticamente pariu você para o mundo do jornalismo porque você iniciou na profissão no Diário da Borborema. Qual as reminiscência que você tem do Diário da Borborema para fazer um link com o atual momento do jornalismo impresso que agoniza a despeito de algumas exceções fortes do Brasil, como o veículo que você trabalha, que é o Estadão, mas que Paraíba não há mais nenhum jornal impresso, com exceto A União?

Nêumanne – Na verdade, eu comecei no rádio, na Rádio Caturité. Eu comecei na Rádio Caturité porque era o presidente do Cine Clube Glauber Rocha e fazia a seleção dos filmes que passavam na sessão das quartas-feiras chamadas cinema de artes. Eu travei conhecimento com um cinéfilo chamado Aldo Porto que apresentava um programa de cinema chamado ‘Sétima Arte’, na Rádio Caturité. Como ele era funcionário do Banco do Brasil pediu que o Cine Clube tomasse conta do programa. Foi aí que eu comecei. Um ou dois meses depois eu também comecei no Diário da Borborema porque como presidente do Cine Clube eu era obrigado a escrever uma crítica  para o jornal a respeito do filme que eu escolhia para o cinema de arte. E aí foi como eu comecei no Diário da Borborema. A grande influência da minha vida foi um repórter chamando Manoel Alexandrino Leite. Ele era semi-alfabetizado, mas era um repórter maravilhoso. Ele ia ao Sertão, catava as notícias, voltava, me contava e eu escrevia. Eu era um moleque e Manoel Alexandrino Leite foi um exemplo de repórter para mim até hoje é um dos meus ídolos e o outro é o Chico Maria que era chefe de polícia e, na minha opinião, foi o melhor entrevistador que eu conheci na minha vida. Ele tinha histórias famosíssimas com o dia em que ele apertou o Frei Damião e o Frei Damião ficou meio sem jeito e ele disse: tenha fé em Deus Frei Damião. Ou quando ele perguntou para o Plínio Lemos na primeira pergunta da entrevista: Doutor Plínio, porque o senhor mandou matar Félix Araújo? Tenho muito boas lembranças também do William Tejo, que era meu chefe, Luiz Aguiar, que era diretor do jornal, e do Orlando Tejo, inventando notícias. No dia que não tinha notícias, o Orlando pegava um clichê e inventava uma notícia lá no Diário da Borborema.

MaisPB – Do Diário da Borborema, no interior do Nordeste para a Folha de São Paulo. Que prodígio foi esse. Como você olhando para o seu passado explica essa inserção de um ponto a outro na visibilidade da imprensa nacional?

Nêumanne – Quando eu escrevia no Diário da Borborema eu queria ser geólogo, eu não queria ser jornalista. Quando entrei na redação eu enlouqueci e me apaixonei. Eu digo que me viciei no cheiro de tinta. Depois fui ser repórter de polícia e cobrir o pronto-socorro e me viciei no cheiro de éter. Fiquei louco pelo jornalismo e achei que não dava para ficar no Diário da Borborema nem na Paraíba. Então eu fui embora para o Rio de Janeiro para ser jornalista, mas eu não consegui ser jornalista lá, trabalhei em uma editora e coisa e tal. Só que um dia eu tinha um amigo muito querido, que não está mais entre nós, o Arnaldo Xavier, que me levou para conversar com Euriclides Formiga, chefe do cartório federal em São Paulo. O Formiga era de Antenor Navarro, mesma cidade onde eu nasci, porque Uiraúna já foi distrito de Antenor Navarro, hoje São João do Rio do Peixe. Ele me levou para Cláudio Abrão, um dos maiores jornalistas do século, e sem nunca ter lido um texto meu falou para o Cláudio: esse menino é um gênio. Ai o Claudio olhou para mim e disse: se você não for um gênio  vai acabar uma grande amizade minha. Ele me mandou começar lá e eu sei que é uma coisa extraordinária esse meu começo. Hoje não existe mais essa possibilidade, mas  naquela época ainda existia. Ali eu topei com um cara extraordinário chamado João Batista Lemos que foi uma espécie de meu pai profissional.

Desse seu início para cá, Nêumanne, o jornalismo melhorou, piorou, ou está na mesma?

Neumanne – Eu acho que o jornalismo está na mesma. Agora do ponto de vista empresarial piorou muito. Hoje a imprensa não tem o menor futuro. Trabalhei no Diário da Borborema, fechou. Trabalhei no Jornal do Brasil, fechou, fui para o Jornal da Tarde, fechou. Estou no Estadão porque eu era do Jornal da Tarde e o editor me aproveitou com editorialista. Hoje os jornais estão conseguindo viver a duras penas porque tem formas, essas coisas da internet. Estou no Estadão ainda porque eu administro um blog, o Blog do Nêumanne, onde assino um artigo por semana, todos os dias ponho um comentário que faço na Rádio Eldorado, e também posto no blog o vídeo que faço para o You tube um comentário político por dia e, além do mais, sou editorialista do Estadão e escreveu um artigo a cada 15 dias. Então é um se vira nos trinta, como diria o meu amigo Fausto Silva.

MaisPB  – Você é hoje um jornalista que tem um forte víeis de opinião. Há um forte debate muito intenso até entre os jornalistas até onde deve ir o jornalismo. Você é da visão que o jornalista tem que ter lado e tem que ter posição. Já uns entendem que tem que ter equilíbrio e moderação. Como você justifica essa sua veia mais contundente?

Nêumanne – Eu sempre falo no meu canal no YouTube, por exemplo, que eu não sou imparcial, eu sou independente, que é uma  coisa completamente diferente. Eu tenho assumidamente um lado. O lado do pagador de impostos, o lado do eleitor. Eu não milito em nenhum partido político, não militar em nenhum governo nem oposição. Não vivo de emprego público, vivo dos empregos privados que tenho e das monetizações do canal do YouTube. Inclusive saí da TV Gazeta porque disseram que eu tinha que dá o outro lado. Eu disse: não, você está enganado, quem tem que dá o outro lado é o repórter, a notícia. Eu tenho a minha opinião, não tem o outro lado, é a minha opinião.

MaisPB – Você sempre foi um crítico muito feroz dos governos do PT, escreveu um livro, e hoje é um crítico ferrenho do  governo bolsonaro. Esse seu histórico muito crítico aos governos do PT especialmente ao ex-presidente Lula, lhe causa agora algum desconforto quando critica o atua presidente, Jair Bolsonaro?

Neumanne – Eu estou em uma posição muito confortável uma vez que eu não sou imparcial, mas sou independente. Uma coisa que eu sempre fiz questão de manter distância é de poder. Eu nunca tive próximo de poder nenhum. Líderes, políticos, partidos. Eu não tenho essa ilusão, eu não acredito em político, não acredito em partidos. Acho que o Brasil tem uma ditadura de partidos e o Lula é protagonista do maior caso de corrupção da história do Brasil, quem sabe até do mundo. Agora goza da liberdade após uma cartada do Supremo Tribunal Federal, mas eu perdôo não.

MaisPB – Você caracteriza Lula como artífice do maior escândalo de corrupção do Brasil e, ao mesmo tempo, o presidente Jair Bolsonaro de genocida. Pelas suas palavras, o Brasil vai ter que escolher entre esses dois ou existe uma expectativa, por mínima que seja, de um seguimento do eleitorado que não se sente representado por nenhuma dessas figuras  encarnar no nome de alguém para personificar essa insatisfação com essa polarização?

Nêumanne – Eu sou péssimo profeta. Eu já disse que o Lula e o PT estavam enterrados, e não estão. Por que? Porque apareceu o Bolsonaro que os ressuscitou.  O Bolsonaro teve esse condão.  Eu tenho ouvido muita gente a dizer que por causa do Bolsonaro irá votar no Lula. Até recentemente te diria que a única chance do Bolsonaro ganhar é disputar com o Lula. Hoje eu te digo que a melhor chance do Lula ganhar é disputar com o Bolsonaro, mas estou começando a duvida que o Bolsonaro chegue ao segundo turno. Eu tenho alguma esperança nas coisas surpreendente do Brasil. Tem coisa mais surpreendente do que o Bolsonaro ganhar como ganhou em 2018? Entre os meus entrevistados tenho a grande sorte de lidar com gente como a senadora Simone Tebet e também tenho uma grande admiração pelo senador Alessandro Vieira. Acho que seria uma chapa maravilhosa, Simone e Alessandro ou Alessandro e Simone. Tenho admiração pelo Tasso Jeireissati, mas acho que ele não tem muita chance porque tem a disputa do João Doria com Eduardo Leite. Mas também é uma disputa meio fadada ao fracasso porque quem manda no partido é o Aécio Neves que está vendido ao Bolsonaro.

Portal MaisPB – O Wikipedia retrata você como alguém que tem um forte viéis de direita e antipetista em suas publicações. Nêumanne Pinto se define em que espectro?

Nêumanne – Eu sou um democrata radical. Não aceito nada que não seja a democracia. A velha democracia burguesa.

MaisPB – Um radical de centro ?

Nêumanne  – Não sei se do centro, porque o centro está muito desmoralizado. Sou um democrata radical.

MaisPB – Direto ao assunto foi um tema para você representar um quadro ou foi um bordão criado por você?

Nêumanne  – Um bordão criado por mim. Meu irmão, José de Anchieta Filho, era repórter da Pan e o Truta, que era proprietário da rádio, precisava de um comentarista e ouviu eu dá uma entrevista sobre as condições dos aeroportos brasileiros e achou que poderia fazer um bom comentário e me contratou e eu inventei na hora. Eu sou bom nesse negócio de título.

Luiza Erundina, sua conterrânea de Uiraúna. Você escreveu o livro ‘A mulher que veio da chuva’. É alguém que você tem uma boa relação ou distante?

Nêumanne – É muito amiga minha. A Luiza é dez anos mais nova que a minha mãe e dez anos mais velha que eu. Ela era amiga da minha mãe e agora é minha amiga queridíssima. Tenho por ela grande admiração e respeito.

MaisPB – Nem a política e a grande radicalização dos últimos tempos afastou vocês?

Nêumanne – Ela disse que eu sou o único reacionário que ela ama. É provocação porque eu não sou reacionário. Eu sou democrata, é diferente. Mas a Luiza eu respeito muito, mas também não concordo com o pensamento dela. Mas respeito, principalmente o fato de ela ter sobrevivido na política honestamente. Sem roubar.

MaisPB – Você planeja um livro sobre o Sertão. Será um romance, o que é?

Neumanne –  A minha inspiração é ‘A Paraíba e seus problemas’, de José Américo, Os Sertões, de Euclides da Cunha, um poema que tenho sobre a diferença entre o Sertão e o deserto e o  convívio.

MaisPB – Esse projeto começa quando e termina quando?

Nêumanne – Não sei quando começa ou quando termina porque eu tenho um filho de dois anos e dois meses na quarentena. É difícil você fazer. É um projeto complicado, grande. Eu também estou me integrando a um programa de um querido amigo meu que foi meu sócio na editora girafa, um programa social no Sertão e eu também vou escrever dentro do espírito social do Sertão. Eu sou um sertanejo enraizado. Dizem que eu sai do Sertão, mas o Sertão nunca saiu de mim.

MaisPB – Você citou Maria Isabel Pimentel de Castro pelo menos umas três vezes. Que momento é esse que esta vivendo e como é que foi esse encontro e que fase é essa aos setenta anos pai de novo?

Nêumanne – Isabel foi a mulher mais bonita que já vi na minha vida. É muito mais inteligente que eu. É minha diretora em tudo na vida. Ela disse que queria ter um filho meu e eu não resisti. E estamos vivendo um idílio muito complicado porque é um bebê que tem dos anos e três meses.  …O bebê é uma alegria, o menino é muito bonito e me deu a alegria de perpetuar meu nome, que é um nome inventado, e eu virei patriarca com um filho de dois anos de idade e de vez em quando eu tenho que ter três anos de idade no máximo.

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