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Mulher com Alzheimer tatua contatos da família no braço

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publicado em 15/09/2017 às 17h48
atualizado em 15/09/2017 às 14h50

Convivo com Alzheimer”. A frase, seguida de contatos de familiares, foi tatuada pela dona de casa Célia Maria Oliveira, 64 anos, que mora em Salvador, como foram de prevenção, caso ela se perca e não consiga voltar para casa. Capixaba, mas moradora da Bahia há alguns anos, Célia descobriu a doença há 6 anos e teve que reprogramar a vida.

Agora, ela faz o eforço diário de aprender coisas novas. O celular tem sido um aliado. “Eu fui uma das primeiras programadoras de computador do Brasil, no Rio de Janeiro. Não tinha computador no Brasil ainda e quando receberam os computadores me chamaram para conhecer. Hoje eu não consigo trabalhar com ele [computador], fazer nada. Então, me apeguei mesmo ao celular”, relata.

Célia hoje trata a doença com remédios, divididos em comprimidos, injeções e adesivos, que a ajudam a controlar o problema, que não tem cura. Os gastos ultrapassam os R$ 900 por mês.

 Lembrar palavras, acompanhar uma leitura e até mexer no celular são atividades que já não são mais tão fáceis para Célia, desde o diagnóstico da doença. A dona de casa já foi secretária executiva, falava dois idiomas, e operava computador como ninguém.

“[Eu] sempre dava ideias pra as pessoas. Se eu saísse no shopping, e você me perguntava, eu sabia o que tinha nas lojas. Depois fui perdendo tudo isso. Aí foi ficando mais difícil”, afirmou.

Nas paredes do quarto, a dona de casa dá um jeito de colocar referências das coisas que gosta e também do que precisa, como os remédios. Ela conta que o apoio da família e dos amigos é fundamental.

A filha dela, a estudante Luiza Oliveira, contou como convive com o problema da mãe. “Meu maior medo era que isso acontecesse um dia, que um dos meus pais tivesse alguma doença e que ela não tivesse cura. Desde que eu soube eu tento não pensar muito no amanhã, mas no hoje. A gente aproveita. A gente dá risada, eu saio com ela. Tem que aproveitar”, diz a estudante Luiza Oliveira, filha de Célia.

Para estimular a memória e o raciocínio, Célia ganhou uma agenda onde responde uma pergunta por dia, como quem são as pessoas mai importantes da vida dela. Isso nem o Alzheimer faz ela esquecer.

“Primeiro meus filhos, minha família toda, meus irmãos, que são maravilhosos e amigos. [sem eles] seria praticamente impossível. Eu acho que eu estaria embaixo da cama contando as poeirinhas passando, porque não teria um porquê de estar lutando”, reforça a dona de casa.

A doença de Alzheimer é um transtorno neurodegenerativa que atinge, na maioria das vezes, pessoas com mais de 60 anos, comprometendo as atividades de vida diária e provocando alterações no comportamento.

O esquecimento é um dos principais sintomas. A perda da memória recente vem primeiro e a perda da memória remota (fatos mais antigos) já é um sinal de avanço da doença.

G1

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