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Professor de História pela UFPB e analista político

Cida Ramos vai à luta

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publicado em 04/05/2016 às 10h59
atualizado em 04/05/2016 às 08h54
Na última coluna, argumentei que a substituição da candidatura de João Azevedo tinha estreita relação com a conjuntura política nacional e local, que foi alterada profundamente nos últimos meses. 
 
Ontem, quem viu e ouviu as três entrevistas seguidas que Cida Ramos concedeu – uma coletiva na API e outras duas aos programas de rádio Correio Debate e Rádio Verdade, − chegou facilmente à conclusão de que o PSB optou não apenas optou por um novo perfil, mas por um outro estilo de candidata: Cida, como se esperava, foi mais afirmativa, mais segura, mais política, mais empolgante, enfim. 
 
É o que se espera de uma candidata, especialmente em tempos de ebulição política. Cida certamente despertou o ânimo da militância socialista e ricardista, que andava sonolenta com o ritmo do discurso de João Azevedo, que parecia falar de e para uma cidade distante, apesar de mostrar grande conhecimento sobre ela.
 
Cida falou deu forma mais real aos problemas reais da cidade, que todo cidadão reconhece quando se defronta com eles. Referiu-se a cidadãos e cidadãs reais para reforçar as imagens dos problemas que a nova candidata do PSB identifica e que deseja resolver caso eleita.
 
Enfim, nas entrevistas de ontem, Cida confirmou esse atributo bastante conhecido de quem a conhece e acompanha sua trajetória e que a fez liderança onde quer que ela tenha atuado (movimento estudantil secundarista e universitário, movimento de professores, administração universitária e no governo estadual).
 
Ontem, a Paraíba pode ter visto serem liberadas as forças de uma liderança cuja capacidade política e potencial eleitoral ainda não foram devidamente medidos porque até então Cida Ramos nunca se dispôs a disputar eleições. 
 
Cida mostrou-se capaz de, através do discurso, estimular não apenas uma atitude mais reflexiva do eleitor, mas deixar antever a força carismática, agora num plano muito mais amplo, de sua liderança.
 
Por isso, Cartaxo sentiu imediatamente o golpe, o perigo que é enfrentar uma candidata com as características Cida Ramos que conta com o apoio de Ricardo Coutinho numa cidade como João Pessoa. É uma aritmética política cujo resultado ainda haveremos de conhecer, mas que não é preciso muitos cálculos para saber chegar até eles.
 
Um aviso aos navegantes: ninguém entre as lideranças políticas paraibanas atuais, além de Ricardo Coutinho, conhece mais as qualidades políticas de Cida Ramos do que o prefeito Luciano Cartaxo, com quem, por razões políticas e pessoais, conviveu de perto na juventude. 
 
A João Azevedo, por exemplo, Cartaxo não concedeu o “privilégio” político de uma confrontação aberta que antecipa uma polarização. Contra Cida Ramos, ao contrário, Cartaxo nem esperou pela formalização da pré-candidatura da socialista para abrir fogo contra ela.
 
Cartaxo sabe antes de tudo que o apelo que Cida pode despertar vai além do eleitorado que irá as urnas no dia da eleição. Essa mudança de candidato do PSB abre novas possibilidades que podem atingir as alianças do próprio Cartaxo. Vejam o caso do PCdoB. 
 
Ontem, Cida informou em uma das entrevistas que os contatos com o partido no qual ela iniciou sua militância política estão “adiantados”. Não será nenhuma surpresa, portanto, se o PCdoB, até a realização das convenções, mude de posição e reconheça que o perfil de Cida Ramos guarda muito mais identidade com as posições históricas do partido aqui na Paraíba e no Brasil.
 
No caso do PT, apesar de achar mais difícil uma mudança, não se deve abandonar a hipótese de que o partido possa, daqui até as convenções, ou seja, daqui a dois meses e meio, abandonar a ideia de lançar candidatura para apoiar a candidata do PSB. 
 
A conjuntura política está muito aberta e prenhe de possibilidades. Muita coisa vai acontecer no Brasil até o final de julho.
Mas, uma análise sobre a candidatura do PT merece uma reflexão mais detalhada e isso nós faremos em breve, assim como a do PMDB de Manoel Júnior, agora denunciado por envolvimento na Operação Lava Jato ao STF.
 
Enfim, Cida Ramos ontem mostrou a parte do eleitorado algumas de suas qualidades como candidata, o que pode ser apenas uma amostra do que estar por vir no guia eleitoral e nos debates.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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