João Pessoa, 22 de junho de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Eu teria muitos anos nos dezanove ou vinte anos e queria muito escrever em jornais, mais até do que publicar livros, já que os livros fizeram residência na memória. Talvez porque escrever livro é coisa seria, muito seria – um romance, um conto, é bem diferente da crônica, algo mais denso, mais cinema, mais espaço geográfico. Esquece. Aliás, (perdoe este momento de soberba que pagarei em rigorosos planos prestacionais aos balcões da Eternidade)
Imagina aí os pilares da eternidade que na verdade, devemos reservar o melhor do que sabemos, do que somos, para mostrar aos deuses nas horas finais.
Mas não é do meu pai que estou querendo falar, embora ele seja recorrente em tudo que faço, do delírio que vem dele, da minha voz de quem tive o privilégio de ser o último filho e entrar numas.
Jamais esqueça que saber escrever é um privilégio – das primeiras letras no Grupo Duque de Caxias, até hoje sou um estrangeiro, não consigo ser só ser, pois sendo humilde, quero dizer, já posso me sentir personagem.
Mas como é raso o meu talento, para escrever e ilustrar as páginas das canções mineiras, coisas que só Milton Nascimento fez “Todos os sentimentos me tocam a alma, Alegria ou tristeza”. Se eu soubesse tocar um instrumento, jamais seria jornalista e certamente por isso nunca vou saber escrever livros. Sou um adorador do sol, do sol na moleira
Mas tergiverso, perdoem. Dizia eu que teria uns dezanove ou vinte anos e bem antes a necessidade de trocar o sertão pelo mar, homem magro sem medalhão no pescoço, e cabelo ao vento. O convite era para um encontro e o encontro foi um pulo, como se eu fosse um trapezista e minha paixão era o trapézio.
Eu não falhei porque oportunidades assim não as havia todos os dias. Eu não tinha mala, duas camisas e duas calças. Alguns amigos mais sensíveis (esses me abandonaram) ainda se lembram do que fizeram por mim, mas nunca estive no beijo do asfalto e os desejos me multiplicaram. Sou adorador do sol.
Eu adorava cerveja, hoje não tomo mais. Eu fazia parte da categoria social a que então se dava o nome de “remediado”. Tinha uma única nota no bolso, no osso, mas segui vivendo
Na pandemia escrevi um romance com 28 capítulos e dei o nome de ´Pancadas no morto´ mas não devo, não posso publicar, pois os únicos que deveriam falar sobre a morte são os que já morreram.
E já havia Rita Lee e sua completa tradução, hoje não existe mais Rita Lee.
Kapetadas
1 – A gente demorou pra aprender a usar o cérebro agora veio a AI e…
2- Fui assaltado tantas vezes pelo mesmo ladrão que hoje recebi cashback.
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SÃO JOÃO NA 'HORA H' - 20/06/2025