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A cúpula do PDT deixou com o ministro Manoel Dias (Trabalho) a decisão de saída ou permanência no cargo, e decidiu que que não indicará mais ninguém para o posto ou para qualquer outro ministério até o fim do governo Dilma Rousseff.
Segundo o líder do PDT na Câmara, deputado André Figueiredo (CE), o partido entende o "momento extremamente angustiante" pelo qual passa o ministro e a renúncia de Manoel Dias "está sendo avaliada". Ele recebeu em seu apartamento na manhã desta quarta-feira (18) o ministro, o presidente do PDT, Carlos Lupi, e outros integrantes da bancada pedetista no Congresso.
Conforme Figueiredo, Manoel Dias fez um mea culpa em relação ao tom de entrevista publicada nesta quarta-feira (18) pelo jornal "O Globo". Nela, o ministro afirma, em tom de ameaça, que, se for demitido, "tomará providências".
"Está sendo avaliado [se entrega o cargo]. Se o próprio ministro resolver, até por conta de que, às vezes, você pode até cometer alguns deslizes, e ele admitiu que essa entrevista que saiu hoje não foi feliz, estava até querendo fazer um pedido de desculpas formal, então ele toma a decisão de eventualmente sair", afirmou o deputado.
Figueiredo, no entanto, acha que "não é o caso agora" de sair. Mas deixou claro que, uma vez concluída a operação pente-fino determinada pelo ministro em convênios firmados pela pasta desde a década de 1990, Manoel Dias poderá deixar o cargo com o sentimento de "missão cumprida".
"O ministro está obstinado na questão de fazer um pente-fino no ministério e deixar isso como legado. Se ele conseguir em 15 dias, 20 dias, missão cumprida, saio do ministério", afirmou o líder do PDT, que depois buscou corrigir a afirmação: "Não é que ele vá sair do ministério, ele vai deixar essa missão cumprida."
O cenário de uma eventual demissão, no entanto, já está desenhado com contornos mais definitivos. Embora afirme que o PDT permaneceria na base do governo Dilma, André Figueiredo diz que o partido não indicará nenhum nome para substituir Manoel Dias.
"Se o ministro resolver renunciar, uma coisa vocês podem anotar: não existe a menor possibilidade de o PDT indicar outro nome, nem para esse ministério, nem para nenhum outro nessa gestão. Esse é um ponto decidido. Mas isso não significa rompimento", afirmou o líder do partido.
O presidente do PDT, Carlos Lupi, concordou com a avaliação. "Essa possibilidade [de o partido indicar um substituto para Manoel Dias] é remotíssima."
Mostrando abatimento, Manoel Dias deixou a reunião sem dar entrevistas. Perguntado sobre sua situação no ministério, ele subscreveu o que havia dito André Figueiredo. "O líder da bancada já falou em nosso nome", disse.
Perguntado sobre a quem eram dirigidas as ameaças feitas na entrevista concedida ao "O Globo", afirmou: "Eu só tenho isso a declarar. Não tenho mais nada a declarar."
Lupi criticou a imprensa. "Eu não sei o que é justiça ou o que não é justiça. Eu só sei que a imprensa só publica aquilo que quer. Aí não tem jeito. Adianta eu brigar com você? Não adianta. O editor vai dizer: tem que ser assim, tem que ser assado. Aí ele vai escolher a pior foto, o pior ângulo, entendeu? Eu desisto. Quando vocês escolhem alguém pra Cristo, tem que apanhar até acabar. Não tem jeito", afirmou.
Folha.com
CABEDELO - 13/11/2025