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Jornalista desde 2007 pela UFPB. Filho de Marizópolis, Sertão da Paraíba. Colunista, apresentador de rádio e TV. Contato com a Coluna: [email protected]

Carnaval: com nosso dinheiro, não

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publicado em 08/03/2011 às 13h15

Não sou hipócrita de recorrer ao velho e sussurrado arrodeio“não tenho nada contra”. Digo na bucha e vou direto ao assunto: tenho tudo contra o carnaval. Me abstenho, entretanto, de escrever uma lista de argumentos contrários ao modelo atual que tornou grotesca a folia de momo. Mas essa é uma questão de gosto. O carnaval, cada vez menos original, está aí e ponto.

Sou da opinião, amplamente minoritária, que um país como o nosso não se pode dar ao luxo de torrar milhões com festas e ao mesmo tempo ignorar a miséria e ultrajantes condições de habitação de seus milhares de filhos, cujos gritos são abafados pelo som do batuque pago com o dinheiro público. É um tapa na cara da cidadania e um deboche com o mais pobre.

Em Aracati, vizinho Estado do Ceará, a juíza Simone Bulcão enfrentou essa distorção. Mandou suspender no começo do mês os gastos com o carnaval, até que o prefeito botasse o hospital municipal para funcionar. A Prefeitura gastaria mais de R$ 2 milhões com a folia, mas não depositava um real para deixar a unidade em condições de socorrer a população.

A Paraíba, dona de absurdos índices de desenvolvimento humano, deveria baixar um decreto proibindo a gastança com carnaval e quaisquer outras festas. Blocos, associações, clubes e os amantes da folia deveriam se bancar ou captar recursos da iniciativa privada. E o povão? O povo brinca com ou sem carnaval institucional. Afinal, essa é uma festa espontânea, não é?

E não me venham dizer que Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco investem montanhas de verbas públicas nesse período. Para eles, a época é um filão. Pra gente, poderia ser tempo de poupar. Não é questão de complexo de inferioridade. É questão de prioridade. Antes de trazer trios e bandas de axé, vençamos nosso humilhante subdesenvolvimento. Primeiro o dever, depois a diversão.

Exemplo 1 – Nessa época, Lucena, litoral norte, fica pequena e a Prefeitura gasta tubos. Quem visita os arredores do lugar vê sem dificuldade que nenhum centavo gasto esses anos diminuiu a pobreza no município.

Exemplo II – Em João Pessoa, conta-se nos dedos os blocos de verdade do Folia de Rua. A maioria deveria assumir sua natureza: festa privada de gatos pingados patrocinada pelo poder público. Eu vi!

Ainda o Aeroclube, os interesses e a opinião do leitor – O leitor Patrick Dansk ([email protected]) lembra que há muitos empresários “casca grossa” na espreita da desapropriação do Aeroclube. Fala também na especulação imobiliária, mas guarda uma crítica ao prefeito. “Chama a atenção de todos esse afã do senhor Agra em criar um parque no Aeroclube, quando se sabe que existem muitas áreas disponíveis em todo o bairro”.

Rugindo contra a imprensa paraibana – Já a leitora Ana Maria Leão (nitaleão_1@hotmail) manda o recado. “Mirem-se no jornalismo de países europeus Assistam tvs desses países. Faz-se o comentário do acontecimento e nunca fofoca. Sugerem soluções e não agitações, pois, esse povo sabe o que é patriotismo…”

E continua o desabafo – “…O bem maior é o que importa. Estamos muito longe de sairmos dessa mesmice que só leva ao atraso. Por favor não subestimem a inteligência das pessoas”. Ana Leão se refere ao que chama de jornalismo de picuinhas e sugere o uso das letras na construção de uma Paraíba maior.

Mosca na sopa – O deputado Toinho do Sopão (PTN) promete esquentar a Assembléia depois do carnaval. Ele vai apresentar um projeto de lei para proibir a nomeação de parentes de prefeitos nas Prefeituras.

Maldade… – Pelo discurso moralista e propositura vanguardista, deve ser mais uma mentira dos adversários a história que Toinho teria emplacado a mulher num bom cargo na Secretaria de Desenvolvimento.

Transferência – O deputado Branco Mendes (DEM) tem como irreversível sua candidatura a prefeito do Conde em 2012. “Fui o deputado majoritário com 1.700 votos, mesmo sem apoio de um vereador”, argumenta.

Foro íntimo
Depois de gerar muito ciúme por ter sido a única política presente ao casamento do governador, a vereadora pessoense Raíssa Lacerda (DEM) explica à coluna. “Fui como amiga de Pâmela Bório”.

Afinadas – A propósito, a primeira-dama visitou a vereadora ontem, em pleno carnaval, num dos bangalôs de um condomínio privado do litoral norte. As duas comungam de preferências pessoais e políticas.

Sac de gatos – O vereador Sérgio da Sac fica no PRP, mas revelou convite do PT. Na ausência de afinidade ideológica, pelo menos uma característica aproxima o parlamentar do partido: a barbicha.

Carnaval carioca – O deputado federal Efraim Filho (DEM) não quis este ano descansar em terras tabajaras. Preferiu repousar da jornada parlamentar no Rio de Janeiro. Os eleitores de Cajazeiras sentiram falta.

Pitimbu – Tá explicado porque Marquinhos é Dez já impetrou cinco pedido de liminares para ficar na presidência da Câmara. Em um mês, emitiu 20 cheques sem fundos. Quer bater o próprio recorde.

PINGO QUENTE “Ninguém esperava que o girassol picasse os servidores estaduais”. Do ex-candidato ao Governo pelo PSOL, Nelson Júnior, que conclui tese de doutorado, mas não esquece das dissertações políticas.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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