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Professor de História pela UFPB e analista político

E se Cássio não tivesse rompido com Ricardo?

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publicado em 05/04/2016 às 23h45

Quem foi ao ato pela democracia que lotou o Ponto de Cem Réis na última quinta, 31, e ouviu o discurso de Ricardo Coutinho percebeu o grau de envolvimento que hoje move o governador contra a possibilidade de derrubada da presidenta Dilma Rousseff. E, no caso atual, contra a ascensão de Michel Temer.

Essa posição não é nenhuma novidade. Desde o final de 2014, quando ficou claro que o PSDB não aceitaria a derrota, Ricardo Coutinho tem assumido uma posição corajosa em defesa da governabilidade e da manutenção das regras do jogo.

Alguém que assistia ao meu lado o discurso fez uma pergunta enigmática: “Será que se Cássio tivesse mantido a aliança em 2014, Ricardo teria essa posição hoje?”.

O “se” na História é inútil porque não é possível testá-lo como hipótese. Cássio rompeu com Ricardo e esse fato delineou novos caminhos para a história política do nosso estado.

Mas, nós haveremos de concordar, por mais inconveniente que seja, a pergunta tem razão de ser.

Imaginemos por um segundo que, em 2014, Cássio tivesse atendido aos apelos do então aliado Ricardo Coutinho para manter a aliança celebrada em 2010.

Quais seriam as consequências práticas disso para o posicionamento do PSB paraibano?

Primeiro, a aliança com o PT não teria acontecido e Lygia Feliciano também não seria hoje vice-governadora.

No plano nacional, certamente seria mantido o apoio a Eduardo Campos e, depois, a Marina Silva no primeiro turno.

Mas, e no segundo turno? Ricardo Coutinho teria apoiado Dilma contra Aécio, como fez, ou teria seguido a decisão da direção nacional do PSB de apoiar o tucano, ainda mais com o aliado Cássio pressionando por esse posicionamento?

Em 2010, todos lembram, RC não pediu um voto sequer para Dilma Rousseff, e chegou a participar de comícios ao lado de José Serra, como o que aconteceu em Cajazeiras.

Já em 2014, RC fez um duro discurso contra Dilma Rousseff quando Marina Silva, já como a candidata do PSB, visitou a Paraíba e assumia naquele momento a dianteira nas pesquisas.

O “medo” do desemprego e da inflação foi o mote do governador.

Portanto, não é todo arbitrário pensar que, não fosse a decisão de Cássio de romper unilateralmente a aliança, a posição de Ricardo Coutinho talvez fosse outra hoje, mais em sintonia com o seu aliado no estado e, principalmente, com a posição nacional do seu partido.

Felizmente, para Dilma Rousseff, Lula e os apoiadores do PT espalhados pela Paraíba e pelo Brasil afora, o “se” que move esse texto não passa de uma mera e inútil hipótese, e Ricardo Coutinho mantem-se no campo oposto do que Cássio Cunha Lima, líder da oposição no Senado, encontra-se hoje.

Mesmo que Efraim Filho e o Dem continuem exatamente onde estão desde 2010. Mas, como diria o juiz Sérgio Moro, isso não vem ao caso.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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