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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Uma coisa repentina

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publicado em 15/04/2023 às 07h00
atualizado em 14/04/2023 às 19h29
MAGAZINE SUBJECT ON THE COLLEGE DE FRANCE April 5, 1992

Ainda me vejo jovem, perpetuamente a caminho de um destino óbvio – a velhice.

Ainda me espanto com as progressivamente desmioladas curtições dos trópicos.  Se você quer ser tudo, não será nada. São os ossos do ritmo. Geral miniatura.

Quase sempre estão apagadas as pessoas que não vejo mais, não que elas precisem ser lembradas, pois, são mortais por natureza: seja na praia, nos sinais fechados, no Pedra do Reino, nas ruas e palácios.

Eu prefiro apagar as luzes, ver um filme e fazer uma live voz & violão com os meninos da Mangueira, Alex e Francisco.

Pessoas desaparecem. As tóxicas são devoradas. Ou surgem ostentando um ar antigo, roupa anacrônica, (ainda de máscaras) e penteados fora de moda – homens de cabelos brancos enormes, quase centauros, e mulheres de qualidades sensíveis, como dizia Levi-Strauss. Nunca transgrediram.

Vamos mudar de assunto.

Uma mulher falando com a boca cheia, (o marido filma e posta) comendo o acarajé da Joseane, disse que odiou meu romance, que era muito pornográfico. No próximo livro vou escrever sobre o silencio de nós 2 a se revelar. Aqui é o fim do mundo?

Entre o ridículo e o brilhante reluzem os corcundas. Não têm destinação.

Acho este texto excelente. Não este, mas o que escrevi em 1980: “Toalhas Inteiras Transformadas em Florestas de Papel”. Eu sei que não morrerei apenas como leitor.

Vamos mudar de assunto.

De manhã, palavras fortes. Sobretudo, o silêncio.

Palavras, cantorias para embalar crianças, palavras que meu pai não teve tempo para deixar.

Palavras e cosmologias, rebentação.

Cálice, cálice, kálice.

Palavras detonam e com elas a urgência de qualquer coisa que deve ser a novidade sem vã sentido.

O meu pai com a camisa azul de manga curta, minha mãe com o cassaco de frio, no sereno.

Meu pai, o modo que ele tinha de atirar ligeiramente os pés para a frente, ao andar. Sem dúvida, uma experiência que trago comigo.

Kapetadas

1- É tanto pet com tanto conforto e bons tratos que agora os sem-teto clamam por uma noite de cão.

2 – A melhor época da vida é qualquer uma em que não ficamos apontando a melhor época da vida.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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