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Jornalista, cronista, diácono na Arquidiocese da Paraíba, integra o IHGP, a Academia Cabedelense de Letras e Artes Litorânea, API e União Brasileira de Escritores-Paraíba, tem vários publicados.

A Igreja e o livro  

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publicado em 25/01/2023 às 07h00
atualizado em 24/01/2023 às 18h23
 

 

A leitura é o caminho para as conquistas pessoais e espirituais.  

Partindo do princípio de que a Igreja deve estar ao lado do povo, ouvindo seus anseios e reunindo todos para caminhar irmanados, partilhando as alegrias e as ansiedades, fazendo chegar o livro às mãos de crianças e adultos, é uma das primícias de elevado conteúdo que ajudará a atingir objetivo de elevado valor humano. 

O hábito da leitura não deve ser apenas estimulado na escola, o que nem sempre acontece com a ênfase necessária, mas é em casa onde tudo começa. Justamente nesse ponto é que deveria entrar a participação da Igreja, com o estímulo às famílias para o hábito da leitura, inclusive começando pelas crianças. Ajudar a acessar o livro, instalando bibliotecas em suas dependências e promover campanhas educativas nessa direção seria um caminho a percorrer. 

Como poderia acontecer isso? Bastante simples. Começando na catequese com crianças. Pelo menos assim imagino. Na conversa com os pais, no diálogo com as crianças o livro seja um instrumento presente. Todos esses momentos, suponho, são oportunos para estimular o acesso à leitura.  

Como isso será ministrado, não vejo tanta dificuldade, afinal, todos trabalham com o manuseio da palavra. A palavra oral e escrita. Então, como parte dos ensinamentos propostos como formação do catequizando, oferecer condições para que exercitassem a leitura seria um caminho para se criar amor ao livro, o gosto pela leitura.  

Todos sabemos que pela leitura é possível se descobrir valores humanos, verdadeiros tesouros guardados que precisam de oportunidades para expor talentos.  

Nossa Igreja tem bom material de apoio às crianças quando se trata de oferecer aprendizado básico sobre religião, princípios éticos e morais, que mostra como deve se comportar um cristão.  

Imagino um dia em que nos salões paroquiais existiam bibliotecas, bastantes livros de todos os gêneros, abertas às mentes e corações. As mãos que purificam o vinho e o pão também transformando o livro em alimento para o espírito, ajudando a transformar vidas humanas e pessoas em verdadeiros santuários do Espírito Santo.    

É do conhecimento de que a Igreja, desde os tempos da concepção da prensa por Gutemberg – que permitia imprimir textos -, foram adotadas práticas de repulsa a certas obras literárias. Obras somente eram publicadas após aprovação de um bispo que conferia o selo de imprimatur (“seja impresso”). 

Para ficar no campo da ficção literária, cito apenas obras de Victor Hugo, escritor francês que teve as obras Os Miseráveis e O Corcunda de Notre-Dame censuradas.   

O livro Os Miseráveis aponta o governo como opressor e a adversidade da sociedade. Já O Corcunda de Notre-Dame mostra o desfigurado Quasímodo sendo avaliado pela aparência física. As obras eram consideradas sensuais e apontavam a diferença social.

Outro francês – Alexandre Dumas, também tinha suas obras censuradas, como O Conde de Monte Cristo, cujas personagens se envolvem em suicídio, adultério e consumo de haxixe.

Se aconteceu isso no passado, bem recente Leonardo Boff teve seu livro Igreja: Carisma e Poder, por defender a teologia da libertação, igualmente censurado, passando a viver “um silêncio obsequioso”.  

Sem esquecer a história, passemos a estimular a leitura. Mesmo sem observar as posições adotadas no passado, a Igreja pode contribuir de maneira significativa para que o livro possa chegar às mãos de crianças e adolescentes. 

  

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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