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Jãmarri Nogueira: o jornalista que dribla o tempo  

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publicado em 08/04/2024 às 08h31
atualizado em 08/04/2024 às 13h20

 Kubitschek Pinheiro – MaisPB

Não, Jãmarri Nogueira não é um jornalista acima do seu tempo, pelo contrário, ele dribla o tempo. Ele marcou em seu tempo de repórter, nos impressos mortos a sua verve e, mesmo vivendo hoje noutra vibe, Jãmarrí se multiplica sem, ter deixado para trás a ironia e o sarcasmo. Tá na cara. Talento, capacidade criativa e uma disposição para o trabalho, acima de qualquer modelo.

Nasceu para isso, botar a boca no trombone e espalhar seu conteúdo. Sua vida não fora feita para a burocracia. Sempre novos desafios. E em todas atividades a que se dedicou e está só no começo – o rapaz vai completar 52 anos em outubro,inclusive produzindo, redescobrindo.

É graduado em Jornalismo pela UFPB e pós-graduado em Jornalismo Cultural pela FIP. Atua como jornalista há 30 anos, tendo integrado equipes dos jornais O Norte, A União, Jornal da Paraíba e Correio da Paraíba.

Foi colaborador também de O Globo e O Estado de S. Paulo. Na área de rádio, trabalhou na Cabo Branco FM, Cidade Verde AM, CBN e Tabajara FM. Ainda nos portais 247 e MaisPB. Já integrou o corpo docente da graduação em Jornalismo da FIP. Atualmente, integra a Assessoria de Comunicação da Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc).

É crítico de cinema na Band News Manaíra e tem blog cultural no Portal T5, além de apresentar o programa Espaço Cultural (na Tabajara FM). Atua como cerimonialista/apresentador de diversos eventos, como o Fest Aruanda (festival de cinema) e o Festival de Música de Paraíba.

Quer mais? Então leia a conversa dele no Espaço K cheia de descobertas e estamos aí para o que der e vier. Mete bronca, Jãmarrí Nogueira.

Espaço K – Vamos começar por aqui – tem alguma pessoa que olha pra você e diz – “corte esse cabelo?”

Jãmarrí Nogueira – Somente minha esposa [risos]. É que ela tem saudade do meu visual carequinha… Ainda assim é a pessoa que vive falando para eu olhares produtos de hidratação e usar toquinha para não danificar o cabelo quando piloto minha moto. Jam e sua toca… Mas que união feliz…  [risos] Brincadeiras à parte, importante a gente falar sobre como o cabelo é elemento de empoderamento. Passei maior parte da minha vida usando cabelo muito curto e passei a máquina zero por quase duas décadas. Só deixei o cabelo crescer quando tive consciência de minha pretitude. Isso eu já tinha 40 anos de idade. Faço 52 anos em outubro… E embora ninguém verbalize o ‘corte o cabelo’, muitas vezes eu percebo os olhares preconceituosos para o meu black ou quando uso dreads… A sociedade se assusta quando um preto é afirmado! E o cabelo – elemento de empoderamento – é uma maneira de se afirmar.

Espaço K – Eu sempre lembro da gente, de você trabalhando feito um bicho no Jornal Correio, editor do Caderno Milenium  etc. Valeu a pena?

Jãmarrí Nogueira – Eita como a gente trabalhava…! Feito bicho é uma boa figura de linguagem… [risos]. Por duas décadas eu tive a oportunidade de trabalhar no jornal Correio da Paraíba, após uma breve passagem pelo jornal O Norte. Pude – de maneira mais intensa, aprender jornalismo no batente com profissionais excepcionais. Entrei no Correio quando Giovanni Meireles era o editor geral. Depois ainda tive como editores os saudosos Lena Guimarães e Walter Galvão e minha queridíssima Sony Lacerda. Uma equipe que tinha Carlos Aranha, José Carlos dos Anjos, Fábio Cardoso, Josival Pereira, Renata Ferreira, Andréa Batista, Ricardo Araújo, Paulo Maia, José Marques, Assuero Lima, Mano de Carvalho, Pessoa Júnior, Nonato Bandeira, Renato Félix, Astier Basílio e tantos outros. Profissionais diferenciados que têm suas marcas no jornalismo paraibano.

MaisPB – Mas como começou o métier?

Jãmarrí Nogueira –  Comecei como repórter de Cidades no Correio, mas tive a oportunidade de transitar em diversas editorias, reportando e também editando. Fazendo até charge, por ‘culpa’ de Walter Galvão. [risos] Passei por Esportes, Economia e – pasme!!! – Política, com o saudoso Adelson Barbosa. Na área de Política também fui repórter do MaisPB! E foi uma honra ter Cristiano Teixeira como editor e Heron Cid como chefe. Mas, voltando para o Correio, lá eu editei também Veículos, Revista da TV, Concursos… O caderno Milenium – que havia sido criado por Walter Galvão – foi um presente para mim! Um caderno sobre ciência, tecnologia, religião, espiritualidade e ideias. Uma diversidade fantástica para um caderno dominical. Mas, minha área de predileção sempre foi Cultura. Não à toa eu fiz minha pós-graduação em Jornalismo Cultural. E foi nesse setor que construí minha imagem jornalística, atuando como colunista, repórter e editor. Tenho muito orgulho de minha trajetória, do jornal O Norte à chefia da Assessoria de Imprensa da Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc). Nas últimas três décadas fui professor da gradução em Jornalismo das Faculdades Integradas de Patos (FIP) e fiz assessoria parlamentar na Assembleia Legislativa da Paraíba. Passei ainda pelos portais Tambaú 247 e MaisPB, pelos jornais A União e Jornal da Paraíba, com experiência como free lancer nos jornais Gazeta de Alagoas, O Globo e O Estado de S.Paulo. Também passei pelas rádios Cabo Branco FM, Cidade Verde AM e CBN. Atualmente, apresento um programa de rádio da Funesc na Tabajara FM onde a gente só toca música da Paraíba e sou colunista de cinema na Band News, além de ter um blog de Cultura no portal T5, o Clape Clape Clape. Então, respondendo mais resumidamente a sua pergunta: valeu muito a pena!

Espaço K – De onde vem o Jãmarrí do Nogueira. Acho que você é o único por essas bandas que tem esse nome bonito, né?

Jãmarrí Nogueira  – Você é um dândi, Kubão. [risos] Jãmarrí é um aportuguesamento do meu nome de batismo. Ele surge assim que eu inicio a graduação em Jornalismo na UFPB, em 1991. Na mesma turma de Sony Lacerda, Alessandra Torres, Clóvis Roberto, Socorro e Silva, Dulcivânia Freitas, Juneldo Moraes, Rose Viegas, Débora Pires, Adja Brito, Janaína Araújo, Sheilla Raposo, Renata Ercília, Wanini Emery, André Ricardo Aguiar e João Carlos Beltrão. Minha mãe foi no cartório para tirar meu registro e levou meu nome francês anotado em papel, mas se permitiu convencer pela funcionária de que a grafia estava errada e que a pronúncia era outra. [risos] Durante muito tempo pensei em buscar a Justiça para alterar o nome, mas terminei me acostumando e passei a achar que não valia a pena. Sou Jãmarrí. É assim que me reconheço.

Espaço K – Você tem cara mesmo de jornalista atrevido, que já carregou nas tintas muitas verdades. Vamos falar sobre isso?

Jãmarrí Nogueira  – Já fui Tacape na Testa! [risos] Esse foi o título de minha coluna no jornal Correio da Paraíba por muitos anos. Construí uma ‘fama de mal’, publicando textos bem apimentados e com um teor crítico altíssimo. Entrevistando, sempre busquei a pergunta que tirasse a casquinha da ferida… Lembro sempre de José Carlos dos Anjos me dizendo que a gente não é jornalista para fazer amigos… Também me recordo de Wellington Farias, que sempre teve essas tintas mais fortes e ficou conhecido como ‘Língua de Tesoura’. [risos] Não me identifico mais com o Tacape na Testa, mas estou certo de que ele foi importante para a minha formação e que teve importância na cena cultural paraibana. Minha fase agora é ‘Clape Clape Clape’, blog que tenho no portal T5.

Espaço K – Casado com Gisele há muito tempo, pais de dois filhos Theo e a menina. Como anda a sagrada família?

Jãmarrí Nogueira  – Acho que é mesmo sagrada a família. Isso em todas as possibilidades de formatação! Família é muito mais papai, mamãe e filhinhos! Mais que cachorro, gato e galinha! Mais que almoçar junto todo dia e dormir junto todo dia. Dentro dessa pluralidade de alternativas importante é que haja união familiar e respeito. E sempre que alguém escorregar, que a família trate de abraçar e reencaminhar… Este ano faço 20 anos de parceria erótico-afetiva com Giselle Virgínio. É a mulher que, definitivamente, me tornou uma pessoa melhor. Nosso filho Theo já está com 16 anos de idade. E temos também Amora, que acaba de festejar 7 anos de idade.  Estamos todos bem, como em um filme italiano… E que bom que temos uns aos outros! Que bom que nos amamos!!!

Espaço K – Falando em casamento, daqui a pouco, não sei, talvez, seremos avôs?

Jãmarrí Nogueira  – Espero poder envelhecer para estragar meus netos. [risos]  Não sei dos planos de Vitor, seu filho, mas o meu filho parece não estar muito interessado em ser pai. Não nos próximos 10 anos! E minha filha ainda está muuuito longe disso. [risos] A ideia de ser avô, porém, me agrada bastante.

Espaço K  –  O que você Jãmarrí acha dessas redes sociais cheias de mimimi?

Jãmarrí Nogueira  – Camarada, minha percepção é de que reclamar é importante, mesmo que você não queira fazer sucesso e vender disco de protesto. [risos] As redes sociais representam uma espécie de democratização dos espaços de opinião. Isso é tão bom quanto perigoso. O que preocupa é esse espaço ser usado como tribunal da Internet. As redes sociais e os aplicativos de relacionamento se tornaram áreas férteis para plantio de fake news e julgamentos morais e cancelamentos. Dor e prazer. Beleza e vilania. Delícia e dissabor.

Espaço K – E por falar em saudade, onde anda você, trabalhando muito?

Jãmarrí Nogueira  – Trabalhando bastante. Estou na Assessoria de Imprensa da Funesc há quase 10 anos. E todo mundo sabe que a Funesc não para! É uma oportunidade gerar conteúdos e de publicizar ações e ser mestre de cerimônias de eventos grandiosos como o Festival de Música da Paraíba. Através da Funesc também apresento e edito o programa Espaço Cultural, que está grade da Rádio Tabajara e viajo para diversas cidades paraibanas acompanhando e fotografando as atividades desenvolvidas pela Fundação. Também integro a equipe do Moçada Que Agita, de Anchieta Maia, e realizo assessoria de imprensa para diversos artistas da cena paraibana. E nos últimos cinco anos tenho gerado conteúdo para o Fest Aruanda, onde também atuo como mestre de cerimônias. É um dos maiores festivais de cinema do Nordeste! Isso é uma honra!!! Atualmente, também meu blog ‘Clape Clape Clape’ no portal T5 e minha coluna de cinema na Band News (com inserções diárias).

Espaço K – Você é um profissional que valoriza muito os artistas locais – temos muita coisa boa por aí?

Jãmarrí Nogueira  – Temos muita coisa boa! E digo mais: há muita coisa que nem a gente que garimpa consegue acessar… Estou sempre buscando conhecer artistas paraibanos que estão fora do mainstream. E são muitos! Tento abrir espaços para esses talentos e estou certo de que a Internet é uma porta larga para que a cena não seja apenas o mainstream.

Espaço K – Tem lido bons livros, faz caminhadas, dorme tarde?

Jãmarrí Nogueira  – Estou relendo ‘Torto arado’, de Itamar Vieira Júnior. Um livro essencial para a discussão sobre racismo e escravidão. Iniciei minha leitura de ‘O avesso da pele’, de Jefferson Tenório. É outro livro que aborda o racismo.  Essas duas publicações são vencedoras do Prêmio Jabuti. Também estou relendo ‘A arte da crítica’, livro que recebi do mestre Luiz Zanin Oricchio. Ler é essencial para o nosso desenvolvimento. Leitura não só e livros, mas de mundo… Sempre gostei de esportes. Já pratiquei muita coisa… karatê, jiu-jitsu, vôlei, futebol… E depois dos 50 anos passei a me preocupar mais com a saúde. Retirei o açúcar da minha vida e tenho tentado seguir uma dieta mais saudável. Perdi mais de 20 quilos e tenho frequentado academia com mais regularidade. Infelizmente, durmo pouco. E acordo muito cedo!

Espaço K –  Como é que a gente termina essa entrevista?- Jãmarrí é o hoje o que queria ser, quando era criança?

Meu sonho era ser jardineiro. [risos] Lidar com plantas era algo mágico. Também pensei em ser músico, depois de ouvir ‘Cinema transcendental’, de Caetano Veloso, e ‘Realce’, de Gilberto Gil’. Também sonhei com a possibilidade de ser caixa de supermercado. Que surreal! [risos] Isso porque imaginava que os caixas tinham poderes sobrenaturais ao registrar os valores dos produtos sem nem olharem para a máquina que estavam operando. Na época ainda não existia o código de barras. Mas os caetânicos livros que em minha vida entraram enquanto eu tropeçava nos astros mudaram meus sonhos. Logo dei como certo de que gostaria de trabalhar com a palavra. E não demorou muito para que escolhesse o jornalismo. Minha infância no bairro da Torre me deu régua e compasso para aquilo que me tornei. Fico feliz com a transmutação de meus sonhos. Essa transmutação permite que a gente esteja aberto a novas experiências, como atuar em um longa-metragem, ao lado de Fernando Teixeira. [risos] É um filme feito na Paraíba, com direção de Silvio Toledo – ‘Operação borboleta’ – e que deve estrear ano que vem. Estou louco para ver o resultado desse longa. E ainda mais louco para sonhar os sonhos que ainda não sonhei…

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