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Marly Lúcio é jornalista pela UFPB, com MBA em Marketing pela FGV. Foi secretária de Comunicação e de Ciência e Tecnologia do município de João Pessoa. Sócia-diretora da Múltipla Comunicação Integrada, empresa especializada em gestão de imagem e assessoria de imprensa.

Histórias mal contadas prejudicam reputações e desinformam

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publicado em 28/08/2021 às 12h21
atualizado em 28/08/2021 às 09h31
Crédito: Montagem com imagens de reprodução da Internet

Essa não é uma equação nova. Quem puxar pela memória vai lembrar-se de, pelo menos um caso, em que uma história contada de forma errada gerou uma repercussão diferente da realidade, ajudando a criar uma reputação negativa sobre algo ou alguém. É o famoso “telefone sem fio”. O fuxico. Aquela conversa “lá de nós” de que “o povo diz …”.

Nesse nosso tempo, a disseminação de informação falsa ganhou ares de oficialidade, transvestindo-se de notícia e logo virando “fake news”.  Nessa categoria entra a desinformação, aqueles conteúdos falsos, imprecisos, distorcidos ou fora do contexto – intencionais ou não; e aqueles criados propositadamente falsos: com a intenção de enganar.

Atire a primeira pedra quem achar que está livre de se ver envolvido em um desses casos. Ninguém está imune e as situações que podem levar uma pessoa a tornar-se alvo de “fake news” são diversas com chances de desfechos profundos. E fatais.

No Brasil, um dos casos mais graves aconteceu no ano de 2014.  Uma moradora do Guarujá foi morta por linchamento. Confundida com uma suposta sequestradora de crianças, após a disseminação de um retrato falado em uma página do Facebook, sobre a presença de uma mulher que raptava crianças na cidade para a prática de magia negra, uma inocente foi trucidada.

A apuração policial concluiu que não havia denúncias de sequestro no município e o retrato falado disseminado amplamente na página “Guarujá Alerta”, com 56 mil curtidas no facebook, era completamente diferente da vítima. Clique AQUI para saber mais sobre esse caso.

Muitas situações de agressões, de reputações prejudicadas e de problemas de ordem jurídica são vivenciadas por pessoas em todo o mundo devido à disseminação de notícias falsas. No Brasil, projeto de lei de combate às fake news (PL 2630/20) está em tramitação no Congresso e divide opiniões sobre a possibilidade de haver brecha para censura e cerceamento da liberdade de imprensa dos veículos de comunicação.

Virei alvo de “fake news”, e agora?
Ser alvo de uma “fake news” e administrar esse tipo de situação não é tarefa fácil. Há uma série de dados reveladores sobre como a desinformação dissemina-se numa velocidade muito superior às informações verdadeiras. Por isso, atuar com agilidade é uma necessidade, mas a não pode ser de forma intempestiva. É preciso equilibrar a relação com o tempo para poder ter uma estratégia assertiva e rápida, fruto de um planejamento mínimo.

Adotar um posicionamento público sobre o assunto, estabelecendo a verdade e corrigindo equívocos é um dos primeiros passos a serem tomados. Planeje as formas de divulgar a sua versão sobre o assunto. Isso pode ser feito através de uma Nota Pública, contando com o trabalho de uma assessoria de imprensa para fazer a nota chegar aos veículos de comunicação; realizar a divulgação nas redes sociais – às vezes, patrocinar o post – e monitorar comentários e postagens de outras pessoas.

Realizar estratégias de SEO (Search Engine Optimization) para ranquear o conteúdo junto aos buscadores é outra ação que poder ser necessária. Um levantamento do Google mostra que 95% das pessoas não passam para a segunda página quando fazem uma pesquisa. Então a estratégia é fazer com que o conteúdo negativo vá para da segunda página adiante.

Mas, para isso, é preciso produzir material positivo, obtendo resultados orgânicos. São esses conteúdos que aparecem de imediato, abaixo dos anúncios, fazendo com que o que foi divulgado de forma negativa vá “descendo” para as páginas seguintes da busca. O SEO ajuda a fazer esse posicionamento.

Outro ponto importante, em muitos casos, é fazer um registro junto às autoridades policiais. Isso resguarda oficialmente a pessoa alvo da “fake news”, sua versão do assunto e confere ares de idoneidade ao seu discurso. Afinal, como prega a sabedoria popular, “quem não deve, não teme”. Analisar a possibilidade de acionar a justiça também pode ser necessário.

Esses são alguns dos caminhos. Todavia, cada situação precisa ser analisada nos seus aspectos particulares, avaliando os casos, a dimensão da repercussão, a gravidade do assunto e tantos outros elementos. São pontes e não pontos.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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