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Deus está morto… e a política, também

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publicado em 03/04/2016 às 13h31

Lembro de meus olhos jovens e esbugalhados e do frevo rasgado em meus valores morais ao ler Nietzsche. O filósofo ensinou a muitos leitores que dizer não a Deus pode nos tornar seres muito melhores. Desde a adolescência eu já achava razoável imaginar que a fé em Deus poderia tornar nocivos nossas atitudes e comportamentos. Ainda hoje tento superar a moral construída a partir da religião. Não é fácil…

A leitura de ‘Deus está morto’ é basicamente a prova de que precisamos desconstruir conceitos para construir algo melhor. Lembrei do filósofo e de suas idéias ao escutar as críticas do ministro Luís Roberto Barroso, membro do STF, ao sistema político brasileiro. “A política está morta”, disse Barroso. E está mesmo. Estou certo de que teremos um panorama político bem melhor quando todos percebermos que ela se foi…

Durante audiência com alunos, Barroso reclamou da falta de alternância de poder e disse que a “política morreu”, fazendo alusão clara ao desembarque do PMDB da base aliada do governo Dilma Rousseff. “Temos um sistema político que não tem um mínimo de legitimidade democrática”, disse Barroso. É. Um sistema político que permite valores morais duvidosos…

Aos que desejam o golpe (e teimam em chamá-lo de impeachment) recomendo uma luta que é muito mais valiosa: a luta pela democracia. E, vencida esta luta, recomendo uma verdadeira guerra: a guerra pela mudança do sistema político, que – segundo Barroso – “se tornou um espaço de corrupção generalizada”.  Deus está morto, ministro, mas ainda dá para ressuscitar a política e barrar esse modelo que estimula a fraude e é feito para não funcionar.

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