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Jornalista Abelardo Jurema destaca “Projeto K” em sua coluna de A União

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publicado em 23/01/2024 às 09h41
atualizado em 23/01/2024 às 07h12

Projeto K – O jornalista Abelardo Jurema em sua coluna no Jornal A União desta terça-feira (23) destacou o trabalho do “Projeto K”. do jornalista Kubitschek Pinheiro, editor de Cultura e de Opinião do MaisPB  – O “Projeto K Cidade Abandonada, Destruida e Revitalizada” teve inicio em novembro de 2023. Já são inumeras postagens no Instragram  @kubipinheiro – do Porto do Capim ao centro da capital, bairros de Jaguaribe (o que mais tem obras abandonas) Tambiá, Cruz das Armas, Miramar entre outros.  

Abelardo Jurema Filho

A minha primeira e principal referência em João Pessoa era um grande casarão azul e branco, de arquitetura colonial, que ainda existe na rua Capitão José Pessoa, em Jaguaribe, onde funciona a sede do Sindicato dos Trabalhadores da Cagepa, o Stipdase, uma forte organização sindical. Ali, naquele endereço considerado nobre, onde predominava a aristocracia da sociedade da época, residiam os meus avós, o “coronel” Oswaldo Pessoa e d. Maria das Neves, ele irmão do presidente João Pessoa e ex-prefeito da Capital, de quem eu, ainda criança, era hóspede habitual durante as férias escolares que, naqueles tempos, duravam três longos meses.

Ainda hoje tenho vontade de entrar pelos seus jardins, de revisitar os seus ambientes, como se ali estivessem os seus antigos moradores e fosse possível encontrar vestígios de um passado remoto e tão marcante. Quando fecho os olhos, ainda posso ver o meu avô, de bengala e terno branco, a descer as suas escadas, ou sentir a presença da minha avó com uma delicada rede na cabeça a segurar-lhe o penteado, numa cadeira de balanço na varanda, a conversar com as suas amigas ou apenas a contemplar o tempo.

Essas recordações me vieram à tona esta semana ao assistir um vídeo produzido pelo atilado jornalista Kubitschek Pinheiro, postado nas redes sociais, que, por iniciativa própria, decidiu promover o levantamento do acervo patrimonial e cultural da cidade através das mansões abandonadas em diversas áreas do nosso Centro Histórico, muitas delas remanescentes do século 18, ainda durante o Império, que guardam um dos períodos mais ricos e representativos do nosso país.

O projeto K, desencadeado pelo faro de repórter do inquietante Kubitschek, o tem levado a descobrir verdadeiros tesouros desprezados pela sociedade paraibana e pelos órgãos públicos igualmente responsáveis pela sua preservação. O casario da João Machado, da balaustrada da rua das Trincheiras, da Maximiano Figueiredo; os imóveis do Varadouro , da general Ozório e da Duque de Caxias, entre outras áreas que revelam o passado da cidade, fazem parte desse trabalho que vem alcançando extraordinária repercussão.

Essa iniciativa de um cidadão comum, preocupado com os destinos de sua urbe, alerta os poderes públicos da necessidade premente de se voltar para a recuperação desses prédios, tão emblemáticos e inspiradoras, como forma de projetar o futuro. Ao invés da construção dispendiosa de conjuntos habitacionais, de investir pesados recursos em obras faraônicas no litoral, o momento é de se pensar como restituir a paisagem que nos foi arrebatada e ameaçada de extinção.

Que o olhar sensível e de longo alcance de Kubitschek Pinheiro motive o Governo do Estado, a prefeitura de João Pessoa e outras entidades públicas e privadas a reverem os seus conceitos, projetos e investimentos, contribuindo para que a capital paraibana, a terceira cidade mais antiga do Brasil, não sinta vergonha de ser vista e criticada no resto do país pelo descaso e falta de compromisso com a sua própria história.

O tema nos remete à uma inscrição pintada numa das arquibancadas do Estádio Nacional Julio Martínez Prádanos, em Santiago, no Chile: ” un pueblo sin memoria es un pueblo sin futuro”.

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